quinta-feira, março 07, 2013

Médicos só retornam ao trabalho na 2a feira


Aos poucos, os médicos que estavam em greve há mais de dez meses estão retornando aos postos de trabalho. Isso porque os médicos servidores do Estado resolveram acatar a determinação da Justiça e acabaram com a greve da categoria que durava mais de dez meses. Além do fim da greve, a Justiça determinou que o Sindicato e o Governo do Estado realizem três rodadas de negociações, agora em março, para a discussão da pauta de reivindicação. A decisão previa que os médicos retornassem ao trabalho até esta quinta-feira (7), mas no Centro de Saúde Reprodutiva Professor Leide Morais, no Alecrim, onde o prejuízo com a paralisação foi maior, já que todos os 31 médicos da unidade aderiram ao movimento e suspenderam o atendimento por mais de dez meses, o retorno dos médicos só será realizado, em acordo com a direção do Centro, na próxima segunda-feira (11), quando será realizada uma semana dedicada à mulher.

A diretora do Centro de Saúde Reprodutiva, Débora Torquato, explicou que ontem foi realizada uma reunião com todos os médicos da unidade, junto com representantes do Sindicato dos Médicos e ficou acordado que o retorno do atendimento seria na próxima segunda-feira. “Precisávamos arrumar a casa para receber os médicos e a população, depois de tanto tempo parado. E chegamos ao entendimento que o atendimento será retornado na segunda, com uma semana dedicada às mulheres. O atendimento não será agendado, e sim demanda aberta”, afirmou a diretora.

O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed/RN), Geraldo Ferreira disse que o fim da greve não significa o fim da luta pela melhoria da qualidade da saúde, da assistência à população e das condições de trabalho dos profissionais de saúde no Estado. Geraldo considerou a decisão judicial “sábia”, pois ao mesmo tempo que exigiu o fim da greve, determinou o retorno das negociações, que já haviam sido encerradas desde o início do ano.

“Agradeço sensibilizado aos que bravamente resistiram, enfrentaram perseguições, corte de ponto, corte de salário e até processos por defenderem a dignidade do nosso trabalho. Defendemos as bandeiras históricas de carreira médica, piso Fenam, mas também o fim de internamento em corredores, o abastecimento das unidades, exigimos leitos de internamento e de UTI, combatemos a terceirização e, sua irmã siamesa, a corrupção, impedimos fechamento de unidades, bloqueamos desativação de serviços, lutamos por dignidade no atendimento à população”, destacou Geraldo Ferreira.

O representante dos médicos conta que o movimento grevista também serviu para denunciar o Governo do Estado desde delegacia de polícias à Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica, pelo descaso e desrespeito aos direitos humanos dos pacientes e dos profissionais de saúde. “Alguns até pensam que a greve foi longa e nos desgastou. Talvez fisicamente, mas moralmente nada podia ser diferente. Nosso dever é denunciar, propor soluções, nos mobilizarmos, irmos à luta, como fizemos e combater o bom combate”, disse Geraldo Ferreira que se reúne hoje, em Brasília, com a Ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, para denunciar as graves questões da saúde pública do Rio Grande do Norte.

A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) divulgou uma nota afirmando considerar a decisão da Justiça uma “medida protetiva dos direitos do usuário do Sistema único de Saúde (SUS)” e que está aberta para dialogar com os profissionais. No texto, a Sesap ainda citou que vem realizando melhorias de infraestrutura dos hospitais. Nos últimos sete meses, segundo o governo, já foram investidos mais de R$ 18 milhões em recursos do Tesouro estadual com a rede de urgência e emergência, incluindo obras em 12 hospitais. A assessoria de imprensa informou que o retorno dos profissionais às unidades de saúde será feita através de um entendimento com os gestores das unidades, mas que a partir da próxima segunda-feira, a Sesap fiscalizará esse retorno.

Os médicos da rede pública estadual de saúde do Rio Grande do Norte estavam em greve desde o dia 29 de abril do ano passado, ou seja, há mais de 10 (dez) meses. As reivindicações da categoria são a implantação do Piso Salarial Unificado da categoria médica, proposta que tramita no Congresso Nacional e prevê uma remuneração de mais de R$ 19 mil mensais, bem como melhores condições de trabalho.

A Procuradoria da União no Estado do Rio Grande do Norte, órgão da Advocacia-Geral da União (AGU) apurou que o movimento grevista estava impactando negativamente no atendimento médico da população potiguar quando, após oficiar os principais hospitais públicos estaduais com sede na Capital, recebeu dados alarmantes sobre a queda dos atendimentos médicos, principalmente no que diz respeito aos atendimentos de consultas, exames e cirurgias eletivas, já que os serviços de urgência e emergência continuaram funcionando.

A situação considerada mais grave foi a do Centro de Reabilitação Infantil e Adulto, onde o atendimento do segundo semestre de 2011 chegou a 74.081 pessoas atendidas e no segundo semestre de 2012 em pleno movimento grevista caiu para 10.457 pessoas atendidas, ou seja, uma redução de mais de 85% nos atendimentos no semestre.

Reprodução Cidade News Itaú

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