domingo, janeiro 04, 2015

Atingidos por queda de jato esperam por indenização

A dona de casa Wanda Bittencourt, 49, em sua casa destruída pelo acidente do jato que levava o candidato Eduardo Campos e mais 6 pessoas no último dia 13 de agostoAs roupas e os sapatos de Ivone Martinez, 68, ficaram espalhados por três casas diferentes em Santos
(SP) durante quase cinco meses.

No último dia 27, ela finalmente conseguiu voltar para o apartamento em que vivia antes de o jatinho que levava o candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, 49, cair no terreno ao lado de seu prédio em agosto. Os sete passageiros do avião morreram.

Nesse período, Ivone ficou nas casas de três filhos —uma nos EUA—, e de um irmão.

Uma academia e o condomínio Jandaia, onde fica o apartamento de Ivone, foram os prédios mais danificados pelo acidente, que afetou mais de dez imóveis.

Assim como seus vizinhos, ela ainda espera ser indenizada pelos donos do avião. Parte dos moradores reclama da falta de diálogo com eles.

Até agora, apenas um deles conseguiu fazer um acordo para ser ressarcido pelos danos causados na queda.

O sobrado da idosa Shizuko Shiroma, 91, na rua Alexandre Herculano, está sendo reformado após um acordo extrajudicial, firmado em outubro com os donos do avião, os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira.

Segundo a aposentada Julia Nagamine, 71, filha da dona do imóvel, somente a primeira das três parcelas do acordo —que cobrirá cerca de 90% do prejuízo calculado— foi paga até agora.

Mesmo assim, ela diz que a família terá de comprar eletrodomésticos e móveis com recursos próprios. "Só sobraram geladeira, fogão e o jogo de sala de jantar. Tudo o que estragou [bens pessoais] a gente abriu mão no acordo", diz Julia, que aguarda as parcelas restantes para finalizar as obras em 2015.

É necessário fazer o acabamento do telhado, pintura, reparos na parte elétrica e em rachaduras. Enquanto a reforma prossegue, a dona do sobrado está no apartamento da filha, no mesmo bairro.

Miriam Martinez, 70, irmã de Ivone, é síndica do condomínio Jandaia e diz que chegou a ser procurada pela seguradora da aeronave e por um advogado dos donos do avião, mas que nenhum acordo foi feito.

Com três blocos de quatro apartamentos cada um, o Jandaia está sendo reformado com os R$ 496 mil liberados pela seguradora do prédio. Mas, para a reforma completa, a administração estima precisar de mais R$ 200 mil.

Atualmente, só estão habitados cinco apartamentos no condomínio. O aposentado Celso Luiz Vanscek, 52, decidiu permanecer no prédio, mesmo com os problemas. Ele ainda aguarda a reforma.

"Perdi dois ventiladores de teto, uma cortina e uma cama. O meu quarto pegou fogo, e a parte elétrica da cozinha também se foi", conta.

AÇÃO JUDICIAL

A advogada Wanda Bittencourt, 50, que teve a casa na rua Alexandre Herculano atingida, resolveu pedir na Justiça para que o PSB pague sua reforma e os gastos com aluguel. Ela diz que foi orientada pelo próprio partido para ajuizar a ação.

A decoradora Zuleika Saibro, 45, que está pagando do próprio bolso um prejuízo de R$ 200 mil também cogita ação judicial. Sua casa teve rachaduras nas paredes, problemas no telhado, oito janelas de madeira quebradas e portão eletrônico destruído.

"Não paro de gastar", diz ela, que afirma não ter sido procurada por ninguém. "É um descaso. Ninguém vai pagar nada? Não é assim."

Para Benedito Juarez Câmara, 69, dono de uma academia na região do acidente, os advogados apenas fingem na imprensa que estão negociando com os moradores.

Ele continua usando espaços cedidos por amigos para trabalhar, mantém apenas um quinto dos alunos e demitiu dez funcionários.

Ivone Martinez teve que sair de casa após acidente, em agosto; só mês passado ela pôde voltar

Fonte: Folha de São Paulo

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