quarta-feira, março 28, 2012

Família de gestante morta diz que médico e hospital foram negligentes

 
A família da parturiente Jácia Família Luciano, de 23 anos, que morreu na última quinta-feira, 23, depois de complicações durante o parto cesariano, diz que vai entrar na justiça contra o médico Alexandre de Mendonça Arruda, obstetra que acompanhou todo o seu pré-natal. Inconformados, os familiares alegam que a parturiente não recebeu a assistência necessária, nem pelo médico, nem pelo hospital. 
A mãe da parturiente, Maria de Fátima Souza Luciano, afirma que sua filha chegou à Casa de Saúde Dix-sept Rosado (CSDR) por volta das 3h30 da madrugada sentido muitas dores e só entrou para a sala de cirurgia depois das 8h da manhã, porque o obstetra que acompanhou todo o pré-natal da paciente não foi ao hospital e nem atendeu as ligações dos familiares. 
"Minha filha foi operada por uma médica que ela nunca tinha visto, que não conhecia o quadro dela", explica.
Segundo informações da família, a parturiente passou por uma cesariana e por uma histerectomia, e durante os procedimentos foi acometida por uma hemorragia e precisou de uma transfusão sanguínea, que demorou a ser feita porque não havia bolsas de sangue no hospital. 
Como a paciente estava em estado grave e os seis leitos da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) adulto da Casa de Saúde Dix-sept Rosado estavam desativados, há quase um mês, ela precisou ser transferida para o Hospital da Mulher de Mossoró Parteira Maria Correia. Jácia Famélia Luciano não resistiu e morreu dentro da ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), em frente ao Hospital da Mulher. 
"Tudo que aconteceu foi por falta de assistência necessária. O médico foi negligente e a Casa de Saúde não tem estrutura para o atendimento das pacientes em estado grave. Eu sei que não vou trazer minha filha de volta e tenho que aceitar a vontade de Deus, mas eu quero justiça. Quero que o médico e o hospital sejam punidos, para que outras gestantes não percam suas vidas", enfatiza.
O pedreiro Jackson Antônio Luciano, de 49 anos, disse que seu genro já entrou em contato com um advogado para mover uma ação contra o médico e o hospital por negligência.

Casa de Saúde diz que está investigando caso
O diretor da Casa de Saúde Dix-sept Rosado (CSDR), André Neo, afirma que já pediu a diretoria clínica do hospital para investigar o que aconteceu durante todo o período que a parturiente passou no hospital. André Neo afirma conta que qualquer detalhe pode ter motivado a morte da paciente. 
Segundo o diretor do hospital, uma comissão vai levantar alguns questionamentos, como o horário que a equipe solicitou o sangue e que horas chegou, qual o horário que o Samu foi acionado e se a ambulância solicitada era uma UTI móvel, entre outras coisas.
André Neo diz que como a investigação ainda não começou, ainda é muito precipitado falar onde teria acontecido o erro que motivou o agravamento do quadro e a morte da paciente. 
"Qualquer uma das coisas pode ter provocado a morte, a demora na chegada do sangue para a transfusão, a falta da UTI, e até mesmo o estado da própria paciente que estava muito inchada e com a pressão alta que é um quadro de pré-eclampsia", frisa. 
O diretor do hospital, André Neo, diz que a própria prefeitura deve investigar as causas do óbito da parturiente, como sempre acontece em casos de mortalidade materna. 
"O que sei é que a assistência médica e hospitalar foi prestada e não faltou nada para a paciente", declara.
A reportagem do JORNAL DE FATO tentou contato por telefone com obstetra Alexandre de Mendonça Arruda, mas não o encontrou na clínica onde ele atende, e o celular informado pela atendente com autorização do médico estava desligado. 
O delegado do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (CRM/RN), Manuel Nobre, também não foi encontrado para falar sobre o caso.

Fonte: Defato

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!