Quadrilhas aterrorizam população e desafiam a polícia com assaltos a bancos

Pouco mais de oito dias após as polícias de São Paulo e Minas Gerais prenderem uma quadrilha de assaltantes de bancos e instituições financeiras, que terminou com nove

bandidos mortos, três baleados e dois presos, na cidade mineira de Itamonte, os criminosos não se intimidaram e continuam agindo em todos os estados brasileiros, inclusive no Rio Grande do Norte, onde na última quarta-feira a agência do Banco do Brasil foi explodida pela terceira vez em menos de um ano.

Especialistas da Polícia Militar e da Polícia Civil relatam que o alto poder de fogo dos criminosos faz com que as quadrilhas se tornam cada vez mais ousadas e desafiadoras.

No confronto em Minas Gerais, os criminosos já estavam sendo investigados pela polícia e foram surpreendidos pela madrugada. Os ladrões, que portavam fuzis e metralhadoras, chegaram na cidade agindo com extrema violência.

No sábado (22), cerca de 30 homens explodiram, em 25 minutos, quatro agências bancárias em Piracaia, no interior paulista. Na ação, que ocorreu de madrugada, enquanto os criminosos invadiam os bancos, parte do bando bloqueou a entrada da cidade e outros integrantes atacaram uma base da Polícia Militar. Aproximadamente 200 policiais surpreenderam a quadrilha e nove bandidos e um refém morreram no combate.

Semelhança

Não com o mesmo desfecho, mas a ação ousada dos bandidos mineiros e paulistas se assemelha com a madrugada de terror vivenciada no dia 12 de novembro do ano passado, por moradores da cidade do Apodi, quando 25 bandidos invadiram a cidade, explodiram o caixa forte do Banco do Brasil e trocaram 45 minutos de tiros com a Polícia Militar. Um policial foi baleado e o bando conseguiu fugir com aproximadamente, R$ 10 milhões.

Em recente entrevista ao jornal O Mossoroense, o tenente-coronel Alvibá Gomes Ferreira, comandante do Segundo Batalhão da Polícia Militar (2º BPM), disse que a falta de contingente e estrutura da PM dificultam o combate à criminalidade.

"Hoje existe uma defasagem de mais de três mil policiais no Rio Grande do Norte e a falta de estrutura da PM reflete na hora de realizar operações. Se você vai realizar as operações e tem que usar veículos com pouco combustível, pneus lisos, carros sucateados, com certeza o trabalho vai ter o resultado abaixo do esperado. Comparo a PM a uma empresa, que tem de vender seus produtos. O nosso produto é a segurança pública que temos que vender à sociedade e se isso não for feito de forma eficaz, vamos perder espaço para a criminalidade, esse é o problema".

"Falta autoestima para o policial combater a criminalidade" diz "xerife"

O delegado e ex-comandante da Polícia Civil do RN, Maurílio Pinto de Medeiros, que por 21 anos esteve à frente da corporação, disse em entrevista exclusiva ao jornal O Mossorense, que atualmente o policial está desestimulado para desempenhar suas funções e combater o crime. "Falta autoestima para o policial trabalhar e desenvolver sua árdua missão em prol da segurança pública", disse o “xerife”, como era conhecido o delegado.

A declaração de Maurílio Pinto reflete sua indignação no tocante ao surgimento de muitas quadrilhas especializadas em assaltos a bancos. "Combati criminosos perigosos, líderes de quadrilhas famigeradas, como a de Valdetário Carneiro, ou mesmo a de Doutor Benevides Carneiro, que aterrorizou o Nordeste com ações ousadas",relatou.

O “xerife” relembra uma das ações do bando liderado por Valdetário Carneiro, que foi a invasão à cidade de Macau. Prestes a completar 12 anos de um dos assaltos a bancos mais ousados do Rio Grande do Norte, protagonizado pela quadrilha de Valdetário Benevides Carneiro, um dos criminosos mais perigosos que já atuou no Nordeste, boa parte dos moradores da cidade de Macau, ainda lembra aquela tarde de terror, que marcou o dia 12 de junho de 2002. 

"Na ocasião, o bando composto por 20 integrantes, fortemente armados com fuzis, metralhadoras e pistolas, invadiu a cidade e, após bloquear a única entrada terrestre, o bando se dividiu em duas equipes e se dirigiu às agências bancárias da Caixa e do Banco do Nordeste do Brasil, onde renderam funcionários e clientes, roubando todo o dinheiro que havia nas duas instituições financeiras", contou.

Na fuga, os bandidos trocaram tiros com policiais e o delegado Robson Luiz de Medeiros Lira foi atingido pelos disparos e morreu na hora. "O delegado Robson morreu no cumprimento do seu dever, porque ele estava motivado para combater o crime e infelizmente ele perdeu a vida", destacou.

Quadrilha explode agência bancária pela terceira vez em menos de um ano na cidade de Governador Dix-sept Rosado

Uma quadrilha fortemente armada explodiu na madrugada da terça-feira (25) a agência do Banco do Brasil da cidade de Governador Dix-sept Rosado. O grupo de bandidos, composto por cinco elementos, usou dinamite para estourar os caixas e levar todo o dinheiro.

A agência bancária já foi alvo de pelo menos quatro investidas dos criminosos, destes, três ocorreram em menos de um ano. A última teria ocorrido na madrugada de 23 de outubro do ano passado, quando quatro elementos estouraram os caixas eletrônicos, que estavam vazios. 

O delegado regional da Polícia Civil de Mossoró, Denys Carvalho da Ponte, atribui o poder da quadrilha à facilidade que os criminosos têm de adquirirem armas e explosivos no chamado mercado negro.

"Se você prestar atenção, os criminosos conseguem armas com muita facilidade e em muitos casos seu poder de fogo é superior ao da polícia", concluiu.

Reprodução Cidade News Itaú