quinta-feira, maio 22, 2014

Exército anuncia golpe de Estado e suspende Constituição na Tailândia

Lei Marcial, que impede manifestações pró e contra o governo, foi declarada no país há poucos dias. Nesta quinta, militares anunciaram Golpe de Estado (Foto: Wason Wanichakorn/AP)O comandante do Exército da Tailândia, Prayuth Chan-Ocha, anunciou nesta quinta-feira (22) um golpe de Estado no país. Em pronunciamento na TV, ele afirmou
que o Exército está tomando o controle do governo para restaurar a ordem e promover reformas políticas.

Após o anúncio do golpe, o Exército determinou que a Constituição fosse suspensa temporariamente e instituiu toque de recolher em todo o país das 22h às 5h, indicou um porta-voz dos militares. Ele acrescentou que o Senado e todos os tribunais continuariam com suas atividades normais.
Também foi determinado que todas as rádios e TVs devem interromper suas programações normais e transmitir apenas material do Exército. A censura foi ampliada para os meios de comunicação estrangeiros – as transmissões de emissoras internacionais, como BBC e CNN, foram suspensas.
Protestos estão proibidos, e grupos de mais de cinco pessoas não podem se reunir em nenhum lugar da Tailândia.
"Para que o país retorne à normalidade, as Forças Armadas devem tomar o poder a partir de 22 de maio às 16h30" (6h30 de Brasília), afirmou Chan-Ocha. “No interesse da ordem pública e da lei, assumimos os poderes. Por favor, permaneçam calmos e continuem com seus afazeres diários”, disse o comandante na TV pouco antes das 17h locais (7h de Brasília).

Soldados tailandeses estão nas ruas de Bangcoc, capital da Tailândia, nesta quinta-feira (22). Militares anunciaram pela TV que tomarão o controle do governo do país (Foto: Wason Wanichakorn/AP)

A medida ocorre dois dias após o Exército decretar lei marcial com a justificativa de “restaurar a paz”. O comandante afirmou que busca restituir a ordem no país e impedir mais mortes e uma escalada do conflito entre críticos e apoiadores do governo.
O Exército convocou o atual premiê interino, Niwattumrong Boonsongpaisan e seus ministros a se reportarem às Forças Armadas. Boonsongpaisan tem paradeiro desconhecido.
A crise atual na Tailândia começou no fim do ano passado, com manifestações que exigiam a renúncia da então primeira-ministra Yingluck Shinawatra, no poder desde 2011. Ela foi destituída pela Justiça no início de maio. Yingluck é irmã do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, derrubado do poder em um golpe de Estado em 2006, acusado pelos opositores de comandar o governo do exílio.
Nos últimos 80 anos foram registrados 18 golpes de Estado na Tailândia – sendo o último deles o que derrubou Thaksin. Desde então, o país vive uma grave crise política. Os "camisas vermelhas", seguidores do ex-premiê, ainda exilado, ameaçaram intensificar os protestos em Bangcoc se o Exército tomasse o poder e o governo interino caísse.
Falta de acordo
Antes de anunciar o golpe na TV, o comandante do Exército tailandês havia se reunido com todas as facções políticas rivais com o objetivo de encontrar uma solução para protestos antigovernamentais – que já duravam seis meses e tinham deixado pelo menos 28 mortos.
A reunião foi  encerrada por Chan-Ocha após duas horas de conversa sem acordo. Segundo testemunhas, líderes dos manifestantes dos dois grupos foram retirados do local da reunião em veículos militares, sob escolta, pouco antes do anúncio do golpe.
Os militares também mantinham detido após o golpe representantes do governo, incluindo o ministro da Justiça, Chaikasem Nitisiri. Ele e líderes dos manifestantes e de partidos políticos foram levador por soldados em furgões do Exército até o Primeiro Regimento de Infantaria.
Manifestantes
O Exército também anunciou que irá enviar tropas para os locais de concentração de manifestantes para retirá-los. "Nós vamos enviar tropas e veículos para ajudar os manifestantes a deixar todos os locais de protesto", disse à Reuters o general Teerachai Nakwanit, primeiro comandante regional do Exército.
Por enquanto, não houve registro de violência.
Manifestantes contra e pró-governo têm se reunido em diversas partes de Bangcoc nos últimos meses. Jatuporn Prompan, líder do movimento “camisas vermelhas”, que apoia o governo, disse que continuará com os protestos mesmo após o golpe. “Vocês vão lutar ou não vão lutar? Nós não vamos a lugar nenhum. Não entrem em pânico, porque nós esperávamos isso”, disse ele a apoiadores.
Soldados tailandeses dispararam para o ar na tentativa de dispersar manifestantes no local. Testemunhas disseram que os integrantes dos “camisas vermelhas” foram embora pacificamente.
Os manifestantes opositores ao governo exigem uma reforma do sistema político, considerado corrupto, e propõem a criação de um conselho que realize mudanças antes de novas eleições.

Reprodução Cidade News Itaú via G1

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