O comprometimento das reservas hídricas do Rio Grande do Norte e as políticas de enfrentamento à estiagem foram temas de uma audiência pública na Assembleia
De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), José Mairton França, o Governo do Estado já traçou um plano de enfrentamento à seca para tentar mudar a realidade de milhares de potiguares. O plano, apresentado à Secretaria Nacional de Infraestrutura Hídrica e ao Ministério da Integração, prevê ações de curto, médio e longo prazo.
“Para aplicar nosso plano de enfrentamento, precisamos de apoio financeiro do Governo Federal, tendo em vista a necessidade de recursos que o Estado não dispõe. Estivemos em Brasília no último dia 30 de fevereiro e estamos esperando ansiosamente a aprovação das cifras para iniciarmos os trabalhos”, contou José Mairton.
O secretário da Semarh não soube especificar o valor total do recurso necessário para aplicação do plano. Segundo ele, os custos de materiais, equipamentos e serviços estão mais caros em todo o país, dificultando o fechamento da planilha. “Mas, para se ter uma ideia, estamos prevendo um gasto de mais de R$ 6 milhões só na aquisição de carros-pipa. E essa é só uma das nossas necessidades”, declarou.
A compra de carros-pipa está dentro das ações de curto prazo e servirão para atender as áreas urbanas do Estado que estão precisando de abastecimento. “As áreas urbanas não são atendidas pela operação carro-pipa, conduzida pelo Exército, porque o projeto do Ministério da Integração só contempla área rural. Queremos ampliar esse acesso de carros-pipa e o Ministério ficou de enviar técnicos para analisar essa necessidade”, explicou Mairton.
Dentro das ações de médio prazo, o Estado está planejando a retomada de obras inacabadas, como é o caso da finalização do sistema adutor do Alto Oeste. Com o fim da obra, 26 municípios da região passaram a ser atendidos com o abastecimento de água.
“Desses 26 municípios, dez estão em colapso de água. Daí a importância de retomar essa obra. Já conseguimos um complemento financeiro para essa obra e estamos preparando um relatório para apresentar ao ministro da Integração. Será necessário cerca de R$ 10 milhões para finalizar a adutora do Alto Oeste”, comentou o titular da Semarh.
Ainda nas ações de médio prazo, há planejamento para perfuração de novos poços e instalação de mais de mil poços já perfurados. O projeto de longo prazo prevê a conclusão da Barragem de Oiticica. A previsão de José Mairton França é de que a obra seja concluída em junho de 2017.
Chuvas abaixo do esperado
Durante a realização da audiência pública, o meteorologista Gilmar Bistrot, da Emparn (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte), destacou que a previsão de chuva para os meses de março, abril e maio estão em nível normal a abaixo para o período. “Observamos mudanças no cenário do oceano, mas nada que possa provocar mudança significativa”, disse.
Segundo Gilmar, essa previsão deve satisfazer a agricultura, que não precisa de muitos recursos hídricos para produzir, mas preocupa quanto à situação das reservas hídricas de todo o Nordeste. Para recuperar boa parte dos mananciais, seria necessário um acúmulo de 1.000 mm de chuva nos próximos três meses.
“Os mananciais do RN e de todo o Nordeste estão bastante baixos e a previsão de chuvas não traz uma recarga satisfatória dos mananciais. Isso precisa ser administrado pelas autoridades e órgãos especiais, para que haja sobrevida e prolongamento do uso dessa água ao longo dos próximos meses”, destacou o meteorologista.
Apesar da necessidade de política pública de enfrentamento à seca, Gilmar Bistrot lembra que a escassez de água “é um problema de toda a sociedade”. “Não é só o Governo que deve atentar para o problema. O problema é da sociedade. Se houver uma boa operacionalização da água que ainda resta e o uso consciente pela população, a situação da seca não é tão grave assim”.
Deputado cobra otimização de recursos
O deputado Hermano Morais (PMDB), propositor da audiência pública, esclareceu que a Assembleia Legislativa irá cobrar ao Governo do Estado o cumprimento de políticas públicas de enfrentamento à estiagem e exigir a otimização na aplicação dos recursos existentes.
“A crise econômica está atingindo a todos os setores da sociedade e com o poder público não é diferente. Porém, entendemos que há prioridades para aplicação do recurso existente e as ações de enfrentamento à seca são uma delas”, disse. “Vamos acompanhar os gatos públicos e cobrar pela boa aplicação dos recursos”, comentou.
Fonte: Portal JH
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