quarta-feira, setembro 24, 2014

Polícia crê que jovem gay foi morto sozinho por rapaz com quem teve um ‘caso’

João Donati foi morto por asfixia, apontou laudo do IML. Foto: ReproduçãoTestemunhas disseram à Polícia Civil que o lavrador de 20 anos, preso suspeito de matar o jovem João Antônio Donati, 18, cometeu o
crime sozinho, em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia. “Todos os relatos, por enquanto, reforçam o indício de que ele matou a vítima sozinho, sem a ajuda de mais ninguém”, afirmou o delegado responsável pelo caso, Humberto Téofilo, nesta quarta-feira (24). O suspeito permanece preso na cidade.

O delegado diz que o inquérito policial está em fase de conclusão e que aguarda apenas a análise de um vídeo para remeter o documento ao Judiciário. “Esse vídeo foi gravado por câmeras de segurança de uma casa, que fica nas proximidades do local do crime. Ele vai nos dar a certeza do que aconteceu. Assim que o laudo ficar pronto, vamos dar andamento ao procedimento”, afirmou. Ainda não existe previsão para conclusão do laudo.

João, que era homossexual, foi morto por asfixia na madrugada do último dia 10. Segundo a polícia, ao ser preso, no último dia 12, o suspeito confessou o crime e afirmou que teve um desentendimento com a vítima após uma relação sexual. Sendo assim, a polícia descartou que a motivação tenha sido homofobia.

“Para nós, não há dúvida de que foi ele o autor. Agora, nosso objetivo é esclarecer se a motivação do crime realmente foi a que ele alegou, de um desentendimento, mas a homofobia nós descartamos”, afirmou o delegado, na ocasião.

Asfixia

Um laudo do Instituto Médico Legal (IML), concluído no último dia 11, aponta que João lutou com o agressor antes de morrer e que ele possuía diversas marcas de hematoma pelo corpo. O documento concluiu também que a vítima morreu asfixiada por papéis e sacos plásticos e que não havia nenhuma fratura no corpo.

A polícia chegou até o suspeito depois de encontrar a identidade deles próxima de onde o corpo foi achado. De acordo com o delegado, o jovem foi detido em uma fazenda de Inhumas, onde trabalhava em uma plantação de tomates. Em depoimento, ele disse que manteve uma relação sexual com João no mesmo terreno onde ocorreu o crime.

O suspeito também disse à polícia que não é homossexual, mas que já se relacionou com outros homens. O lavrador afirmou que não conhecia a vítima.

A vítima, cujo nome de batismo é João Antônio Pereira Barbosa, trabalhava há cerca de duas semanas como garçom em um bar na cidade. Apesar de cumprir expediente de sexta-feira a domingo, o jovem foi ao local na noite da véspera do crime, na terça-feira (9).

Após permanecer um tempo no local, os donos do estabelecimento pediram a um cliente que deixasse João em casa. “Quando foi por volta da 1 hora, fechamos o bar e meu marido pediu que um cliente desse carona a ele. Essa foi a última vez que o vimos com vida”, lamentou a comerciante Graça de Maria.

O cliente do bar prestou depoimento à Polícia Civil. “Ele disse que levou o João até a esquina da rua onde ele morava e que ele estava muito apressado, como se fosse encontrar alguém. No entanto, não o viu com ninguém”, relatou Graça. A Polícia Civil descartou qualquer participação do cliente no crime.

O dono do bar, Jesus Hermínio, diz que a vitima era uma pessoa “excepcional” e que não mereceria sofrer com tamanha violência. “Ele era um bom menino, de extrema confiança. Muito educado e trabalhador. É muito triste sequer imaginar que ele tenha sido vitima de homofobia”, destacou.

Crime

O corpo do rapaz foi encontrado com marcas de violência no terreno baldio por volta das 6h30 do dia 10 de setembro. A mulher que achou o corpo de João diz que está “apavorada” com o crime. “Primeiro achei que se tratava de um bêbado dormindo no meio do mato, mas só ao chegar mais perto vi que era um garoto, que já estava morto. Desde então estou muito assustada”, relatou a mulher, que não quis ser identificada.

Teófilo informou que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República entrou em contato para pedir informações sobre o caso e cobrar atenção à investigação.

Em nota, o órgão também manifestou “suas mais profundas condolências à família e aos amigos de João Antônio, apelando às autoridades do estado para que deem ao caso a devida atenção”.

Fonte: G1

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