quinta-feira, agosto 06, 2015

Esperança de ouro olímpico, Cielo tem sua pior temporada em oito anos

Cielo lamenta a sexta colocação nos 50 m borboleta no Mundial de KazanA saída do Mundial de Kazan dois dias antes das eliminatórias dos 50 m livre, prova da qual é tricampeão e recordista mundial, praticamente findou o pior ano de Cesar Cielo
desde que o nadador surgiu como uma realidade no Pan do Rio-2007.

O nadador deixou a cidade russa na manhã desta quarta-feira (5), depois de a direção da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) acatar sugestão médica e retirá-lo da competição. Ele chegou a São Paulo na madrugada desta quinta (6).

É o primeiro Mundial desde a edição de Roma-2009 em que o principal nadador brasileiro sai sem medalha.

Segundo o médico Gustavo Magliocca, foi constatado, em ultrassom feito na terça (4), que a lesão no tendão supraespinhoso do ombro esquerdo de Cielo, detectada em julho, não era tão leve.

O paulista ficará até três meses fora de ação e recorrerá à fisioterapia para se reabilitar. Um exame de ressonância será feito para obter mais detalhes do quadro.

"A inflamação estava comprometendo outros tendões. A decisão foi mais médica do que da comissão técnica e do atleta", disse Magliocca.

Além da questão física, o baque do velocista teve muito a ver com o lado psicológico. O nadador estava inseguro desde a chegada a Kazan, após não extrair o máximo do período de preparação em Eindhoven, Holanda, ao lado do técnico, Arilson Silva.

Ambos consideravam o Mundial o principal desafio no ano e abdicaram do Pan de Toronto por causa disso.

Nos rápidos contatos com a imprensa na Rússia, Cielo queixou-se de que não estava bem e tampouco confiante. Se comparou a um carro de F-1 que não está acertado.

Nesta temporada, ele foi um arremedo de si mesmo. Nas cinco competições que disputou, colecionou insucessos. Baixou dos 22s nos 50 m livre só uma vez em quatro torneios e nadou apenas duas vezes os 100 m livre.

Curiosamente, ele terminou 2014 com boas marcas no Torneio Open, no Rio: 21s60 nos 50 m, 48s58 nos 100 m e 22s91 nos 50 m borboleta —marca que lhe daria ouro em Kazan.

Também trouxe cinco medalhas do Mundial em piscina curta (25 m) de Doha, no Qatar, em dezembro. No país árabe, ele chegou a vencer o seu arquirrival, o francês Florent Manaudou, nos 100 m.

Nos sete meses que se seguiram, a maré virou, muito por causa de decisões pessoais. Cielo montou uma equipe multidisciplinar exclusiva e, com Arilson Silva, chegou ao seu quarto técnico desde 2012.

Também descobriu no início do ano que seria pai, do relacionamento com a modelo Kelly Gisch. O menino deve nascer no final de setembro e, antes de embarcar para a preparação final para Kazan, Cielo estava às voltas com a arrumação de novo apartamento, em São Paulo.

Já na Rússia, o acúmulo de pressão explodiu sobre seus ombros entre domingo (2) e segunda-feira (3), dia de disputas dos 50 m borboleta. Ele era o atual bicampeão, porém se sentiu pouco à vontade.

Avançou com tempos fracos à final, em que terminou na sexta colocação entre oito finalistas –ainda viu Manaudou conquistar o ouro.

Para o técnico-chefe da equipe masculina, Alberto Silva, o corte do principal nadador do país foi "desagradável", mas preciso. "O entendimento geral do estafe que estava aqui era o de que ele cuidasse disso em casa".

Nadadores e membros da comissão técnica que não participaram do corte foram pegos de surpresa com o anúncio da saída do nadador.

Fonte: Folha de São Paulo

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