sexta-feira, junho 16, 2023

Justiça aceita mais duas denúncias contra grupo acusado de ser do PCC

A Justiça do Rio Grande do Norte aceitou mais duas denúncias contra 12 pessoas envolvidas em crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. O grupo é alvo da operação Plata, deflagrada em 14 de fevereiro deste ano pelo MPRN, com o apoio da Polícia Militar do RN e dos Ministérios Públicos de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará, Paraíba e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).


Investigação aponta que grupo criminoso tinha R$ 23 milhões em imóveis, fazendas, gado, entre outros bens


De acordo com as investigações, no período entre 2009 e 2021, os denunciados praticaram uma série de atos para ocultar e dissimular a origem de valores provenientes de crimes cometidos por Valdeci dos Santos, apontado como a segunda maior liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC) fora do sistema penitenciário, enquanto estava foragido, e seu irmão Geraldo dos Santos Filho.


A denúncia destaca também o papel importante desempenhado pela atual companheira de Valdeci dos Santos na organização criminosa, atuando como intermediária financeira ao adquirir bens móveis e imóveis provenientes das atividades ilícitas de seu companheiro e de seu irmão, além de receber depósitos estruturados por eles, ocultando e dissimulando a origem dos bens.


Segundo as investigações, a denunciada movimentou um total de R$ 3.695.975,63 entre os anos de 2010 e 2021. Apesar de não possuir registros de vínculos empregatícios no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) e não declarar outras fontes de renda à Receita Federal, ela levava uma vida luxuosa.


Em 2020, a companheira de Valdeci adquiriu um veículo HONDA/HR-V EXL CVT por R$ 110.400,00 à vista, e em 2022 comprou um BMW/X1 SDRIVE20I X LINE por R$ 295.126,00. Ela ocultou e dissimulou a origem de pelo menos R$1.169.016,05 em créditos.


Estima-se que o grupo criminoso tenha lavado mais de R$ 23 milhões por meio da compra de imóveis, fazendas, rebanhos bovinos e até mesmo utilizando igrejas.


A investigação financeira realizada pelo MPRN revelou que indivíduos com pouca ou nenhuma renda declarada movimentaram milhões de reais sem justificativa aparente. Provas colhidas mostraram que os envolvidos discutiam em grupos de WhatsApp como manter um dos "negócios" de branqueamento de valores ativo após a prisão de um dos investigados por uso de documento falso.


Em 2020, Valdeci já havia sido denunciado por organização criminosa e lavagem de dinheiro pelo Ministério Público de São Paulo, sendo apontado como um dos gerentes do tráfico de drogas da facção PCC. A denúncia destacava a participação ativa de Valdeci no tráfico de cocaína do PCC, evidenciada por referências a pagamentos de valores relacionados a drogas, transporte e armazenamento em seu nome, conforme planilhas financeiras. Ele também estava envolvido na movimentação financeira do PCC, tanto enviando valores provenientes do tráfico de drogas quanto recebendo recursos para serem usados nas atividades da organização.


Durante a operação Plata, foram cumpridos sete mandados de prisão e 43 mandados de busca e apreensão em diferentes estados do Brasil, além do Distrito Federal. Ao todo, 48 promotores de Justiça, 56 servidores e 248 policiais participaram da ação.


No Rio Grande do Norte, os mandados foram cumpridos nas cidades de Natal, Jardim de Piranhas, Parnamirim, Caicó, Assu e Messias Targino. Também houve cumprimento de mandados em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará, Paraíba, Distrito Federal, Fortaleza, Balneário Camboriú, Picuí, Espinosa, Serra do Ramalho e Urandi.


As investigações que resultaram na operação Plata tiveram início em 2019, com o objetivo de apurar o tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. O esquema era liderado por Valdeci Alves dos Santos, também conhecido como Colorido, considerado o segundo maior líder do PCC, facção criminosa que atua em todo o Brasil e em países vizinhos.


Segundo as investigações do MPRN, o esquema de lavagem de dinheiro perdurou por mais de duas décadas. Valdeci está atualmente preso na Penitenciária Federal de Brasília, enquanto seu irmão Geraldo dos Santos Filho, também condenado por tráfico de drogas, é considerado seu braço-direito no Rio Grande do Norte.


Além do bloqueio de contas bancárias, a Justiça determinou o bloqueio de bens, imóveis, veículos e proibição da venda de rebanhos bovinos. O dinheiro obtido pelo grupo é proveniente do tráfico de drogas, e os lucros do comércio ilegal eram lavados por meio da aquisição de imóveis, fazendas, veículos, abertura de mercados e até mesmo usando igrejas. O valor total bloqueado foi de R$ 23.417.243,37. O caso será agora processado pela Justiça potiguar como Ação Penal.


Fonte: g1

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