quinta-feira, janeiro 08, 2015

Casal de estrangeiros foi interrogado por 8 horas sobre morte de italiana em Jericoacoara

Gaia Molinari foi encontrada morta no dia 25 de dezembro, em Jericoacoara (FOTO: Acervo pessoal)Um casal de estrangeiros que estava no mesmo ônibus que levou Gaia Molinari e Mirian França de Fortaleza a Jericoacoara foi interrogado pela polícia ao retornar
à capital cearense. Segundo o uruguaio Rodrigo Sanz, ele e sua namorada foram detidos pela polícia cearense quando seguiam para Fortaleza e tiveram que prestar depoimento por mais de 8 horas até ser liberado, além de serem pressionados a ceder material para exame de DNA.

Conforme contou ao Extra, Rodrigo e sua namorada conheceram Gaia e Mirian no dia 21 de dezembro de 2014 no ônibus que levou os quatro de Fortaleza para Jericoacoara, onde eles desejavam passar as festas de fim de ano. “A minha namorada é francesa, e Gaia a ouviu falando francês. Como ela tinha morado na França, puxou assunto com a gente. Perguntou se falávamos francês e iniciamos uma conversa, que durou cerca de 20 minutos. Chegamos em Jericoacoara e fomos cada um para a sua pousada”, relata.

Dois dias depois, o casal de estrangeiros encontrou Gaia em uma das praias de Jericoacoara e após conversarem combinaram um jantar. O uruguaio afirmou que este foi o último contato que tiveram com a italiana. “Encontramos a Gaia na praia e conversamos mais um pouco. Ela e a minha namorada conversaram por cerca de meia hora e trocaram telefones. Ela (Gaia) disse: ‘Vamos comer algo um dia desses?’. Nós aceitamos. No dia 24, ela nos mandou uma mensagem, perguntando se aceitaríamos jantar às 20h. Só vimos a mensagem depois das 20h e perguntamos se ela não poderia mais tarde. Ela nunca mais respondeu. Pensamos que ela estava ocupada ou até que tinha viajado para outra cidade e seguimos viagem”,explica.

Rodrigo e a namorada seguiram com a programação de viagem até retornarem para Fortaleza, no dia 1º de janeiro de 2014. Aproximadamente 20 minutos após embarcar em um ônibus, o veículo foi parado por policiais que procuravam pela namorada de Rodrigo. “O ônibus estava cercado por policiais. Pediram que ela descesse e eu perguntei o que estavam acontecendo, falei que eu estava com ela. Nos pegaram, pegaram nossas coisas e colocaram em um caminhão. Começaram a perguntar se a gente conhecia as duas e dissemos que conhecemos em um ônibus. Foi aí que nos contaram que ela tinha morrido. Ficamos em choque”, relatou.

Interrogatório
De acordo com o uruguaio, o casal foi interrogado por agentes em três delegacias do Ceará, sendo transportados em um camburão. O local do deslocamento foi registrado através de uma fotografia feita no celular de Rodrigo, que não foi apreendido pela polícia. Cerca de oito horas depois um policial informou que eles teriam que seguir para Fortaleza, local onde a investigação estava sendo realizada. “Nos levaram para uma sala com três policiais. Separaram eu e minha namorada em duas salas e começaram a fazer perguntas. Parecia que queriam que a gente confirmasse de qualquer maneira que a Mirian tinha matado a Gaia”, disse Rodrigo.

O uruguaio contou que os policiais insistiam em saber se Mirian e Gaia eram um casal e afirmou que os agentes insinuaram ainda que a própria namorada dele estava envolvida em um triângulo amoroso com Gaia Molinari e Mirian França. “Me perguntaram se eu sabia se as duas tinham uma relação homossexual. Eu disse que não, que só tive um contato de 20 minutos com as duas e que não tinha como dizer isso. Foi quando eles perguntaram se a minha namorada também não tinha uma relação homossexual com as duas. Eu disse que não, mas eles ficaram insistindo. Disseram que sabiam que a Mirian estava mentindo e que foi ela que matou a Gaia”, descreve.

Por fim, Rodrigo relata que  ele e a namorada foram pressionados a ceder material para exame de DNA. O casal, que vive em Barcelona, na Espanha, só foi liberado após assinar uma declaração de que ficaria à disposição para novos esclarecimentos. A Polícia Civil do Ceará informou que o casal de turistas estrangeiros, assim como várias outras pessoas, foi conduzido à Delegacia de Proteção ao Turista (Deprotur) na condição de testemunha e após o procedimento, os dois foram liberados.

“Disseram que teriam que recolher material de DNA nosso. Estávamos com três pessoas armadas em uma sala, em um país que não conhecemos. Não tínhamos escolha, tivemos que aceitar. Pegaram minha saliva para fazer o exame. Nos mandaram assinar uns papeis, prometendo que ajudaríamos nas investigações, e nos liberaram. Voltamos para Barcelona no dia 3 de janeiro”, conclui.

Entenda o caso

Gaia e Mirian estavam hospedadas no mesmo albergue, no Centro de Fortaleza, viajaram a Jericoacoara em 21 de dezembro e pretendiam retornar na véspera do Natal. Quando foi encontrada, em 25 de dezembro, na Região do Serrote, próximo ao ponto turístico da Pedra Furada, a italiana vestia biquíni e estava com mochila nas costas. Ela foi morta por asfixia mediante estrangulamento, de acordo com o laudo da necrópsia realizado no Instituto Médico-Legal de Sobral. Gaia apresentava lesões na cabeça e arranhões pelo corpo. Segundo o Vice-Cônsul da Itália em Fortaleza Roberto Misici, o corpo de Gaia Molinari deve ir à Itália entre os dias 13 ee 14 de janeiro.

Fonte: Tribuna do Ceará

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