segunda-feira, setembro 09, 2013

Fernando Gabeira mostra como uma cidade vive sem nenhum médico


O jornalista Fernado Gabeira estreou com seu programa na GloboNews com uma discussão sobre como é a vida de brasileiros sem acesso à assistência médica. Gabeira viajou com os produtores Antonia Martinho e Julio Molica por dez dias pelas regiões Norte e Nordeste do país para aprofundar o assunto. 
O objetivo da viagem foi ver como um grande debate nacional sobre o programa Mais Médicos  e saúde pública repercutem na vida cotidiana das pessoas. O Maranhão e Macapá foram os lugares escolhidos porque são o estado e a capital com menos médicos por habitantes, estatisticamente. Nestas regiões, o trio encontrou, por exemplo, pacientes que têm que enfrentar até 300 km para fazer uma diálise.
Na primeira cidade maranhense do caminho, Caxias, um hospital universitário está fechado há seis anos. No caminho, há um posto de saúde que basicamente vacina as crianças. Entre os municípios de Paiol e Buriti Bravo, é muito difícil encontrar um médico. Um agente de saúde que fazia pequenas cirurgias sofreu um acidente e perdeu a capacidade de fazer operações.  Em Buriti Bravo, Dona Claudete de Moraes conta que seu filho teve hanseníase e morreu pela falta de medicamento. O curandeiro da cidade conta que já fez  1,8 mil partos e nunca uma mulher morreu em seus braços.
O medico José Carlos Silva saiu de São Paulo, trabalhou na África e América Latina, apaixonou-se por uma nativa de Buriti Bravo e constituiu familia na cidade. Para melhorar a saúde da região, o médico diz que o governo não precisa mudar muita coisa. “Precisava simplesmente pagar bem e fazer com que as coisas pudessem funcionar bem com o dinheiro e montar uma estrutura um pouco melhor de tecnologia”, explica.
Em uma viagem tão longa para encontrar cidades com poucos médicos, Fernando Gabeira constatou, ironicamente, que o problema primordial de saúde na região depende de educação para o trânsito. As motocicletas invadiram o cotidiano de Buriti Bravo e inúmeras outras cidades do Norte e Nordeste. Na região, existem extraoficialmente cinco mil máquinas. Famílias inteiras costumam viajar numa só motocileta e todos e sem capacete. A polícia de Buriti Bravo registra cerca de cinco acidentes por mês, com dois mortos, quase sempre crianças. Ainda assim, nem todos os acidentes são registrados. O desastre de acidentes com motocicletas é o grande problema de saúde pública na região. Um rapaz conta que é difícil alguém ser multado e revela que dirige sem carteira de motorista.
Ao longo das estradas do sul do Maranhão, muitos barracos já não têm gente morando. Mas nos habitados, Gabeira procurou saber das pessoas como elas conseguem viver sem a presença de médicos na região.
O jornalista também visitou Macapá, capital do Amapá, com o mesmo objetivo: examinar como pessoas se viram para escapar da falta de médicos. Na emergência do hospital da cidade, as pessoas esperando nas macas é um retrato das dificuldes no interior, que não se resolvem apenas com mais médicos. Um rapaz com pedras nos rins espera por atendimento por duas semanas.
Além da falta de equipamentos e gestão, o desvio de dinheiro público, problema comum no Brasil, tem um grande peso no Amapá, onde quarto secretários de saúde já foram presos, acusados de corrupção.
No Macapá, mutirões têm tido um resultado positivo, mas numa área limitada: a cura da catarata. Médicos de Goiás se deslocam para o Amapá e realizam inúmeras operações no mesmo dia.
Estado do Amapá vai formar a primeira turma de médicos
Com 29 anos de idade, o estado do Amapá vai formar a primeira turma de médicos, numa tentativa de construir um futuro diferente para a saúde pública na região. 
Sobre a vinda de médicos estrangeiros por causa da falta de médicos no interior do país, a médica Maira Tonzu destaca que para o médico ir para o interior, ele precisa de condições melhores para trabalhar.
Em Mazagão, na região metropolitana  de Macapá, a única médica da cidade, Maria de Jesus, é  considerada uma heroína pelos moradores. Ela é a única médica consultada pelo programa que não tem uma resposta padrão para a vinda de médicos estrangeiros.
Será preciso muito trabalho para alterar o estado de saúde pública nas regiões visitadas por Gabeira. Falta de médicos, má gestão, desvio do dinheiro público, problemas culturais, como o uso de motos sem capacetes, mostram que teremos pela frente uma longa e empueirada estrada.

Reprodução Cidade News Itaú

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