quarta-feira, novembro 16, 2011

Polícia indicia auxiliar de enfermagem suspeita de injetar leite na veia de bebê

O caso ocorreu no último dia 7 no Hospital Municipal Maternidade Professor Mario Degni, no Rio Pequeno, e o recém-nascido Kauê Abreu dos Santos, que tinha 13 dias de vida, morreu após receber 10 ml de leite materno na veia, quando deveria ter recebido soro. O leite era aplicado por meio de uma sonda nasogástrica, mas os conectores foram trocados por engano.

O depoimento de Maria Neuza durou mais de duas horas, e ela deixou o DP sem falar com a imprensa. Segundo seu advogado, Roberto Vasconcelos da Gama, a auxiliar não admitiu o erro e reafirmou que “não sabe dizer com precisão o que aconteceu” na noite da morte do bebê, como já havia dito na semana passada.
De acordo com a delegada Nayara Caetano Borlina Duque, que acompanhou o depoimento, a auxiliar de enfermagem confirmou que, no dia da morte do recém-nascido, estava abalada por problemas familiares e com dor de cabeça, informações que já haviam sido passadas por outros membros da equipe médica. A delegada disse ainda que, nesse momento do depoimento, a auxiliar de enfermagem se emocionou e chorou.
O advogado de Maria Neuza disse que a defesa agora vai esperar a emissão do laudo do IML (Instituto Médico Legal), que deve ficar pronto até 7 de dezembro. "Se o laudo der como causa da morte não a infusão do leite na veia, mas um eventual medicamento que foi administrado incorretamente, quem é que responde o inquérito?", questionou o advogado.
Para a delegada Nayara, porém, mesmo que o laudo venha a constatar que a morte de Kauê foi causada pelos medicamentos, não há como descartar o erro inicial. “Esse procedimento [a troca dos conectores] foi o que desencadeou tudo e levou [o bebê] à morte”.
A delegada disse ainda que todas as testemunhas já foram ouvidas e que ao menos três delas -uma outra auxiliar, a enfermeira-chefe e uma das médicas plantonistas- afirmam que o erro foi cometido pela auxiliar Maria Neuza.
30 minutos de leite na veia
Em depoimento prestado também na semana passada, o diretor do hospital disse que Kauê ficou recebendo leite na veia por meia hora, mas que o problema só foi detectado quando a criança começou a passar mal (e os aparelhos começaram a apitar).
“Por volta de 0h, foi administrado o leite materno a Kauê, pela auxiliar de enfermagem Maria Neuza Nery Leão, e por volta de 0h30 Kauê apresentou baixa oxigenação. Nesse momento, outra funcionária identificou a troca da via de administração, ou seja, o equipamento de leite materno estava conectado ao sistema venoso”, diz o depoimento.
Shibaki então informou que a troca dos conectores foi corrigida e que a equipe médica começou a trabalhar imediatamente para uma melhora do quadro do bebê. Por volta das 3h30, porém, Kauê apresentou um “novo desconforto respiratório e sinais de choque com piora progressiva e resposta insatisfatória às manobras de suporte”, sendo constatada a morte às 7h25.
A Secretaria Municipal de Saúde demitiu a profissional da unidade e instaurou inquérito administrativo para apurar os procedimentos adotados. O Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) também informou que está apurando os fatos.

Fonte: Portal Uol

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