sexta-feira, março 06, 2015

'Prisão de no máximo 30 anos', quer advogado de americano preso no RN

Americano foi detido dentro de um condomínio (Foto: Daniel Costa/G1)O advogado Lucas de Brito, que defesa o líder religioso Victor Arden Barnard, de 53 anos, disse que ainda aguarda manifestação do Supremo Tribunal Federal sobre a extradição do americano. Assim que o processo for instaurado, ele revelou ao G1 que vai pedir à Corte
brasileira que imponha uma condição para que o acusado deixe o país. Como em Minnesota existe a pena de prisão perpétua, “Bernard não poderá passar mais que 30 anos na cadeia caso seja condenado, pois esta é a pena máxima no Brasil", afirmou o intercessor.
Barnard foi preso na noite da última sexta-feira (dia 27 de fevereiro) em um condomínio de alto padrão na praia da Pipa. Apontado com um dos 15 homens mais procurados pela agência U.S. Marshal, organização policial americana responsável pela busca e captura de foragidos internacionais, e também pela Organização Internacional de Polícia Criminal, mundialmente conhecida como Interpol, ele responde a 59 acusações de abusos sexuais contra crianças e adolescentes, crimes que teriam ocorrido entre os anos de 2000 e 2012 no estado americano de Minnesota, onde fundou o acampamento religioso River Road Fellowship.
Ainda de acordo com o advogado, o americano nega as 59 acusações de abuso sexual contra crianças e adolescentes. "Ele disse que não cometeu crime nenhum, e que os seguidores dele, inclusive, irão testemunhar a seu favor", acrescentou o advogado.
Lucas de Brito também defende a brasileira Maria Cristina Cajazeiras Liberato. A mulher, que tem 33 anos e é natural de Sobral, no estado do Ceará, foi detida juntamente com Barnard. “Ela foi autuada por favorecimento pessoal. Como é um crime de baixo potencial ofensivo, ela assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência e foi liberada para responder ao processo em liberdade”, acrescentou.
Visita
A única pessoa a visitar o americano até o momento foi Maria Cristina. "Ela trouxe comida para o Barnard. Mas não pôde entregar porque aqui não aceitamos nada que venha de fora. Mas permitimos que ela deixasse um livro com ele. Não é uma bíblia. Acho que é um livro sobre autoajuda, algo dessa natureza", ressaltou o delegado federal Kandy Takahashi, superintendente da PF no RN.
Takahashi confirmou também que Maria Cristina já havia residido com Barnard no estado americano de Minnesota, onde ele fundou a seita, e contou que a casa no condomínio na praia da Pipa, onde o casal foi encontrado, está no nome dela.
A prisão
A prisão de Barnard aconteceu depois que a Polícia Federal percebeu que havia uma rota de viagem dos EUA para o Rio Grande do Norte, especialmente de pessoas que alegavam estar no Brasil para fazer turismo na praia da Pipa. "O americano entrou no Brasil legalmente. Isso precisa ficar bem claro. Somente em 2014, quando um mandado de prisão foi expedido, foi que ele passou a ser procurado. De 2010 até ele ser preso, ele chegou a renovar o visto dele uma vez, quando ele foi ao Uruguai e voltou ao Rio Grande do Norte, e uma segunda vez. Agora, quando foi preso, o visto dele já estava vencido, isto é, ele já estava aqui como um clandestino", revelou Takahashi.
O tenente da Polícia Militar Daniel Costa, que participou da prisão do americano, contou ao G1 que o estrangeiro foi encontrado por volta das 21h em uma casa dentro de um condomínio na praia da Pipa, que fica no município de Tibau do Sul. Escrituras, documentos, agendas, computadores, pendrives, aparelhos e chips celulares foram apreendidos e levados para a sede da Polícia Federal.

Repercussão
A prisão de Barnard repercutiu em alguns dos mais conceituados veículos de comunicação dos Estados Unidos. A versão on line do News York Times ressaltou que Barnard, preso na superintendência da Polícia Federal, em Natal, aguarda a extradição para enfrentar as acusações nos EUA. O mesmo foi publicado na página do Whashington Post. Ambos também trazem uma declaração dada ao Minneapolis Star Tribune por uma das seguidoras do acusado. "Ele arruinou mais vidas. Esse homem é o diabo encarnado", disse Cindi Currie.
'Jesus na carne'
De acordo com a imprensa americana, Victor Barnard começou a ser investigado em 2012 no estado americano de Minnesota, quando duas de suas seguidoras resolveram denunciá-lo. Uma delas alegou que vinha sofrendo abusos sexuais desde os 12 anos. Outra, desde os 13 anos, quando ela e a família se juntaram a uma igreja chamada 'River Road Fellowship'. Autoridades disseram que a congregação é um desdobramento do 'The Way International', grupo que se autodenomina cristão.
Em julho de 2000, Barnard criou um grupo de jovens meninas chamado de "Maidens" ou "Alamote", segundo a denúncia. O grupo, que tinha 50 membros, pregava que as meninas deveriam permanecer virgens e nunca se casar.
Na época, ainda de acordo com a denúncia, Barnard pregava que ele próprio representava “Jesus na carne”, e que para ele era normal fazer sexo com suas seguidoras, uma vez que “Cristo tinha tido relações com Maria Madalena e outras mulheres que o seguiam, assim como o rei Salomão havia dormido com muitas concubinas”.
Em 2011, o grupo liderado por Barnard se mudou de Minessota para o estado de Washington. Em novembro de 2012, após ser condenado, a polícia foi atrás de Barnard, mas ele não foi localizado.

Fonte: G1

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