quarta-feira, julho 14, 2021

Covaxin: fala de março de diretora da Precisa contradiz versão apresentada pela empresa à CPI



Uma fala de março, no Senado, da diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, contradiz a versão apresentada pela própria empresa à CPI da Covid sobre documentos da compra da vacina indiana Covaxin.


A Covaxin entrou na mira da comissão parlamentar de inquérito devido às suspeitas de irregularidades que envolvem o governo e a Precisa, intermediária do negócio com o laboratório indiano fabricante do imunizante.


Emanuela Medrades seria ouvida nesta terça-feira (13) pela comissão, mas se disse "exausta" e pediu ao presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM) para depor nesta quarta. Aziz atendeu ao pedido (vídeo abaixo), mas exigiu dela o compromisso de que responderá aos questionamentos dos senadores. No período da manhã, amparada em uma decisão do Supremo Tribunal Federal, ela estava se recusando a responder.


O registro de uma audiência pública realizada em março pelo Senado Federal e da qual Emanuele Medrades participou foi identificado por um grupo de internautas e enviado para integrantes da CPI. O vídeo foi publicado pelo portal Metrópoles, e o conteúdo confirmado pelo G1.


Os advogados da diretora disseram que houve uma "imprecisão" (leia mais abaixo).


Na audiência do Senado, realizada em 23 de março, Emanuela Medrades falou sobre a documentação da Covaxin entregue para análise pelo governo.



"Na quinta-feira passada, nós fizemos o pedido, encaminhamos as 'invoices' [espécie de recibo com informações básicas da compra] e alguns documentos. Temos alguns documentos para serem retransmitidos ao pessoal do Dimp [Divisão de Importação do Ministério da Saúde]. Estão todos supersolícitos, atendendo-nos de uma forma, pensando realmente na urgência que o assunto demanda", disse a diretora na oportunidade.


A quinta-feira anterior à audiência foi 18 de março. A informação é relevante porque a data exata do envio do documento se tornou um ponto de debate na CPI.


A fala de Emanuela Medrades reforça o que foi feito pelo servidor do ministério Luis Ricardo Miranda e por William Santana, funcionário terceirizado da pasta.


Eles disseram em depoimentos à comissão que a primeira "invoice" da Covaxin foi enviada pela Precisa no dia 18 de março. O documento não tinha uma série de informações necessárias, além de divergências com o contrato, como a previsão de pagamento antecipado pelas doses. Essa invoice, mais tarde corrigida pela empresa, foi apresentada por Miranda como um dos indícios de irregularidades na compra.


A Precisa, no entanto, disse à CPI que a primeira invoice não foi enviada no dia 18, e sim no dia 22 de março — o que seria a véspera da participação de Emanuela Medrades na audiência do Senado.


A empresa entregou um laudo pericial privado que diz que o documento foi produzido apenas no dia 19, e enviado no dia 22, quando foi incluído no sistema do ministério.


Com isso, não seria possível, por exemplo, que o servidor Luis Ricardo Miranda tivesse acesso ao documento quando foi com o irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro.


A visita ao presidente ocorreu em 20 de março e, segundo o deputado e seu irmão, o presidente foi comunicado sobre as possíveis irregularidades na compra. Diante das versões conflitantes, a CPI discutiu pedir à Polícia Federal que periciasse os documentos.



Versão dos advogados

Sobre o possível conflito com a declaração de Emanuela Medrades em março, os advogados da diretora negam que exista uma contradição.


"Quanto ao referido vídeo, trata-se claramente de uma imprecisão. Existe um fato objetivo: a 'invoice' foi enviada no dia 22. E as provas são: o arquivo é do dia 19, uma perícia já comprovou que nunca houve adendo ao Dropbox e e-mail foi enviado no dia 22 ao MS, com respectivo registro no SEI no dia 22 e não no dia 18", afirmaram os advogados da diretora da empresa.


Fonte: G1

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