domingo, agosto 05, 2012

De cidadão comum a assassinos que matam com requinte de frieza e crueldade

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Na semana em que o Rio Grande do Norte foi acometido de mais um crime hediondo, com grande repercussão social, como foi o caso da menina Cíntia Lívia de Araújo, 12, que residia na rua padre João Venturele, em Tibau, e foi encontrada morta, dentro de um poço localizado no muro de uma casa da rua Ocivan Florêncio Pereira, na praia das Emanoelas, despertou as autoridades policiais e estudiosos para tentar entender a mente de pessoas como Poliano Cantareli Fernandes de Lacerda, 35, que foi preso e confessou a autoria do crime.

Segundo o próprio Poliano, em depoimento à polícia, não existia razões para o ato monstruoso que cometeu. O simples desejo sexual pela criança e a vontade de se vingar da mãe e a irmã da menina, pelo fato de um relacionamento amoroso com as duas, teria sido instigante na realização do homicídio.
"Poliano é uma pessoa que não teve nenhuma razão para cometer o crime com requinte de crueldade e frieza. Ele matou a menina porque é uma pessoa com distúrbio na personalidade, colocando para fora um desejo que mais dia menos dia iria acontecer", destacou o bacharel Clayton Pinho, titular da Delegacia Regional de Polícia Civil de Mossoró.
Para o delegado, há diferença no tipo de crime cometido por Poliano Cantareli do que um homicídio convencional. O desejo sexual por criança em formação, como foi constatado nas investigações, através de fotos, vídeos e materiais que foram encontrados na casa do acusado, reflete uma personalidade doentia. "Em mais de 20 anos de polícia, não entendo como comum ou normal uma pessoa que tem desejos sexuais por meninas ou meninos em formação corporal. E o vasto material que encontramos na casa dele comprova isso", explicou.
Crimes hediondos e premeditadamente já foram registrados diversos deles em Mossoró anteriormente, como é o caso da morte do empresário Idelgardo Ferreira, o "Toinho da Casa do Construtor", executado a tiros no 23 de maio de 2010, no sítio de sua propriedade, localizado na comunidade de Pitombeira, zona rural de Governador Dix-sept Rosado.
Na ocasião, dois elementos em uma motocicleta chegaram ao local perguntando pelo nome da vítima, quando "Toinho da Casa do Construtor" se identificou foi assassinado a tiros de pistola.
Em novembro do ano passado, a juíza Ana Cláudia Secundo da Luz condenou Flávia Ferreira Freire e Francisco Ladenilton da Silva a 14 e 13 anos de reclusão em regime fechado pelo assassinato. O casal foi considerado culpado pelo assassinato do empresário "Toinho da Casa do Construtor", que era pai e sogro dos autores intelectuais do crime.
O delegado Denys Carvalho da Ponte, que investigou o caso, considera o casal tão perigoso quanto Poliano Cantareli, só que em circunstâncias diferentes. "A premeditação do crime, motivado por questões financeiras, tem a mesma frieza e crueldade de um crime brutal como foi o da menina Cintia Lívia. O crime é considerado hediondo do mesmo jeito", destacou o delegado.
Anteriormente a polícia local já havia registrado o assassinato da dona de casa Maria Marineide Lopes Cavalcante, morta em circunstâncias misteriosas em março de 2000. O homicídio foi premeditado pelo esposo da vítima, o comerciante Jean Carlos Solano Cavalcante, que matou a companheira, forjou um acidente, no intuito de receber um seguro em nome da vítima, que o beneficiaria.
Segundo o investigador Mário Zan, que desvendou o crime, a premeditação da morte da mulher levou Jean Carlos a cometer mais dois outros homicídios. "Ele estava eliminando todos os comparsas que o ajudaram a forjar a morte da mulher. Se o crime não tivesse sido desvendado, com certeza mataria os quatro elementos que faziam parte de sua quadrilha", destacou o investigador.
"O instinto de matar pode ser desenvolvido em qualquer pessoa, porém uns tem maiores facilidade para aflorar e em muitos casos se tornam serial kiler (matador em série), tá no gosto de matar dos psicopata", disse o psicólogo João Valério. 



"Crimes hediondos são os que mais revoltam a sociedade", afirma a socióloga Fátima Aparecida

Os crimes hediondos, do ponto de vista da criminologia sociológica, são os que estão no topo da pirâmide de desvaloração axiológica criminal, devendo, portanto, ser entendidos como crimes mais graves, mais revoltantes, que causam maior aversão à coletividade, pelo menos é o que defende a socióloga Fátima Aparecida de Souza Borges, pesquisadora de uma universidade paranaense.
Em um dos seus artigos, publicados recentemente na internet, ela diz que "o crime hediondo diz respeito ao delito cuja lesividade é acentuadamente expressiva, ou seja, crime de extremo potencial ofensivo, ao qual denominamos crime 'de gravidade acentuada' para a sociedade".
"Do ponto de vista semântico, o termo hediondo significa ato profundamente repugnante, imundo, horrendo, sórdido, ou seja, um ato indiscutivelmente nojento, segundo os padrões da moral vigente", explica.
Para a pesquisadora, o crime hediondo causa profunda e consensual repugnância por ofender, de forma acentuadamente grave, valores morais de indiscutível legitimidade, como o sentimento comum de piedade, de fraternidade, de solidariedade e de respeito à dignidade da pessoa humana.
"Ontologicamente, o conceito de crime hediondo repousa na ideia de que existem condutas que se revelam como a antítese extrema dos padrões éticos de comportamento social, de que seus autores são portadores de extremo grau de perversidade, de perniciosa ou de periculosidade e que, por isso, merecem sempre o grau máximo de reprovação ética por parte do grupo social e, em consequência, do próprio sistema de controle", concluiu.

Psicólogo diz que crime hediondo soa normal para quem comete

O psicólogo João Valério Alves Neto disse em entrevista ao O Mossoroense que não existe um perfil adequado para pessoas que cometem crimes violentos, que chocam a sociedade e que para quem cometes os crimes bárbaros é como se estivesse praticando um ato normal.
"Os matadores hediondos não se sensibilizam com as barbaridades que cometem. Para eles o ato de matar alguém é normal, muitos deles sentem até prazer no sofrimento dos outros e toda a vez que eles tiverem a oportunidade de matar alguém eles matam", explicou o psicólogo.
João Valério disse também que não se pode identificar superficialmente quem tem o perfil violento. "Para quem estuda o comportamento humano, somente uma análise minuciosa, do histórico de vida do indivíduo, é possível compreender os desatinos cometidos", disse.
"A família tem uma enorme parcela de culpa no distúrbio patológico que Poliano Cantareli, por exemplo, apresenta, quando fala no crime que cometeu. É preciso estudá-lo para poder conhecê-lo, porém uma coisa posso garantir, a culpa do crime hediondo cometido por ele, boa parte é da família. Ele é doente e precisa de ajuda", contou.
O psicólogo polemiza também ao falar no crime de Tibau. Para João Valério, existe pouca diferença do ato cometido por Poliano para o atentado que a população cometeu contra o adolescente filho do acusado e da destruição da casa.
Não há muita diferença entre os atos. Todos eles são reflexos de distúrbios emocionais, onde uns aflora com maior intensidade e outros não", concluiu João Valério.

Fonte: O Mossoroense/Cidade News Itaú

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