terça-feira, dezembro 22, 2020

Delegado preso em operação usou arma de fogo e agrediu empresários para cobrar pagamento de propina, diz MPRJ



O delegado aposentado Fernando Moraes, preso nesta terça-feira (22) em uma operação que investiga um esquema de propina e extorsão dentro da Prefeitura do Rio, é suspeito de ter feito uso de arma de fogo e agressões físicas durante uma reunião com empresários.


A intenção dele era dar continuidade ao pagamento de propina para todos os envolvidos no esquema, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), e não somente a um grupo específico.


A ação desta terça-feira (22), que é um desdobramento de uma operação que investiga um suposto ‘QG da Propina’ na Prefeitura do Rio, também prendeu o prefeito Marcelo Crivella e outros quatro homens (veja vídeo abaixo). Todos foram denunciados pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e corrupção passiva.


O delegado e outros denunciados são acusados de terem oferecido vantagens indevidas a uma empresa para a renovação de contratos com a Prefeitura do Rio, mas, após um outro grupo da própria organização criminosa fazer uma outra abordagem aos empresários, iniciou-se uma disputa interna.


Ao saber que o pagamento da propina havia sido direcionado apenas para alguns integrantes do grupo, o delegado passou a fazer contestações com o objetivo de dividir o valor entre todos os membros.



De acordo com a denúncia, o delegado participou de uma reunião com empresários em que exigiu que os pagamentos fossem interrompidos, pois, para ele, ou todos receberiam ou ninguém receberia. Ainda no encontro, tal exigência foi negada.


Em uma reunião posterior, realizada no Centro do Rio, o delegado chegou visivelmente alterado. De acordo com o MPRJ, ele deu chutes e coronhadas, além de fazer ameaças contra dois empresários -- ele chegou a apontar uma arma para um deles. Após esse encontro, os pagamentos de propina foram interrompidos até que os membros se organizassem internamente.


'QG da Propina'

As investigações, iniciadas no ano passado, partiram da colaboração premiada do doleiro Sérgio Mizrahy. Ele foi preso na Operação Câmbio, Desligo, um desdobramento da Lava Jato no Rio.


No depoimento, Mizrahy chama um escritório da prefeitura de “QG da Propina” e diz que o operador do esquema era Rafael Alves.


Rafael não possui cargo na prefeitura, mas tornou-se um dos homens de confiança de Crivella por ajudá-lo a viabilizar a doação de recursos na campanha de 2016.


Depois da eleição, o empresário colocou o irmão na Riotur e, segundo o doleiro, montou um “QG da Propina”.


Na decisão que acarretou na prisão dos denunciados, a desembargadora diz que a troca de vantagens e o recebimento de propinas por parte dos membros do citado grupo criminoso se estendeu pelas mais variadas pastas, atingindo cifras milionárias.



Mizrahy afirma que empresas que tinham interesse em fechar contratos ou tinham dinheiro para receber do município procuravam Rafael, com quem deixavam cheques. Em troca, ele intermediaria o fechamento de contratos ou o pagamento de valores que o poder municipal devia a elas.


Marcelo Alves foi exonerado da Riotur dias depois da operação, em 25 de março.


Os mandados desta terça foram cumpridos pela Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (CIAF) da Polícia Civil e do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (Gaocrim), do MPRJ. A decisão é da desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita.


Fonte: G1

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