O rompimento entre o prefeito interino Francisco José Júnior (PSD) e o DEM mossoroense começa a se configurar por meio de gestos. Ontem, de uma tacada só, três
Quem primeiro se manifestou foi Patrícia Leite. Tida como a principal auxiliar de Cláudia, ela comunicou no Facebook que estava deixando o cargo. "Por entender que a condutora desse projeto e alguns de seus auxiliares estão temporariamente impossibilitados de desenvolver o trabalho planejado - e abraçado por Mossoró, comunico que não mais integro a equipe de secretariado da Prefeitura de Mossoró. Agradeço a todos os servidores e colaboradores que somaram força nessa jornada. Na certeza do nosso retorno, coloco-me à disposição em continuar o trabalho de mãos dadas com Cláudia Regina", alegou.
Ela ainda prestou contas das ações à frente da pasta citando o aumento para 952 jovens envolvidos em atividades e serviços; reativação do Programa Mãe Mossoroense, com atendimento a 300 gestantes; queda no índice de evasão dos jovens que participam do Pronatec; mais de 2.500 matrículas nos cursos em parceria com o Senai, Senac e IFRN; ampliação para 1.250 no número de idosos assistidos pelo Desenvolvimento Social. "Isso só foi possível porque o nosso trabalho faz parte de um planejamento norteado pela prefeita Cláudia Regina, a partir da colaboração mútua de todos os agentes que compõem a gestão Todos Por Mossoró", argumentou.
Da cota do rosalbismo, abre a lista o filho da governadora Rosalba Ciarlini (DEM). Marlos Ciarlini deixou a Subsecretaria de Trânsito e Transporte. Em contato com o jornal O Mossoroense, ele chegou a negar. "Ainda estou decidindo. Tem muita especulação", frisou. Ele recebe a companhia do primo Betinho Rosado Segundo, que sai da Subsecretaria de Desenvolvimento Rural. Ele foi contatado, mas não atendeu ao telefone.
Ainda deixou o primeiro escalão Rafaela Burlamaqui. Ela era procuradora-geral do município. Rafaela é nora de Dorinha Burlamaqui, ex-secretária municipal de Saúde e seguidora de longa data do rosalbismo.
Quem também saiu foi a diretora do Procon, Catarina Alves.
NO PALÁCIO
A reportagem fez contato com o prefeito interino Francisco José Júnior. Ele atendeu o telefone e disse que estava numa reunião. Limitou-se a adiantar que já tinha escolhido os substitutos, mas alegou não ter feito os convites para omitir a informação. "Não posso anunciar quem ainda não foi convidado", argumentou.
Em outro contato, aliados do prefeito interino informaram que ele já esperava os pedidos de demissão e já estudava os nomes que seriam os substitutos.
Entrega de cargos evidencia desânimo do DEM local com relação a retorno de Cláudia
A entrega coletiva de cargos evidencia que o DEM mossoroense não está otimista quanto ao retorno de Cláudia Regina e busca ficar à vontade para articular um novo nome para a disputa.
O prefeito interino fez algumas modificações em setores da equipe de Cláudia Regina em que teve atrito nas outras interinidades.
No entanto, a estratégia de manter aliados dos grupos tradicionais não durou muito. As entregas de cargos no primeiro escalão mostram isso.
Outro aspecto das demissões é o de mostrar que, além da instabilidade política, também há instabilidade administrativa. Esse é um aspecto muito levado em conta nos tribunais quando um prefeito afastado tenta retornar ao cargo.
O prefeito interino sempre utiliza o argumento de que é aliado da prefeita afastada e que está mantendo as ações dela e não mexeu na equipe.
Novos auxiliares tomam posse hoje, às 14h
A posse dos novos secretários municipais está marcada para hoje, às 14h, no Palácio da Resistência. Até o fechamento desta edição, Francisco José Júnior fazia ligações para formular os convites.
Alguns nomes são especulados. Dois são do tempo de Fafá Rosado (PMDB) na Prefeitura de Mossoró: Fernanda Kaline para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. Ela foi titular da pasta quando era uma gerência.
Para a Agricultura, o nome cotado é o de Rondinelli Carlos, que foi gerente da pasta.
Para a Subsecretaria de Trânsito, sabe-se que pode ser um ex-vereador. Neste caso, o nome lembrado é o de Daniel Gomes (PMDB). Ele se tornou muito próximo de Francisco José Júnior nos últimos anos. Daniel é autor do projeto de lei que autoriza a criação da autoescola municipal.
Para a Procuradoria-Geral, há uma incógnita. Sabe-se que pode ser um nome do escritório do advogado Marcos Araújo, por quem Francisco José Júnior nutre admiração e busca conselhos. Marcos já foi procurador da Câmara na primeira gestão de Júnior à frente da mesa diretora. Fernanda Abreu, que o substituiu e agora é consultora-geral, é da equipe de Marcos.
Outro nome que pode ser indicado é o do ex-vereador Sérgio Coelho, que também é ligado ao prefeito interino e é advogado atuante. Mas pesa contra ele algumas resistências de aliados.
Líder do governo e presidente interino da Câmara discordam de pedidos de demissão
O líder do governo na Câmara Municipal, Manoel Bezerra de Maria (DEM), discorda da entrega coletiva de cargos no primeiro escalão realizada ontem pelos integrantes do rosalbismo.
Para Manoel Bezerra, não há necessidade deste tipo de atitude. O argumento é bem simples: quem assumiu o cargo é um aliado. "Quem assumiu também era da situação", completou.
Questionado se entregaria a liderança do governo, Manoel disse que não fará isso. "Não vejo porque. A não ser que o prefeito queira mudar. De minha parte sigo onde estou porque o prefeito é um aliado", argumentou.
O vereador Manoel Bezerra é um dos dois parlamentares do DEM na Câmara Municipal. O outro é Flávio Tácito.
Os dois possuem indicações nos escalões menores da administração municipal.
O presidente interino da Câmara Municipal, Alex Moacir (PMDB), concorda com Manoel. "É precipitado nesse momento entregar os cargos. Respeito a posição de cada um, mas a prefeita ainda pode voltar e há uma descontinuidade administrativa. O prefeito interino é do nosso grupo", acrescentou.
Reprodução Cidade News Itaú
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