quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Laranja diz a delegado que movimentou R$ 4 milhões dos precatórios do TJRN

O delegado Marcos Dayan, da Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Contra a Ordem Tributária (Ceicot) disse ontem que, pelo menos R$ 4 milhões desviados dos precatórios do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte foram movimentados pela conta do empresário Carlos Alberto Fasanaro Júnior, último detido na Operação Judas. Apontado como um dos "laranjas" no esquema de desvio de precatórios do TJRN, o empresário se apresentou à unidade policial ontem pela manhã. Em um interrogatório que durou cerca de uma hora, o empresário revelou que possuía uma conta bancária que servia como "passagem" para o dinheiro desviado do TJRN por Carla e George Leal.

"Nos quatro processos judiciais fraudados que são alvos da nossa investigação, ele revelou que uma média de R$ 4 milhões circulou por essa conta. O dinheiro era depositado na conta dele e ele repassava para George. Sobre o motivo para fazer isso, ele disse que foi por simples amizade".

Marcos Dayan contou que Carlos Fasanaro se apresentou com um advogado. "Ele disse que não tinha nada para esconder e por isso veio. Assim que se apresentou, dei a ele o mandado de prisão temporária para que assinasse".

Após o depoimento, Carlos Fasanaro foi levado ao Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) para fazer exame de corpo de delito, procedimento feito em todas as prisões. Em seguida, foi encaminhado ao Presídio Provisório Raimundo Nonato, na Zona Norte de Natal, onde deve ficar até acabar o prazo de cinco dias de detenção dado pelo mandado de prisão temporária. Os demais presos também estão sendo custodiados nessa unidade prisional.

Delegado aguarda relatórios do Tribunal de Contas e do CNJ para definir inquérito

Após ouvir quatro depoimentos dos seis presos na Operação Judas, o delegado Marcos Dayan, da Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Contra a Ordem Tributária (Ceicot), informou, em entrevista ao Diário de Natal, que aguarda os relatórios do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre o desvio de recursos dos precatórios do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) para definir o rumo do inquérito.

Marcos Dayan destacou que, inicialmente, começará as investigações pelo teor dos depoimentos e a análise do material apreendido. "Só teremos uma dimensão do processo após recebermos os relatórios do TCE e CNJ, que trarão todas as informações dos desvios de recursos. Esses relatórios ainda estão sendo elaborados. Enquanto isso, vamos analisar o que foi apreendido durante a operação. Mas as novas diligências só serão pedidas após ao conclusão dos relatórios", frisou o delegado.

Dos presos durante a operação, apenas a ex-chefe da divisão de precatórios do TJRN, Carla Ubarana e o marido, George Leal, não contribuíram com a investigação. Carla passou mal e teve que ser internada, poucos minutos antes de ser ouvida. Ela foi internada na Casa de Saúde São Lucas, onde foi atestado quadro de emergência hipertensiva. Carla foi levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), fez exames e recebeu medicamentos. Segundo o boletim médico emitido pelo hospital, o quadro é estável.

Já George Leal, mesmo tendo sido interrogado desde às 23h da terça até 1h da madrugada de ontem, se negou a prestar esclarecimentos à Polícia. "Ele ficou em silêncio todo o tempo e disse que somente falaria em juízo", contou o delegado.

A Operação Judas foi desencadeada pela Polícia Civil e o Ministério Público na última terça-feira para investigar um esquema de fraudes nos pagamentos de precatórios do TJRN. Ao todo, seis pessoas foram detidas, incluindo os mentores do esquema, Carla Ubarana e George Leal. Segundo Marcos Dayan, os autores da fraude incluíam pessoas fictícias nas ordens de pagamento dos precatórios e depositavam esse dinheiro em contas de "laranjas".

Advogado quer soltura imediata de suspeitos

O advogado Felipe Cortez, responsável pela defesa de quatro dos cinco presos durante a Operação Judas, já entrou com pedido de revogação da prisão dos seus clientes: o administrador Carlos Eduardo Palhares e Cláudia Sueli Silva, secretária de Carla Urbarana, a ex-chefe da divisão de precatórios do TJRN Carla Ubarana e o marido dela, George Leal.

As prisões temporárias têm prazo de cinco dias, mas o advogado espera uma liberação antes desse período. "Ao conceder o pedido de prisão do Ministério Público, o juiz descreveu que o faria para que não houvesse impedimentos nas buscas e apreensões. Como as buscas e apreensões foram efetuadas, não há necessidade de mantê-los presos", argumentou.

Quatro dos 6 presos na Operação Judas estão sob custódia no Presídio Provisório Raimundo Nonato, na Zona Norte de Natal. Só não estão no local Carla Ubarana, que está na UTI do São Lucas, e o escrituário do Banco do Brasil Pedro Luiz da Silva, que fez uma cirurgia bariática e, por isso, conseguiu prisão domiciliar. 

Fonte: DN

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