segunda-feira, junho 09, 2014

Bebês correm risco de morrer queimados em hospital infantil no MA, diz MP

As incubadoras do Hospital da Criança estão quebradas e quando são usadas superaquecem, colocando em risco a vida dos bebêsUma inspeção do MPE (Ministério Público Estadual) descobriu que bebês que estão internados na UCI (Unidade de Cuidados
Intermediários) do Hospital da Criança, localizado no bairro da Alemanha, em São Luís, correm risco de morrer queimados nas incubadoras da unidade hospitalar.

Segundo o MPE, ainda foram constatadas outras irregularidades no Hospital da Criança, como falta de medicamentos, material de limpeza e alimentos, além de falha na higiene e, por consequência, contaminação de bactérias nos pacientes.

O MPE descobriu ainda que o Hospital da Criança não possui aparelho autoclave e que utensílios e equipamentos não estão sendo esterilizados. As incubadoras estão quebradas e quando são usadas superaquecem, colocando em risco a vida dos bebês, que podem sofrer sérias queimaduras e até morrerem.

"O quadro nessa unidade é caótico e ultrapassa qualquer limite de aceitação. Além da falta de higiene, os alarmes dos respiradores não funcionam e as incubadoras estão aquecendo de forma descontrolada", afirmou a promotora de Defesa da Saúde, Glória Mafra. "As crianças correm o risco de serem queimadas até a morte nas incubadoras, e o município de São Luís tem se recusado a cumprir a obrigação legal de assegurar a integridade desses pacientes."

A 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde visitou o Hospital da Criança no último dia 3, e seis mães de bebês que estão internados no local relataram que há falhas em respiradores e outros equipamentos, que não estão avisando quando os pacientes sofrem parada cardíaca.

Jeane Sousa relatou ao MPE que o filho dela, um menino de 45 dias, teve duas paradas cardiorespiratórias e o alarme do equipamento não funcionou. O mesmo ocorreu com a filha de Eudila Froz Silva, mãe de uma menina de três anos que está internada na UCI, no dia 14 de maio. Segundo ela, a filha sofreu uma parada cardiorespiratória e o alarme do equipamento também não disparou.

Contaminação
Franciele Silva também tem uma filha internada na UCI do Hospital da Criança e reclama da falta de higiene do local. Ela contou que os profissionais de enfermagem usam telefone celular dentro da UCI sem desinfeccioná-los e não fazem qualquer controle de contaminação do local. "Minha filha chegou com pneumonia. Aqui, ela já teve uma parada cardíaca e pegou uma bactéria", disse.

O MPE informou que durante a inspeção no hospital flagrou a entrada de dois eletricistas e um funcionário do almoxarifado na UCI sem qualquer controle. "A falta de um espaço adequado para manuseio da medicação e a falta d'água agrava, ainda mais, o risco de infecção hospitalar", disse o MPE.

A situação do lactário é precária. Segundo o MPE, o espaço de higienização e preparações da alimentação das crianças é sujo, tem vazamentos hidráulicos, as paredes estão mofadas e o único basculante de ventilação dá acesso ao banheiro. "A preparação das fórmulas e do leite das crianças menores é feita em um espaço sujo, insalubre e visivelmente perigoso", afirmou a promotora de Justiça.

Desabastecimento
O Hospital da Criança está faltando água e a dispensa não tem materiais de limpeza. Também foi constatada a falta de remédios, incluindo antibióticos, e insumos na farmácia do hospital. Profissionais da farmácia informaram que existem medicamentos que estão faltando há dois meses, o que leva as crianças a terem os tratamentos interrompidos.

Segundo o MPE, uma criança de 12 anos que está com meningite não recebeu o tratamento adequado para combater a doença devido à falta do medicamento Rocefin. A criança foi transferida para o Hospital Juvêncio Matos no último dia 3, após intervenção do MPE. A Promotoria informou que solicitou que seja feita imediatamente a avaliação e revisão das incubadoras e dos respiradores da UCI do hospital.

A promotora disse que solicitou ainda as listas dos medicamentos e dos materiais que estão faltando para cobrar da prefeitura de São Luís a reposição da farmácia e da dispensa do hospital. O MPE informou que já notificou a SMS (Secretaria Municipal de Saúde) para que os problemas sejam resolvidos em até 48h.

O UOL entrou em contato com a prefeitura de São Luís na tarde desta segunda-feira (9), mas até a publicação da reportagem não havia recebido um retorno sobre o posicionamento do município.

Reprodução cidade News Itaú via Uol

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!