sexta-feira, setembro 17, 2021

Energia mais cara tem impacto maior nas famílias de baixa renda



A conta de luz mais cara está pesando muito mais para as famílias que ganham menos.


Dona Conceição trabalha em casa. Faz bolos e tortas. Tenta o que pode para economizar, mas tem hora que não tem jeito.


“Quando posso evitar fazer alguma coisa que precisaria e pode fazer manualmente, eu faço. Mas tem determinadas receitas que só com batedeira dá certo. Porque se não der certo eu perco o cliente”, diz Conceição Braga, culinarista, confeiteira e doceira.


Doce mesmo, só o que ela faz, porque a conta de luz....


“Está bem salgada, muito salgada”, afirma.


A energia elétrica acumula alta de 10% este ano, 21% nos últimos 12 meses. Bem acima da taxa média da inflação oficial.


A energia mais cara, que pesa no bolso de toda a população, tem um impacto ainda maior nas famílias de baixa renda. Em média, a conta de luz corresponde a 4,5% do orçamento dos brasileiros. Mas pode comprometer até 10% da renda de famílias que ganham até dois salários mínimos. Ou seja, de cada R$ 100, R$ 10 vão para a conta de energia.


“Não dá para deixar de pagar essas contas. Então toda vez que uma delas fica mais cara, a família tem que reduzir seu consumo em algo que já é essencial. O que a gente percebe é um arrocho no orçamento familiar, é a renda ficando cada vez menor para dar conta das principais despesas do lar”, explica André Braz, economista da FGV/Ibre.



E não é só com energia elétrica que o brasileiro está gastando mais. Em agosto, 72% dos itens avaliados pelo IBGE aumentaram de preço, o maior percentual do ano.


A família de Felipe já cortou o que podia.


“Utilizar a geladeira menos tempo aberta, tomadas desnecessárias não estão sendo conectadas, luzes desnecessárias nem pensar, cortamos totalmente os banhos quentes e, mesmo assim, a minha conta que mês passado era R$ 234, este mês veio R$ 303”, conta Felipe Mariottini, assistente administrativo.


Segundo especialistas, faltou planejamento do governo para contornar a crise hídrica. Com os reservatórios vazios, foi necessário ligar termelétricas, que produzem energia mais cara, e ainda importar energia. Este mês, começou a valer a bandeira escassez hídrica, que encarece ainda mais a conta até o ano que vem.


“O caminho de solução do governo foi bastante incompleto. Tarifa faz parte você tentar fazer um ajuste para conter demanda. Mas o que a gente estava vendo acontecer desde o primeiro semestre era que isso não é suficiente. Outra parte seria o governo avisando a população com mais insistência, com mais contundência, de que a gente precisa diminuir consumo de energia para evitar problema mais grave lá na frente de racionamento de energia, de blecaute”, afirma Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.


Fonte: Jornal Nacional

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