sexta-feira, novembro 11, 2022

Guido Mantega pede adiamento de eleição de presidente do BID e contesta indicação de Ilan Goldfajn por Bolsonaro

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O ex-ministro Guido Mantega confirmou nesta sexta-feira (11) em entrevista à GloboNews que entrou em contato com autoridades econômicas de países das Américas para pedir o adiamento da eleição do novo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).


Segundo Mantega – que foi ministro da Fazenda e do Planejamento nos governos Lula –, a intenção foi contestar a indicação, pelo governo Jair Bolsonaro, do economista e ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn para a presidência da instituição.


"Nós sabemos que o BID vem de uma crise forte justamente porque o seu presidente foi nomeado pelo presidente Trump e não tinha a representatividade adequada entre os países membros do BID, que são a América Latina e a América Central. Por sinal, o presidente Bolsonaro apoiou esse presidente [Mauricio] Carone, que está sendo mandado embora de lá porque cometeu várias irregularidades e não representava bem a América Latina, que é o principal participante do BID", disse Mantega.


"Recebi alguns telefonemas de antigos colegas, ministros, pessoas da área econômica da América Latina se queixando que não estavam satisfeitos com o encaminhamento dessa eleição para a presidência. Então, resolvi entrar em contato, mandei sim um email para a Janet Yellen, secretária do Tesouro americano. E andei conversando com vários ministros da Economia de vários países latino-americanos, no sentido de buscar um candidato de união para esses países", prosseguiu.



Segundo Mantega, o governo Jair Bolsonaro "tentou dar mais um golpe" ao enviar a candidatura de Ilan Goldfajn ao BID às vésperas da eleição presidencial. Com isso, mesmo derrotado nas urnas, Bolsonaro teria a chance de emplacar um nome de seu interesse na instituição financeira.


"Nao estou dizendo que [Ilan] seja um mau candidato, mas o Bolsonaro tentou dar mais um golpe, criar um fato consumado e fazer um presidente do BID de forma equivocada. Não foram negociar com a Argentina, o Peru, a Colômbia, o Uruguai, eles lançaram um candidato simplesmente", afirmou o ex-ministro.


A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou em entrevista no fim da manhã que acharia "de bom tom" o adiamento da eleição.


"Em relação ao BID, nós não orientamos, mas eu acharia de bom tom eles adiarem. Nós temos um governo que foi eleito agora e não tem por que não esperar a posse do governo", disse


O atual ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou Goldfajn, ex-presidente do Banco Central (BC), como candidato do Brasil ao cargo de presidente do BID.


A eleição está marcada para 20 de novembro. O presidente é eleito por um período de cinco anos, podendo ser reeleito apenas uma vez. O BID é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional de países da América Latina e do Caribe.



O presidente anterior do BID, o norte-americano Mauricio Claver-Carone, não concluiu o mandato e foi demitido após um escândalo sexual, acusado de favorecer uma funcionária com quem se relacionava.


Ilan não tem apoio, diz Mantega

Questionado pela GloboNews, Mantega negou a hipótese de o governo eleito apoiar o nome de Ilan Goldfajn para o BID em uma tentativa de garantir uma presidência brasileira inédita no banco. Segundo o ex-ministro, Ilan "não tem o apoio de ninguém".


"Ele não tem apoio de ninguém. Essa é a questão. Você lançar um candidato, sem você negociar com os outros países, esse candidato vai falar sozinho porque a essa altura já foram lançados mais cinco candidatos. Então você veja: se houvesse uma unanimidade em relação a ele, os outros países não lançariam", afirmou.


O ex-ministro disse que conversou com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre o assunto – e que, de fato, seria importante ter um brasileiro na presidência do BID. Mantega discordou, no entanto, de que a melhor forma de atingir esse objetivo seria apoiar a candidatura já colocada.


"Se houvesse uma prorrogação, aí, você poderia conversar com os outros e poderia ser um candidato brasileiro, ou poderia ser um argentino, poderia ser um colombiano. O importante é como você nomeia esse candidato, os compromissos que ele vai assumir, a composição da diretoria, porque tão importante quanto presidente são os vice-presidentes. Então, você veja, o Bolsonaro não conseguiu um funcionário, um vice-presidente no BID. Ele apoiou o Trump e colocaram esse americano lá, e não conseguiu eleger um candidato. Então, você veja, não vamos repetir esse comportamento equivocado", disse.


Fonte: g1

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