domingo, janeiro 15, 2012

‘Número de prisões não mede qualidade’

O baixo desempenho estatístico da Polícia Federal norte-rio-grandense em relação aos outros oito Estados que compõem a região Nordeste não pode ser encarado como o único quesito para se avaliar o desempenho policial. Essa é a ideia do delegado federal Elton Zanata, responsável pela unidade potiguar especializada no combate ao crime organizado.
Ele explica que a Polícia Federal, no RN e também em outros Estados brasileiros, mudou seu entendimento no que diz respeito ao ato de prender.
Antes era bem comum, relembra o delegado, ocorrer operações com dezenas de pessoas presas. Hoje, a Polícia Federal prefere prender somente aquelas pessoas que realmente oferecem um maior risco à sociedade ou podem representar algum dano à investigação.
"Nem toda a operação gera prisão. Temos operações que não vemos necessidade de pedir prisão e outras há necessidade. Às vezes a gente prefere fazer todo o trabalho e não pede a prisão logo no início; só no término da investigação", esclarece Elton Zanata.
"Hoje em dia só pedimos a prisão em casos extremos. Em alguns casos não pedimos a prisão. Só é necessária quando é de importância para a investigação. Quando a pessoa possa provocar um dano maior à sociedade ou à investigação, nós optamos por pedir a prisão", complementa o policial federal.
O delegado regional de combate ao crime organizado da PF no RN reconhece, no entanto, que a quantidade de prisões e operações está ligada diretamente à falta de estrutura humana da instituição no RN.
Ele confirma que o número de policiais que trabalham em solo potiguar é insuficiente para a atual demanda de ações.
"Tem muita demanda, e se aumentar a quantidade de operações não haveria como acompanhá-las com dedicação. Nós teríamos condições de fazer 20 operações consecutivas hoje, mas não teríamos condição de botar os policiais para se dedicar em todas elas, com a mesma eficiência. Então, a escolha é reduzir para um número menor e ter maior eficiência. É menos quantidade e mais qualidade", diz Zanata.
O delegado cita ainda uma pesquisa divulgada recentemente com a PF do RN. Ela foi considerada a melhor em atendimento do Brasil, a partir da avaliação dos seus usuários.
"Não estivemos bem em quantitativo, mas o trabalho da Polícia não pode ser medido só com prisão e operação. Nós temos outros trabalhos", fala.

Faltam policiais, mas sobra estrutura
O delegado Elton Zanata está há quase três anos trabalhando na Superintendência da Polícia Federal do Rio Grande do Norte. Ele conta que já passou por várias outras unidades pelo Brasil e que encontrou a melhor estrutura no RN, contrapondo-se ao desempenho baixo nas estatísticas quantitativas de operações e prisões.
De acordo com ele, faltam policiais para suprir a demanda, mas a estrutura física, logística e os equipamentos disponíveis são bons, melhor do que ele verificou em outros Estados.
"Já andei em muitas superintendências e com certeza essa aqui é uma das melhores. A estrutura é muito boa e temos uma pequena deficiência de efetivo", avalia o delegado.
Elton Zanata mostra-se esperançoso quanto à possível resolução do problema de efetivo com a contratação de novos policiais. O concurso público para delegados, agentes, escrivães e papiloscopistas já foi autorizado pelo Ministério da Justiça e ocorrerá em breve.
"O que me falta hoje é o efetivo. Acredito que, com a nova contratação de novo pessoal, serão designados novos policiais para o Rio Grande do Norte e poderemos compor o efetivo", destaca o delegado.

Fonte: Defato

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