quinta-feira, fevereiro 25, 2021

'Estamos entrando em colapso', diz secretário de Saúde de SC; estado tem fila de espera por leitos de UTI Covid-19

O secretário de Saúde de Santa Catarina, André Motta, admitiu que o estado está enfrentando um colapso na saúde por causa do coronavírus. Em mensagem enviada aos prefeitos catarinenses, ele pede medidas para diminuir a circulação de pessoas.


"Preciso informar a todos que a situação da pandemia deteriorou no Estado todo e, a exemplo do que acontece nas regiões mais a Oeste, estamos entrando em colapso! Todos os esforços de Estado e municípios, até então, são insuficientes em face à brutalidade da doença. Infelizmente, percebesse fenômeno similar no resto do país, disse Motta.

Desde março, ao menos 652,8 mil pessoas tiveram diagnóstico positivo de coronavírus e 7,1 mil desses infectados morreram. Na terça-feira (22), o governo estadual encaminhou pedido de apoio ao Ministério da Saúde por causa da possibilidade de faltar remédios de 'kit intubação'. Os estoques são insuficientes em muitos hospitais.


Na quarta-feira (24), Santa Catarina atingiu a maior taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Sistema Único de Saúde (SUS) em toda a pandemia: 91,18%. Esse número é relativo aos leitos de UTI-geral e UTI-Covid.


Hospital Regional São Paulo (HRSP), em Xanxerê, no Oeste de Santa Catarina — Foto: Ana Lucietto/Divulgação/HRSP


Pacientes com Covid-19 esperam por vagas em unidades de saúde ao redor do estado. No início da tarde desta quinta-feira (25), 83 pacientes aguardavam por um leitos de UTI, segundo dados internos da Secretaria de Estado da Saúde (SES) que o G1 teve acesso (veja mais abaixo).


Medidas restritivas

No comunicado aos prefeitos, além de pedir medidas contra a Covid-19, o secretário estadual solicita esforço na área da saúde.


"'Solicito aos gestores municipais que tomem medidas emergenciais para diminuir significativamente a circulação das pessoas, mantendo apenas serviços essenciais e que convoquem toda a força de trabalho da Saúde para o enfrentamento", pediu o secretário estadual aos gestores municipais.

Na noite de quarta-feira (24), o Estado publicou um decreto com novas restrições em Santa Catarina validas por 15 dias a partir desta quinta (25). Diferente da solicitação aos municípios, não há fechamento de serviços não essenciais no documento publicado no Diário Oficial do Estado. Também não há restrição à circulação de pessoas, como ocorreu em outro decreto publicado em dezembro.


Casas noturnas e de espetáculos não podem funcionar e é proibido venda e consumo de bebidas alcoólicas em postos de combustíveis e suas lojas de conveniência entre 0h e 6h em todos os níveis de risco. Bares, restaurantes e shoppings não podem funcionar de madrugada.


O transporte coletivo e rodoviário pode continuar circulando, mas com 50% de ocupação. No entanto, em Joinville, no Norte do estado, houve registro de aglomerações e os usuários enfrentaram dificuldades para conseguir ir sentado no ônibus.


Fila de espera por UTIs


Além dos 83 pacientes apontados nos dados internos da Secretaria, pode haver mais pessoas aguardando pois somente são enviados pedidos de internação de pacientes com condição de transporte para longas distâncias no caso das transferências. Ou seja, doentes que estão internados em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) não entram na fila, por exemplo, já que precisam passar por um hospital para estabilização antes de entrarem na contabilização do estado. ]


Em ofício enviado ao Estado, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) pediu que a Secretaria de Estado da Saúde informe quantas pessoas de fato esperam por uma UTI e de quais cidades essas pessoas são.


Com o gargalo, o governo estuda protocolos para desocupar o mais rápido possível os leitos e aumentar a rotatividade entre os pacientes. Durante audiência pública na Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (Alesc) na quarta-feira (24), o superintendente de regulação no estado, Ramon Tartari, falou sobre a mudança de protocolos:


"O consumo de leitos é absurdo e os pacientes são graves, de forma que já iniciamos as discussões sobre protocolos e critérios para admitir pacientes em UTI e protocolos de triagem reversa, que é a retirada do paciente de UTI o mais precoce possível para dar maior giro e aceitar pacientes nas UTIs”, explicou.

Na região Oeste, que vive um colapso na saúde, a prefeitura de Chapecó informou que 32 pacientes aguardavam por um leito de UTI ou transferência para outros locais no fim da tarde de quarta-feira (24). Outras 50 pessoas precisavam de vagas em leitos clínicos. Até as 14h desta quinta, o dado atualizado não havia sido repassado.


O Hospital Regional do Oeste (HRO), referência no atendimento para tratamento de Covid-19, atende acima da capacidade nesta quinta. Segundo a prefeitura de Chapecó, onde a unidade está localizada, há 62 leitos de UTI Covid-19, mas 92 pacientes estão internados espalhados em outros setores do local.


Em coletiva de imprensa na tarde de quarta-feira (24), o médico Vinicius Chies de Moraes, que coordena o setor de emergência e o da UTI-Covid no Hospital Regional São Paulo, em Xanxerê, afirmou que difícil decisão de escolher quem será intubado já é uma realidade.


“A situação é desesperadora. E não é uma situação que está por acontecer, ela já aconteceu, e está acontecendo. Nós teremos mortes em grande escala", disse.

No hospital, todos os 20 leitos para tratar pacientes estão ocupados, de acordo com a última atualização da unidade. Cerca de 24 pessoas aguardavam por uma vaga na quarta.


Procurado pelo G1 SC, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou apenas que a regulação está atuando justamente para garantir as transferências necessárias e o pleno atendimento a toda população catarinense. Sobre o número de pessoas que aguardam na fila de espera, a pasta informou apenas que o dado é dinâmico.


Pacientes aguardam internação em UPAs

Em Florianópolis, até as 20h de quarta, as UPAs contavam com oito pacientes aguardando por uma transferência para hospitais da região. Nos locais, os doentes são atendidos com cilindros de oxigênio, mas a prefeitura informou que o mais indicado é que eles sejam internados em unidades de saúde.



Em nota, a prefeitura da capital informou que há algumas semanas atrás os cilindros de oxigênio eram carregados em média três vezes por semana. Atualmente, estão sendo gastos 6 a 12 galões de oxigênio por dia.


Apesar do alto consumo, a administração municipal informou não está com falta de entrega desse serviço até o momento. A prefeitura possui contrato em vigor e disse que garante o fornecimento de cilindros. O município, no entanto, pontou que dois casos de nova variante já foram identificados na cidade. As novas cepas são mais transmissíveis. No total, o estado tem cinco casos confirmados da mutação do vírus.


Fonte: G1

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