quinta-feira, agosto 21, 2014

Em meio a caos, Libéria tem confrontos, toque de recolher e bairro da capital em quarentena

 http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/Um dos países mais atingidos pelo surto de ebola, a Libéria pôs em prática nesta quarta-feira (20/08) uma série de drásticas medidas para tentar impedir o vírus de se
espalhar ainda mais. Após o anúncio das ações — que incluem toque recolher de noturno e o isolamento de um bairro inteiro na capital Monróvia —, foram registrados confrontos violentos entre a população e as forças policiais na maior cidade do país.

O último cálculo da OMS (Organização Mundial da Saúde) contabiliza 1.350 vítimas fatais, o que representa o mais grave surto já registrado — o total de casos identificados supera todos os outros surtos somados desde que o vírus foi descoberto, em 1976. Apenas nos últimos dois dias, 106 pessoas morreram pela doença; 95 delas, na Libéria.
A instituição de saúde ligada à ONU (Organização das Nações Unidas) considera a situação no país a mais grave entre os países da África Ocidental, determinando ser vital frear a propagação do vírus para conter o surto, que também afeta Guiné, Serra Leoa e, em menor grau, Nigéria.
De repente, ilhados
Na Libéria, os esforços para conter o surto já se transformaram em violentos confrontos hoje no bairro de West Point, na capital Monróvia, região que foi posta em quarentena e isolada pela polícia local. As forças de segurança usaram munição real e bombas de gás lacrimogêneo para conter a multidão, que tentava abandonar o bairro pobre.

“Isso aqui está uma bagunça”, disse ao jornal The New York Times o coronel Abraham Kromah, chefe de operações policias na Monróvia, enquanto reclamava da multidão. “Eles machucaram um dos meus policiais”, disse, justificando-se ao repórter diante de um jovem de 15 anos estirado no chão por conta da perna machucada, aparentemente atingida por uma bala.

“Os soldados estão usando munição real”, alertou à agência Reuters Dessaline Alisson, porta-voz do Exército. O oficial ressaltou, entretanto, que os militares seguem estritamente a legislação, e “não dispararam contra cidadãos pacíficos”.
Os moradores de West Point, por sua vez, reclamam que não foram previamente informados da medida. “Vimos o bloqueio esta manhã”, diz Alpha Barry, também à Reuters. Além de extrema por conta do surto do vírus, a situação fica ainda mais grave pois muitos residentes locais não têm provisões necessárias para aguentar o período de quarentena. “Não temos comida, estamos assustados”, completa Barry.
Toque de recolher
"Desde esta quarta-feira, 20 de agosto, haverá um toque de recolher de 21h às 6h", disse a presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, em discurso à nação. Desde o início do surto, já são 466 pessoas mortas no país.

Segundo a presidente liberiana, que pediu a colaboração dos cidadãos, as medidas "buscam salvar vidas e tornar os esforços do governo para combater a doença mais efetivos e rápidos". Também foi decretado o fechamento de todos os centros de lazer, incluídos os vídeo clubes, a partir das 18h.
A presidente elogiou "alguns sucessos" na luta contra o surto, mas reconheceu, visivelmente contrariada, que o país está longe de ter controlado a extensão do vírus devido à negação do problema, a resistência de abandonar os enterros tradicionais e a seguir os conselhos dos médicos e do governo.
Foi justamente na Libéria que, nesta semana, um centro médico de quarentena foi invadido por um grupo de pessoas, permitindo a fuga de pacientes infectados e levando colchões, lençóis e outros objetos manchados de sangue e contaminados pelo vírus. No fim, os 20 pacientes que haviam fugido do local já foram localizados pelas autoridades da Libéria.

Os jovens que invadiram o centro de quarentena estavam armados com porretes e gritavam “não há ebola na Libéria”. A descrença na doença e a resistência em acatar as recomendações das autoridades de saúde com relação ao tratamento que deve ser dispensado aos corpos têm agravado a situação na Libéria.
Isso porque a tradição no país impede que o caixão seja lacrado. Além disso, os corpos são lavados, fazendo com que as pessoas tenham contato com sangue e secreções corporais das vítimas e também contraiam o vírus.
O ebola, transmitido por contato direto com sangue ou fluidos corporais de pessoas ou animais infectados, causa hemorragias graves e tem uma taxa de mortalidade que chega aos 90%.

Fonte: Opera Mundi 

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