quinta-feira, abril 21, 2022

Rússia afirma ter capturado Mariupol, mas desiste de último ponto de controle ucraniano; Kiev diz que resiste

O governo da Rússia afirmou nesta quinta-feira (21) que capturou Mariupol, a cidade mais atacada desde o início da invasão russa na Ucrânia e considerada estratégica para Moscou. No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou ter desistido de capturar o complexo metalúrgico de Azovstal, onde mais de 2.000 soldados ucranianos e 120 mil civis se concentram.


O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reconheceu que a Rússia ocupou maior parte da cidade mas afirmou que suas tropas ainda controla parte de Mariupol.


A Ucrânia não confirmou a queda de Mariupol mas afirmou que as tropas russas não são capazes de conquistar o complexo, que tem 6 km² e muitos túneis e passagens subterrâneas, além de dezenas de galpões. Azovstal é uma das maiores metalúrgicas da Europa inteira e fica na área do porto da cidade, considerada estratégica pela Rússia justamente por ter saída para o mar de Azov e estar entre as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk e a da Crimeia, que foi anexada por Moscou em 2014.


Fumaça acima da siderúrgica Azovstal e os portões destruídos do estaleiro Azov, em imagens de 19 de abril — Foto: Câmara Municipal de Mariupol / via AFP Photo


"Considero que o ataque proposto na zona industrial não é apropriado. Ordeno o cancelamento do ataque. Precisamos pensar (...) na vida de nossos soldados e oficiais. Não há necessidade de entrar nestas catacumbas e rastejar no subsolo através das instalações industriais. Bloqueiem toda a área industrial para que nem mesmo uma mosca possa escapar", afirmou o líder russo.

Segundo o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, os cerca de dois mil combatentes e civis ucranianos que resistem no complexo "estão cercados, e o perímetro da siderúrgica está bloqueado com segurança”. Putin prometeu poupar a vida dos que se renderem.



"Proponham mais uma vez a todos aqueles que não entregaram as armas que o façam, o lado russo garante as vidas e que serão tratados com dignidade", afirmou Vladimir Putin, em recado às suas tropas.


O presidente da Rússia disse ainda que quer preservar vidas de soldados e civis na cidade.


Corpos de civis são vistos perto da siderúrgica Azovstal, em Mariupol, na Ucrânia. — Foto: Alexei Alexandrov / AP Photo


Já a Ucrânia afirmou que a Rússia desistiu de atacar o complexo após perceber que suas tropas são incapazes de tomá-lo por força.


"Eles fisicamente não podem tomar o controle de Azovstal, eles entenderam isso após sofrerem grandes perdas lá. Nossos combatentes continuam resistindo", afirmou o conselheiro da Presidência da Ucrânia Oleksiy Arestovych nesta quinta-feira (21).



Ainda segundo Arestovych, a Rússia transferiu parte das forças que lutavam em Mariupol ao norte da Ucrânia para reforçar tropas que tentam conquistar as regiões de Donetsk e Lugansk. Ambas as áreas são controladas por separatistas pró-russos mas continuam sendo ucranianas.


Corredor humanitário

Após a Rússia afirmar que tomou Mariupol, a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, exigiu nesta quinta-feira (21) que os russos permitam a saída urgente de civis e soldados feridos da usina Azovstal, por meio de um corredor humanitário.


"Há cerca de mil civis e 500 soldados feridos lá. Todos eles precisam ser retirados de Azovstal", disse Vereshchuk em uma rede social.


Tanques russos avançam sobre área próxima a Mariupol — Foto: Alexei Alexandrov / AP photo


Passou de cinco milhões o número de pessoas que deixaram a Ucrânia desde que a Rússia invadiu o país. Na quarta-feira (20), pouca gente conseguiu fugir da cidade portuária de Mariupol – um dos maiores alvos na ofensiva e que estava sitiada há semanas.


Uma nova tentativa foi feita para retirar cerca de 6 mil civis de Mariupol, mas foram poucos os que conseguiram embarcar nos ônibus. O prefeito informou que 100 mil moradores permanecem na cidade sitiada.


A Azovstal, fundada há quase 90 anos, na era soviética, chegou a empregar mais de 10 mil pessoas até a invasão russa.


Fonte: g1

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