quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Diretor da polícia do DF diz que crítica a Agnelo era 'conversa de botequim'

O diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Onofre Moraes, pediu desculpas nesta quinta-feira (2) ao governador Agnelo Queiroz e às outras pessoas citadas no vídeo divulgado na quarta (1) em que ele critica Agnelo e diz que o governador deixará o mandato em um “camburão da Polícia Federal” (veja ao lado). Em entrevista ele disse que se tratava de uma "conversa de botequim".

“Estou saindo de cabeça erguida e peço desculpas às pessoas que citei ali. Era uma conversa de amigos, como uma conversa de botequim. Quantos de nós não fazemos galhofas e brincadeiras em conversa de bar entre amigos?”

Acompanhado da cúpula da Polícia Civil e visivelmente emocionado, ele anunciou, em coletiva de imprensa, que vai se aposentar. Mais cedo, entregou a carta de demissão do cargo de diretor-geral.

Onofre disse que é amigo há 30 anos do jornalista Edson Sombra, que divulgou as imagens gravadas em sua casa. Sombra é ligado ao ex-delegado Durval Barbosa, delator do suposto esquema de corrupção no governo do DF que ficou conhecido como mensalão do DEM e levou o então governador José Roberto Arruda à prisão, depois, a deixar o governo.

De acordo com Onofre, as declarações sobre Agnelo foram feitas em um momento em que ele estava ressentido por não ter sido nomeado diretor-geral da polícia. O vídeo é de junho de 2011, quando ele comandava a delegacia da região administrativa do Cruzeiro e Mailine Alvarenga era diretora-geral.

“Eu fui o delegado que mais trabalhou para Agnelo na campanha. Foi um desabafo (...) Esse vídeo foi de junho, estava guardado numa geladeira e ele [Sombra] esperando para me colocar como defunto”, afirmou.

‘Big Brother’
Em reportagem publicada pela revista "Veja" no último final de semana, o delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, diz que teria recebido uma oferta de R$ 150 mil de Moraes para não fazer denúncias contra o governo do DF.Segundo a reportagem, o diretor da polícia teria procurado Sombra para que repassasse a oferta a Barbosa. Em nota divulgada após a publicação da reportagem, Moraes negou a proposta de suborno. Ele também pediu que os supostos vídeos que comprovavam o suborno fossem apresentados. Sombra então divulgou imagens de Onofre na porta de sua casa, supostamente levando dinheiro, e depois o vídeo com as críticas a Agnelo.

De acordo com Onofre, várias autoridades de Brasília estão se sentindo “reféns” das gravações. Ele afirma que Durval diz possuir cerca de 3 mil áudios e vídeos comprometedores de autoridades do DF e de outros locais.

O diretor-geral disse que, por não concordar com as supostas chantagens, desafiou Sombra a divulgar as imagens. “Brasília não pode ser uma cidade de pessoas que vivem sob efeito de chantagens. Quantos não se encontram reféns dessa situação? Minha atitude ali ao pedri que mostrasse as fitas foi com esse objetivo. Brasília não pode ficar à mercê desse Big Brother”, afirmou.

Onofre Moraes (centro) se despede da Polícia Civil com apoio dos diretores da corporação (Foto: Naiara Leão/ G1)Onofre Moraes (centro) se despede da Polícia Civil
com apoio dos diretores da corporação
(Foto: Naiara Leão/ G1)
Onofre deixa o comando da Polícia Civil três meses após ser nomeado diretor-geral e com 34 anos de carreira. Ele substituiu Mailine Alvarenga, que foi exonerada depois que TV Globo divulgou trechos de uma conversa entre Agnelo e João Dias, delator do suposto esquema de corrupção que levou à demissão de Orlando Silva do Ministério do Esporte. O novo diretor ainda não foi anunciado pelo GDF.

Fonte: DN

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