terça-feira, fevereiro 16, 2016

Carta enviada há 145 anos de Paris aparece na Austrália

Carta enviada por um homem de Paris à sua mãe durante o cerco prussiano, em 1870, e encontrada nos Arquivos Nacionais da Austrália  (Foto: AFP Photo/HO/National Archives of Australia)Uma carta de um filho à sua mãe, enviada de Paris em um balão aerostático durante o cerco prussiano, em 1870, apareceu nos Arquivos Nacionais da Austrália, que anunciaram, nesta terça-feira (16), o desejo de
pesquisar o destino desta família.
Durante a Guerra Franco-Prussiana, os alemães cercaram quase totalmente a cidade de Paris durante mais de quatro meses, no fim de 1870.
Naquela época, os balões eram a única forma de enviar correspondências entre Paris e o resto da França. Foram executados dezenas de voos, sobretudo pela noite, o que permitiu a distribuição de milhares de cartas.
Uma delas foi descoberta nos Arquivos Nacionais da Austrália. A carta foi escrita em francês no dia 6 de dezembro de 1870 por um homem chamado Charles Mesnier (ou Mesmier) à sua mãe, cujo endereço era a casa do senhor Grussin (ou Grossin), no número 8 da Plaza de la Villa, em Pont-Audemer, na Normandia.
"É um elemento humano intrigante em um momento importante da História", comentou à AFP a diretora-geral adjunta dos Arquivos Nacionais australianos, Louise Doyle.
"Não estamos seguros de como (a carta) terminou na Austrália, mas seria fascinante saber mais detalhes", afirmou.

Envelope de carta enviada por um homem de Paris à sua mãe durante o cerco prussiano, em 1870, e encontrada nos Arquivos Nacionais da Austrália  (Foto: AFP Photo/HO/National Archives of Australia)Envelope de carta enviada por um homem de Paris à sua mãe durante o cerco prussiano, em 1870, e encontrada nos Arquivos Nacionais da Austrália (Foto: AFP Photo/HO/National Archives of Australia)

A carta foi transferida, em 2001, do Museu de Correios e Telégrafos de Queensland (nordeste) aos Arquivos Nacionais da Austrália. Foi encontrada agora, durante um projeto em conjunto com os Arquivos Nacionais franceses.
Segundo Doyle, a carta foi enviada em 7 de dezembro e chegou a Pont-Audemer no dia 16 do mesmo mês.
Na escrita, cheia de entusiasmo, o homem tranquiliza sua mãe contando que se encontra bem de saúde.
"Querida mãe, todos os dias espero receber notícias suas e da família, mas ainda não recebi nada", começa a carta.
"Até agora, o cerco não afetou o estado de nossa saúde", assegura. "Não temos carne todos os dias, e, quando nos servem, não é em muita quantidade, mas nos adaptamos facilmente a este estado das coisas", afirma Mesnier.
Um depoimento que contrasta com a realidade histórica de um inverno especialmente rigoroso e de uma fome agravada que fez com que os mais pobres comessem carne de gato, cachorro e ratos para sobreviver.

Trecho de carta enviada por um homem de Paris à sua mãe durante o cerco prussiano, em 1870, e encontrada nos Arquivos Nacionais da Austrália  (Foto: AFP Photo/HO/National Archives of Australia)Trecho de carta enviada por um homem de Paris à sua mãe durante o cerco prussiano, em 1870, e encontrada nos Arquivos Nacionais da Austrália (Foto: AFP Photo/HO/National Archives of Australia)

A carta é constituída por somente uma folha amarela, de 20x13cm, com aproximadamente 50 linhas escritas a mão, bem regulares e compridas. A folha foi dobrada várias vezes para que coubesse em um pequeno envelope, onde vai um selo, um carimbo postal e a menção "par ballon monté" (por balão aerostático).
"O desejo de expulsar os prussianos é, hoje, o único pensamento de Paris. Sofreremos tudo antes que as portas da capital sejam abertas", escreve Mesnier esperançoso.
Seu entusiasmo, contudo, será freado. Após uma intensa campanha de bombardeios, o governo da defesa nacional francesa assinará, em janeiro, o armistício, e a Comuna de Paris evoluirá para um contexto social muito mais tenso do que conta Mesnier.

Fonte: G1

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