quarta-feira, maio 10, 2023

Com tornozeleira eletrônica, Gil Rugai deixa presídio para cursar arquitetura em faculdade em Taubaté, interior de SP

Condenado a mais de 30 anos de prisão pelo assassinato do pai e da madrasta, o ex-seminarista Gil Grego Rugai começou a frequentar nesta terça-feira (9) aulas do curso de arquitetura em uma universidade em Taubaté, no interior de São Paulo.


Ex-seminarista Gil Grego Rugai, condenado pelo assassinato de seu pai, Luiz Carlos Rugai, e sua madrasta, Alessandra de Fátima Troitino — Foto: Leonardo Benassatto/Futura Press/Estadão Conteúdo


Gil Rugai cumpre pena em regime semiaberto na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, a P2 de Tremembé. Para frequentar as aulas, a Justiça determinou que ele use tornozeleira eletrônica e apresente mensalmente boletins que comprovem sua presença e desempenho no curso.


A liberação para deixar o presídio se limita apenas ao horário das aulas, que acontecem no período noturno na faculdade Anhanguera, que fica em cidade vizinha a Tremembé. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), a liberação é das 17h às 23h30.



Gil Rugai pôde iniciar o curso de graduação após obter autorização do Superior Tribunal de Justiça. No fim de março, o ministro Reynaldo Soares da Fonseca concedeu habeas corpus favorável a Gil e reverteu decisão do Tribunal de Justiça, que inicialmente havia negado o pedido da defesa.


Na última sexta-feira (5), a juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, do Departamento Estadual de Execução Criminal (Deecrim), foi notificada e determinou o cumprimento da decisão do STJ.


O advogado Edson Baird, que responde pela defesa de Gil Rugai, não quis comentar a decisão. A SAP confirmou que o detento começou a ser liberado nesta terça para as aulas e é monitorado por tornozeleira eletrônica.


O que dizem o MP e a Anhanguera

Por meio de nota, o Ministério Público de São Paulo informou que houve um decisão do Superior Tribunal de Justiça, determinando à juíza que permitisse a saída de Gil Rugai para estudo e que não havia como negar o cumprimento da ordem superior.


Ainda segundo o MP, o boletim informativo e atestado de conduta indicam bom comportamento com ausência de faltas por parte do reeducando. Dessa forma, a direção da unidade sugeriu e o MP concordou que Rugai faça uso de tornozeleira eletrônica nas saídas.



"Concedo a ordem de ofício, a fim de cassar o acórdão impetrado e determinar que o Juízo de origem permita ao executado a saída temporária para cursar bacharelado em arquitetura, na faculdade Anhanguera de Taubaté, exceto se houverem motivos concretos que desabonem sua conduta carcerária", diz trecho da decisão.


A Faculdade Anhanguera informou ao g1 que "a matrícula do estudante foi realizada e autorizada pela Justiça, sendo assim, a instituição segue conforme determina a legislação brasileira".


Arquivo de 19/02/2013 mostra Gil Rugai na chegada ao Fórum Criminal da Barra Funda, em SP, para o seu julgamento — Foto: André Lessa/Estadão Conteúdo


Crime

Um júri de 2013 condenou Gil Rugai a 33 anos e nove meses de prisão pelos homicídios dos publicitários Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino, pai e madrasta de Gil.



Na época, a defesa do réu queria anular o júri que o condenou e marcar um novo julgamento. Em 2020 o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, manteve a condenação definitiva, e o caso passou à condição de transitado em julgado, onde não é mais passível de recursos.


O crime foi cometido em 28 de março de 2004. O casal foi encontrado baleado e morto à época na sede da agência de publicidade que funcionava na casa onde morava em Perdizes, Zona Oeste da capital. Luiz tinha 40 anos de idade e Alessandra, 33. Rugai tinha 20 anos na época.


A Polícia Civil e o MP acusaram o ex-seminarista de matar as duas vítimas a tiros depois que seu pai descobriu que o filho desviava dinheiro da empresa. Gil Rugai, que também trabalhava no local, sempre negou o crime.


Luiz foi baleado com seis tiros: um deles o atingiu nas costas e outro na nuca. Alessandra foi atingida por cinco disparos.


Desde o crime, Gil Rugai já teve diversas entradas e saídas da prisão. Desde 2016, ele cumpre a pena na P2 de Tremembé. Em 2021, ele progrediu ao regime semiaberto, mas chegou a ter o benefício suspenso em abril do ano seguinte, o que conseguiu reverter na Justiça dois meses depois.


Fonte: g1

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