terça-feira, fevereiro 07, 2023

PF encontra indígena morto e outro ferido com garimpeiros na Terra Yanomami, diz ministra

A Polícia Federal encontrou um jovem indígena morto e outro ferido com garimpeiros na região de Homoxi, na Terra Indígena Yanomami, disse a ministra do Povos Indígenas, Sonia Guajajara, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (6). Além disso, a ministra foi informada de outros dois assassinatos de Yanomami na região de Parima.


A vítima foi assassinada com um tiro na barriga e outro foi ferido à bala também na barriga. Os dois são da região de Haxiú. Testemunhas da comunidade contaram que foi de sexta para sábado e por conflito com garimpeiros.


Garimpeiros que não conseguem sair da Terra Yanomami se aglomeram na pista do Homoxi — Foto: Júnior Hekurari Yanomami/Divulgação


O sobrevivente ferido foi levado no helicóptero da FAB para um hospital em Boa Vista. A PF está abrindo inquérito para apurar as causas do homicídio e da tentativa de homicídio e quem são os autores dos crimes.


A ministra esteve na Terra Yanomami, onde foram feitos sobrevoos às comunidades mais afetadas pelos invasores, incluindo Homoxi, onde dezenas de garimpeiros tomaram a pista (assista no vídeo mais abaixo).


A Polícia Federal está no território para apurar a denúncia sobre a morte dos três indígenas por garimpeiros ilegais no território. De acordo com a ministra, o corpo foi entregue para a família para fazer o ritual fúnebre próprio da cultura, e o ferido está sendo removido para o atendimento de saúde.


"Ministro da Justiça agilizou com a Polícia Federal e com a Força Nacional que chegou lá hoje e lá foi encontrado um corpo no meio dos garimpeiros e mais um ferido. O corpo foi entregue para a família para fazer o ritual fúnebre próprio da cultura, e o ferido está sendo removido para o atendimento de saúde. É uma situação de urgência e emergência permanente", disse.

Sobre os dois indígenas assassinados na região de Parima, a ministra disse que os dois corpos ainda estão lá, pois a região é de mata fechada e precisa do auxílio dos próprios indígenas para que haja o acesso.


Neste domingo (5), um bebê Yanomami, de 1 ano e 5 meses, com quadro grave de desnutrição, desidratação e problemas respiratórios morreu em Surucucu. Ele era da comunidade de Pahayd, região do Haxiu, e havia sido resgatado na tarde desse sábado (4).


Maior território indígena do Brasil, a Terra Yanomami enfrenta uma das piores crises sanitárias da história em três décadas de demarcação. Devido ao avanço do garimpo ilegal na região, crianças e adultos enfrentam casos severos de desnutrição e malária.


A invasão do garimpo predatório, além de impactar no aumento de doenças no território, causa violência, conflitos armados e devasta o meio ambiente - com o aumento do desmatamento, poluição de rios devido ao uso do mercúrio, e prejuízos para a caça e a pesca, impactando nos recursos naturais essenciais à sobrevivência dos indígenas na floresta.



Doentes, os adultos não conseguem buscar comida para a família ou cultivar plantações na terra devastada, o que impacta na dieta das crianças, as mais fragilizadas. É um ciclo que leva à fome e tem provocado a grave crise humanitária no território.


Crise humanitária Yanomami

Em janeiro deste ano, o presidente Lula esteve em Roraima para acompanhar a crise sanitária dos Yanomami. Na ocasião, ele prometeu pôr fim ao garimpo ilegal na Terra Yanomami. Ele classificou a situação dos indígenas doentes como desumana.


A Terra Yanomami tem mais de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados de Amazonas e Roraima, onde fica a sua maior parte. São cerca de 30 mil mil indígenas vivendo na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.


A região está em emergência de saúde desde 20 de janeiro e inicialmente por 90 dias, conforme decisão do governo Lula. Órgãos federais auxiliam no atendimento aos indígenas.


As ações de desintrusão - expulsão dos garimpeiros do território, devem ser coordenadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, que no último dia 30 publicou a criação de um grupo de trabalho para elaborar, em 60 dias, medidas de combate ao garimpo ilegal em terras indígenas.


Fonte: g1

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