sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Ufersa vai pesquisar água de barragens


O Oeste do Rio Grande do Norte tem quase 1 bilhão de metros cúbicos de água armazenada sem qualquer uso. 300 milhões de metros cúbicos estão localizados no município de Upanema, na Barragem de Umari, outros 600 metros cúbicos estão em Apodi, na Barragem de Santa Cruz. Porém, o Governo do Estado está com tudo preparado para começar a fazer uso destes reservatórios para abastecer cidades e em projetos de irrigação.
Tanto na região de Apodi, como de Upanema (as duas regiões tem quase 50 mil habitantes), existe um movimento para que o uso destas águas, ao menos na agricultura, seja na produção agroecológica. Mas o que os agricultores da região e os gestores municipais e também do Governo do Estado dispõe tecnicamente para determinar o limite do que é aceitável ou não ambientalmente falando para o uso dos dois reservatórios na irrigação, abastecimento das cidades e também para projetos de piscicultura?
Para estas dúvidas, grupo de professores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e Universidade Federal do Rio Grande do Norte vão responder cientificamente qual é o melhor uso destes reservatórios. A pesquisa já tem à frente o professor doutor Gustavo Henrique Gonzaga da Silva, da UFERSA, que conta com apoio de outros 13 pesquisadores.
Para fazer o estudo, foi aprovado o projeto intitulado "Determinação da Capacidade Suporte e Zoneamento de Áreas Aquícolas como Base para o Desenvolvimento Sustentável da Piscicultura nos Reservatórios de Santa Cruz e Umari-RN", para financiamento de R$ 290 mil através da Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (FAPERN), com recursos provenientes da Fundação Estadual de Amparo a Pesquisa e do CNPq.
Segundo o professor, o projeto tem como objetivos principais analisar qualidade da água e a composição e estrutura das comunidades aquáticas (bentos, plâncton, macrófitas, peixes) dos reservatórios de Santa Cruz e Umari, visando compreender o funcionamento destes ecossistemas; subsidiar o desenvolvimento de um sistema compartilhado e participativo para a gestão da atividade de criação de peixes em tanques rede, bem como avaliar a sustentabilidade das atividades de piscicultura em ambos os reservatórios por meio de indicadores ambientais, sociais e econômicos; aplicar e validar modelos matemáticos para determinar a capacidade suporte dos reservatórios do semiárido potiguar no que se refere à criação de tilápias do Nilo.
De acordo com o coordenador, além das informações científicas de alto nível e da aplicação prática dos conhecimentos obtidos para o gerenciamento dos recursos hídricos e da aquicultura em tanques-rede, o projeto poderá contar com a participação de dezenas de alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado, proporcionando a capacitação de jovens pesquisadores do estado do Rio Grande do Norte.
O professor Gustavo Henrique Gonzaga da Silva destaca que "com base nos resultados desta pesquisa, por meio dos modelos matemáticos e de acordo com legislação ambiental vigente, pretendemos determinar a quantidade de peixes que poderão ser cultivados de forma sustentável nos reservatórios do semiárido potiguar, no intuito de minimizar os impactos ambientais e visando otimizar o aproveitamento dos usos múltiplos destes ambientes aquáticos".
Ainda segundo o professor Gustavo Henrique "o incentivo à criação de tilápia é o foco dos governos estadual e federal no semiárido do estado. Neste contexto, é extremamente importante a utilização de indicadores ambientais, sociais e econômicos para avaliar as atividades de piscicultura em tanques-rede que já estão sendo desenvolvidas em Santa Cruz e Umari e as que pretendem ser implementadas nos próximos anos. O monitoramento físico, químico e biológico destes ambientes aquáticos também é essencial no intuito de compreendermos e preservarmos a diversidade biológica local".

Santa Cruz vai abastecer Alto Oeste e Mossoró
Para a barragem de Umari, em Upanema, que foi inaugurada há mais de dez anos, não existe previsão na Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) de quando a reserva hídrica será aprovada. Quanto à Barragem de Santa Cruz, a SEMARH informa que no próximo mês de março recomeçam as obras de implantação do Sistema Adutor do Alto Oeste.
Além desta adutora, que prevê abastecimento de 26 cidades e 64 comunidades rurais, o SEMARH também prevê a construção de uma adutora para complementar o abastecimento de Mossoró com água da barragem de Santa Cruz. Esta obra, inclusive, já estaria com os recursos assegurados na ordem de R$ 100 milhões no Governo Federal.
O reservatório é administrado atualmente pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), que planeja investir cerca de R$ 300 milhões na instalação de um distrito irrigado na Chapada de Apodi, para ser irrigado a partir da construção de um canal, com água da Barragem de Santa Cruz. Neste caso, os agricultores são contra.
É que o DNOCS quer impor um distrito irrigado parecido com o que foi instalado no Ceará, e que tem sido motivo de vários conflitos nos últimos anos, por usar muito agrotóxico. Os agricultores de Apodi querem que o distrito Irrigado da Chapada produza de forma agroecológica. A questão aguarda decisão da presidente Dilma Rousseff.
Atualmente, o único aproveitamento do reservatório é com alguns poucos viveiros de criação de tilápia. Porém, é intenção do DNOCS ampliar a produção, entretanto, o quanto a barragem comporta de viveiros, se vai abastecer Mossoró, o Alto Oeste e ainda um distrito irrigado com mais de 5 mil hectare, estas serão as respostas da pesquisa liderada pelo professor Gustavo Henrique, que está começando agora e devem ser concluídas em 3 anos.

Fonte: Defato

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