sábado, junho 29, 2013

Santa Catarina assumirá demanda de partos de alta complexidade do RN

A direção da Maternidade Escola Januário Cicco se reuniu na manhã desta sexta-feira (28) para traçar uma estratégia, em conjunto com a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), a fim de garantir a realização dos partos à população durante este fim de semana, quando a Maternidade não terá pediatras de plantão para realizar os partos. Ficou acordado que neste sábado (29) e domingo (30), a Maternidade Januário Cicco funcionará de forma parceirizada com o Hospital Doutor Pedro Bezerra, conhecido como Hospital Santa Catarina.

A assistência obstétrica de alto risco, tanto para a gestante quanto para o recém-nascido, se concentrará exclusivamente no Hospital Santa Catarina, onde a escala de pediatras está completa. Em contrapartida, as outras patologias ginecológicas e que não tenham relação com o nascimento, e que, portanto, não precisem da participação do pediatra, será feita, com referenciamento, do Hospital Santa Catarina para a Maternidade, como as curetagens, drenagem de cisto e tratamento de infecção urinária. “A maternidade assume esta parte durante o final de semana, para que o Santa Catarina tenha capacidade de dar resposta na assistência obstétrica”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Luiz Roberto Fonseca.

O titular da Sesap reconhece que há uma crise na assistência municipal e estadual que reflete diretamente na Maternidade Escola Januário Cicco, que tem a função de ensino e não apenas de assistência ao SUS. “Quando a maior maternidade cai, todo o sistema padece e essa crise atual resvalou no Hospital Santa Catarina, que já vinha com problemas em função do fechamento da Maternidade Leide Morais. Hoje estamos reunidos para tentar, de mãos dadas, construir uma solução que seja um paliativo para o momento, mas a resolução do problema da maternidade não resolve o problema da rede como um todo”, afirmou o secretário.

Para começar a solucionar o problema da crise na assistência obstétrica do Rio Grande do Norte, Luiz Roberto Fonseca disse que é necessário abrir, de forma urgente, os leitos de obstetrícia do Hospital da Polícia Militar. Além disso, o secretário informou que hoje será aberta a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Macaíba e que dentro de 30 dias pretende-se abrir a maternidade no município. “O Estado e o Governo Federal estão tomando as suas providências. O município de Natal teve problemas com a Leide Morais, mas ampliou os leitos da maternidade das Quintas e de Felipe Camarão. Mas precisamos de uma resposta mais precisa”, destacou Luiz Roberto Fonseca.

O diretor geral da Maternidade Escola Januário Cicco, Kleber Morais, explicou que a crise já era anunciada, haja vista que desde dezembro quando houve “esse desmantelo na saúde pública de Natal e do Rio Grande do Norte”, a Maternidade Escola Januário Cicco vinha sofrendo com a sobrecarga e o aumento exorbitante do atendimento, que levou a exaustão os profissionais, que são contratados pela Funpec. “Eles se sentiram penalizados, pois se trabalha muito aqui e se ganha bem menos que outros lugares. Eles estavam insatisfeitos com razão e resolveram diminuir a carga de plantão na Maternidade, por isso que não conseguimos fechar a escala”, afirmou o diretor.

CONTRATAÇÃO  E REAJUSTE

O diretor disse que ontem, em reunião com a reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), foram tomadas algumas medidas para tentar sanar a deficiência de pediatras na unidade. A reitora Ângela Paiva autorizou a contratação de oito profissionais e o reajuste no valor pago por plantão. Kleber Morais acredita que essas medidas sejam adotadas em até dez dias, o que normalizará a escala dos pediatras no mês de julho.

A reitora autorizou a abertura de processo seletivo para contratação de seis a oito pediatras e aprovou um reajuste de 34,6% no menor valor pago por plantão, que era de R$ 780 (para dias de semana). O novo valor que passa a vigorar é de R$ 1.050. Também receberá este valor quem cumprir escala nos finais de semana, cujo valor atual é de R$ 930. Nesse caso, o reajuste foi de 12,9%.

A medida, segundo Kleber Morais, vai fazer com que os médicos aceitem uma carga horária de trabalho maior e preencham as escalas sem que haja furos. Para contratação de mais profissionais, a MEJC foi autorizada a realizar processo seletivo simplificado para ingresso de mais oito pediatras. Com a presença da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que deve ser assinado o contrato em breve, deverá ser realizado concursos em todas as áreas da maternidade, pois, segundo Kleber Morais, já há déficit de profissionais na ginecologia e obstetrícia.

“Vamos nos reunir com os pediatras e esperamos que a partir da próxima segunda-feira possamos resolver essa situação, voltar a realizar os partos e trabalhar em plena atividade. A nossa ideia é de fechar a escala com os nossos pediatras até pelo menos até o dia 15, enquanto não chegam os oito profissionais que serão contratados”, destacou Kleber Morais.

A maternidade conta com 120 leitos e realiza uma média de 4,5 mil procedimentos por ano e mais de 60 mil consultas no ambulatório. “Isso representa um número substancial, que a Maternidade é o hospital que dá o maior suporte ao RN, mas ela não pode ser, sozinha, a responsável pela saúde da mulher norte-riograndense. A maternidade tem que compartilhar isso com os hospitais do Estado, com os hospitais das Prefeituras e não esquecer que a Maternidade tem um fator principal acima da assistência, que é o ensino. É aqui onde os profissionais são formados. Somos um berçário do ensino e na hora que não podemos ensinar pela alta demanda de procedimentos, deixamos de fazer a nossa missão principal que é o ensino”, destacou.

A diretora médica da Maternidade, Maria da Guia Medeiros, explicou que a questão salarial é importante, no entanto, os pediatras diminuíram o número de plantões pela sobrecarga do serviço. “Um pediatra que cuidava da sala de parto, do centro cirúrgico obstétrico e de uma UTI improvisada, que já tivemos até 15 bebês, fica estressado e cansado, trabalhando, muitas vezes, com bebês muito pequenos, que demanda mais tempo. O trabalho exaustivo foi que culminou com essa crise, e logicamente há uma insatisfação pelo salário”, destacou a diretora médica.

Reprodução Cidade News Itaú

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