quarta-feira, setembro 24, 2014

Professora diz que teve trombose após usar pílula anticoncepcional

 http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/A professora universitária Carla Simone Castro, 41 anos, sofreu uma trombose venosa cerebral que, segundo diagnóstico médico, foi
causada pelo uso de uma pílula anticoncepcional. Após 20 dias sem poder levantar da cama, ela resolveu postar, no dia 9 deste mês, um vídeo nas redes sociais para contar aos amigos sobre seu estado de saúde e o que havia acontecido. A gravação repercutiu e já foi compartilhada mais de 125 mil vezes.
“Nunca imaginei essa repercussão. Pensei que tinha acontecido isso comigo só, mas vi que esses eventos não são raros. Já recebi mais de 300 depoimentos de pessoas que tiveram o mesmo problema e que tomavam as mais diversas marcas de anticoncepcional. Acredito que repercutiu porque meu alerta é que anticoncepcional não é água, não pode ser tomado indiscriminadamente”, disse Carla em entrevista ao G1.
Moradora de Goiânia, a professora começou a tomar o anticoncepcional Yasmin em janeiro deste ano para combater cólicas provocadas pelos miomas uterinos. Carla garante que, antes de usar as pílulas, fez todos os exames clínicos para verificar se não havia nenhum problema.
A professora se mudou em agosto para Brasília, após ser aprovada em um concurso para lecionar no Instituto Federal de Brasília (IFB). Com dores de cabeça e congestão nasal, ela procurou um otorrinolaringologista em 8 de agosto, que acreditou ser uma crise alérgica. No outro dia, Carla acordou com a visão duplicada e procurou outros médicos. Ela relata que foi avaliada por três neurologistas, fez duas tomografias e foi diagnosticada com crise de ansiedade. “Eu disse a um dos médicos: ‘Eu faço doutorado em psicologia, eu saberia diagnosticar uma crise’”, conta a professora.

Vídeo da professora Carla Simone Castro sobre o uso de anticoncepcional já foi compartilhado por mais de 122 mil pessoas em Goiás (Foto: Reprodução/ Facebook)Vídeo da professora já foi compartilhado por mais
de 125 mil pessoas (Foto: Reprodução/ Facebook)
A mãe de Carla a buscou em Brasília e a trouxe para Goiânia, onde a professora fez uma ressonância magnética e se consultou com o neurologista Gustavo Campos. O exame apontou que a paciente tinha trombose nas três principais veias do cérebro. A professora, que já havia perdido o movimento da perna direita e estava com a visão comprometida, sofreu uma convulsão no consultório médico e foi internada.
A Bayer HealthCare, laboratório responsável pelo Yasmin, informou, em nota, que a Comissão Européia concluiu, em janeiro deste ano, que a “possibilidade de tromboembolismo venoso, associada ao uso de contraceptivos hormonais combinados é baixa”. A companhia afirma que o contraceptivo é “aprovado por todos os grandes órgãos regulatórios mundiais, incluindo a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]” e que “mantém seu posicionamento de transparência na investigação minuciosa de relatos de efeitos adversos possivelmente relacionados a este produto”.
Carla já recebeu alta médica, mas continua com o tratamento. Para ela, tudo indica que o uso de anticoncepcional motivou a trombose. “Eu não apresentava nenhum fator de risco: não bebo, não fumo, não sou hipertensa, não tenho histórico familiar.  Então, foi a primeira pergunta que os médicos fizeram foi se eu usava anticoncepcional”, relata.
Fator de risco
O neurologista responsável pelo tratamento de Carla explicou ao G1 que estudos científicos apontam o uso de anticoncepcional aliado ao cigarro como uma das principais causas de trombose. “O medicamento pode alterar a coagulação sanguínea, predispondo a pré-formação de trombos, tanto cerebral, quanto em membros inferiores. Quando um trombo desloca, pode ir, por exemplo, para o pulmão e causar embolia pulmonar”, explica o médico.
De acordo com Gustavo Campos, ele já atendeu pelo menos dez pacientes com trombose cerebral causada pelo uso de anticoncepcional. Ele afirma que a doença é grave e a demora no diagnóstico pode levar o paciente à morte. “Não é um diagnóstico raro, mas é pouco frequente. Infelizmente, não há nenhum exame que comprove que o anticoncepcional causou a doença. Todo mundo tem esse risco, é inerente. Existem algumas pessoas que têm predisposição maior. É importante investigar antes de fazer uso”, alerta o neurologista.

Proibição de anticoncepcional na França gera alerta da Anvisa ao uso de pílulas no Brasil (Foto: Rede Globo)Outras mulheres denunciaram ter tido doenças
após o uso de contraceptivos (Foto: Rede Globo)
Novos casos
Devido à repercussão do caso de Carla, a professora recebeu centenas de depoimentos de mulheres que também tiveram alguma doença que estaria relacionada ao uso de anticoncepcionais. Para a paciente, os laboratórios consideram “raros” os casos porque eles não são contabilizados.
“Não há um cadastro nacional de pacientes, quantas mulheres tiveram trombose, tomavam anticoncepcional e não tinham fatores de risco. Quantas mulheres devem ter morrido na fila do SUS [Sistema Único de Sáúde] com trombose e embolia pulmonar causadas pelo uso de anticoncepcionais”, afirma a professora.
Uma das mulheres que procurou Carla é Simone Vasconcelos Fator, diagnosticada com embolia pulmonar pelo uso de anticoncepcionais. Juntas, elas criaram a comunidade “Vítimas de anticoncepcionais. Unidas a favor da vida” no Facebook. Criada há quase uma semana, a página já possui quase de 2,5 mil seguidores e conta com os depoimentos de diversas mulheres.
O objetivo do projeto, conforme a professora, é ajudar as pessoas que tiveram alguma enfermidade pelo uso de contraceptivo e alertar a população. “Pensamos em, depois de nos recuperarmos, chamarmos a atenção da Anvisa. Estamos questionando a segurança desses medicamentos. Queremos que eles sejam pedidos por receita médica, que tenham mais estudos sobre os riscos. O risco deveria vir estampado na embalagem, assim como nas campanhas de cigarro. Quantas pessoas vão ter que morrer para que isso ocorra?”, questiona a professora.
Procurada pelo G1 na manhã de terça-feira (23), a Anvisa não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

Carla e Simone criaram perfil no Facebook para reunir mulheres com o mesmo diagnóstico em Goiás (Foto: Reprodução/ Facebook)


Fonte: G1

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