domingo, agosto 15, 2021

Talibã volta à capital do Afeganistão 20 anos após ser expulso pelos Estados Unidos

O Talibã voltou, neste domingo (15), à capital do Afeganistão, Cabul, 20 após ser expulso pelas tropas dos Estados Unidos. A retomada da cidade ocorre em meio à retirada dos militares americanos do país.


Foto de 2001 mostra as forças da Aliança do Norte entrando em Cabul, na derrocada do regime Talibã — Foto: Shah Marai/AFP


Em 2001, os norte-americanos agiram contra o Talibã em reação aos ataques de 11 de setembro, se juntando à Aliança do Norte, uma organização desenvolvida pelo Afeganistão para unir a população e combater o grupo extremista.


Naquela época, o Talibã, então liderado por Mohammed Omar, controlava 90% do Afeganistão, embora nunca tenha sido reconhecido como governo pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os únicos países que reconheciam a autoridade dos talibãs eram Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Paquistão.


O então presidente americano, George W. Bush, foi quem ordenou a invasão do país depois que o os talibãs se recusaram a entregar Osama bin Laden, o arquiteto do atentado às Torres Gêmeas. Bin Laden morreu em 2011, em uma operação dos Estados Unidos no Paquistão, já no governo de Barack Obama.


O Paquistão e Arábia Saudita se tornaram aliados regionais dos EUA, e os talibãs passaram à luta armada contra os americanos e o novo governo afegão constituído.


Segundo a ONU, mais de 100 mil civis foram mortos ou feridos no conflito apenas na última década. Desde o início dos conflitos, os EUA gastaram mais de US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,2 trilhões) em despesas militares no Afeganistão.


Soldados da Otan guardam local de confronto com grupo talibã em março de 2013. — Foto: Omar Sobhani / Reuters


Acordo de trégua

Ainda no governo de Barack Obama, alguns prazos foram estipulados para a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão.


A princípio, até janeiro de 2017, data da troca de presidentes nos Estados Unidos, o país não teria mais soldados em território afegão. Contudo, na época, Obama declarou que o Afeganistão não estava pronto ainda para a retirada completa das tropas e apenas reduziu o contingente para 9 mil militares.


Sob o governo de Donald Trump, os americanos e o Talibã assinaram em fevereiro de 2020 um acordo que previa a retirada completa, em 14 meses, das tropas americanas e da Otan do território afegão.


A retirada das tropas americanas do Afeganistão dependia do cumprimento, pelo Talibã, de compromissos previstos no acordo – como não permitir que a Al-Qaeda ou qualquer outro grupo extremista opere em áreas controladas por ele.


Os talibãs também se comprometeram a não enfrentar tropas estrangeiras, mas seguiu com ações contra o exército afegão durante este período.


Durante a gestão de Joe Biden, o governo americano anunciou uma mudança no cronograma de saída das tropas: a retirada completa das tropas ocorreriam não mais até 1º de maio, mas sim em setembro de 2021.


Em julho deste ano, os soldados dos Estados Unidos deixaram a base aérea de Bagram e entregaram o espaço para a administração do governo afegão.


Apesar de um número não identificado de militares ainda permanecer no país, a ação marcou o fim dos quase 20 anos de guerra desde os atentados de 11 de setembro de 2001.


Fonte: G1

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