terça-feira, outubro 24, 2023

Um dia após terror na Zona Oeste, parte do comércio fecha as portas com medo de novos ataques

Movimentação zona oeste após ataques na região, na noite de segunda-feira (23). — Foto: REGINALDO PIMENTA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Parte dos comerciantes e lojistas de diferentes bairros da Zona Oeste do Rio fecharam as portas de seus estabelecimentos, na tarde desta terça-feira (24), com medo de novos ataques de milicianos da região.


Até a última atualização desta reportagem, no entanto, não havia relatos de ataques.


O fechamento do comércio em bairros como Campo Grande, Guaratiba, Bangu e Santa Cruz, por exemplo, acontece um dia após 35 ônibus serem incendiados por criminosos, em uma tarde de terror na região.


Segundo alguns empresários da região, o fechamento das lojas se dá pelo medo de novos ataques nesta terça-feira, dia do enterro do criminoso Matheus da Silva Rezende, conhecido como Teteu e Faustão. Áudios e mensagens em grupos de WhatsApp citam ameaças de bandidos de um segundo dia de terror.


"Devido aos ocorridos, não dá pra ficar", disse um comerciante que fechou às 16h15. Normalmente, ele ficaria até as 19h de portas abertas.


"A gente aqui trabalhando e vendo tudo, mas a gente tem que priorizar pela segurança dos funcionários", disse outro homem.

A auxiliar adminstrativa Aparecida Benfica foi liberada mais cedo pelo patrão.


"Graças a Deus liberou porque a gente tá muito apreensiva com tudo que tá acontecendo. Eu saí do trabalho ontem às 3 da tarde e cheguei em casa quase 8 horas da noite."


Mesmo voltando mais cedo, ela passou sufoco no transporte.


"Tenso, muito tenso, cheio, lotado. Meu filho veio pendurado porque não tinha condições de ficar esperando pra saber se ia parar ou não. Mas a gente conseguiu chegar aqui em Santa Cruz."



O sobrinho de Zinho, atual chefe da milícia na região, foi morto na última segunda-feira (23), na comunidade Três Pontes. Faustão era apontado como o número 2 na hierarquia da milícia comandada pelo tio, e foi morto durante uma troca de tiros com a Polícia Civil.


A morte do miliciano foi o que motivou o grupo criminoso a realizar os ataques na Zona Oeste do Rio. Ao menos 35 ônibus e 1 trem foram queimados a mando de criminosos na região, no dia com mais coletivos incendiados na história da cidade, segundo o Rio Ônibus.


Escolas e hospitais fechados

O medo de novos ataques também provocou o fechamento de 12 unidades de saúde da rede municipal.



"Infelizmente, 12 unidades localizadas na região de Santa Cruz tiveram que ser fechadas e 16 suspenderam as visitas domiciliares nesta manhã, devido a barricadas colocadas nas ruas e ameaças aos profissionais", dizia a nota da Secretaria de Saúde do Rio.


Segundo a Prefeitura do Rio, a estimativa é de que 7 mil pacientes ficaram sem atendimentos na manhã desta terça. Segundo os gestores municipais, as unidades seguem fechadas durante o período da tarde.


Já a Secretaria Estadual de Saúde informou que as unidades da rede na Zona Oeste estão funcionando normalmente.


A Secretaria Municipal de Educação também informou que 24 escolas da Zona Oeste também ficaram fechadas nesta terça. As unidades adotaram o atendimento remoto, segundo a prefeitura. O problema afetou 10.536 alunos da rede pública municipal.



Trens com circulação irregular

Os ataques violentos na Zona Oeste também deixaram prejuízos para quem pega os trens na região. Segundo a Supervia, funcionários estão realizando uma "manutenção corretiva". Por conta disso, os trens do ramal Santa Cruz circulam de forma irregular.


"Os trens partindo da Central do Brasil para Santa Cruz seguem até o terminal com intervalo de aproximadamente 15 minutos. Já no sentido Central do Brasil, as estações estão abertas apenas para desembarque", informou a Supervia.


Bandidos queimam trem e dezenas de ônibus no maior ataque ao transporte público do Rio de Janeiro — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução


Prejuízo de mais de R$ 35 milhões

O terror que a Zona Oeste do Rio de Janeiro passou na última segunda-feira (23) terá desdobramentos para o Estado e para a população. Com o recorde de 35 ônibus incendiados em um dia, o prejuízo financeiro, só com os veículos, ultrapassa os R$ 35 milhões.


Já o transtorno para quem precisa dos ônibus para os deslocamentos pela cidade é incalculável. Na opinião de especialistas, os próximos dias serão complicados para moradores e trabalhadores da Zona Oeste.


Dados levantados pela Globonews indicam que 70% das pessoas que se deslocam no Rio de Janeiro utilizam o transporte de ônibus coletivo.


Com os 35 ônibus incendiados, a população não terá uma reposição rápida, como explicou o comentarista da GloboNews André Trigueiro. Para ele, cada reposição demora, no mínimo, seis meses.


O problema representa mais pessoas no ponto de ônibus, menos veículos circulando e muita dor de cabeça para chegar ao trabalho e voltar para casa.


Segundo Trigueiro, cada modelo convencional dos ônibus que circulam no município custa cerca de R$ 850 mil. Já os modelos novos do BRT, ultrapassam os R$ 2,4 milhões por unidade.


Fonte: g1

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