quinta-feira, outubro 08, 2020

'Povo argentino, lamento, é o que vocês merecem', diz Bolsonaro sobre governo de país vizinho



O presidente Jair Bolsonaro chamou de "esquerdalha" nesta quinta-feira (8), durante transmissão em rede social, o governo do presidente da Argentina, Alberto Fernández. Após criticar a gestão do país vizinho, disse que isso é o que o povo argentino "merece".


Bolsonaro se referiu à Argentina para rebater críticas que vem sofrendo dos próprios apoiadores, nas redes sociais, por decisões recentes do governo (veja abaixo). Segundo ele, o mesmo aconteceu com o ex-presidente da Argentina Maurício Macri, de tendência liberal, que não se reelegeu em 2019.


"O Macri se elegeu na Argentina há cinco anos, discurso parecido com o meu. Um dos primeiros países que conseguiram se ver livres da turminha do Foro de São Paulo. Era a turminha da Cristina Kirchner, da Dilma. [Macri] Não conseguiu fazer tudo que queria, tinha problemas. Que que o pessoal fez com o Macri? Porrada nele o dia todo, inclusive chamando de abortista", disse Bolsonaro.


"O que aconteceu? Voltou a 'esquerdalha' da Cristina Kirchner. Tome conhecimento o que está acontecendo na Argentina. E detalhe: vi na imprensa hoje que o presidente vai legalizar o aborto na Argentina. Tá aí, povo argentino, lamento, é o que vocês merecem", prosseguiu.

Cristina Kirchner, citada por Bolsonaro, foi primeira-dama da Argentina entre 2003 e 2007, presidente entre 2007 e 2015 e é atual vice-presidente do país.


Argentina e o aborto

Além de desferir ataques ao governo da Argentina, Bolsonaro divulgou informações falsas sobre a gestão de Fernández. O presidente não anunciou nenhuma medida ligada ao aborto nas últimas semanas.


A proposta de legalizar e regulamentar a interrupção da gravidez, de fato, consta entre as promessas de campanha de Fernández. Em março, o presidente da Argentina chegou a anunciar que enviaria um projeto sobre o tema ao Congresso.


Dias depois, com o início da pandemia do novo coronavírus, o assunto ficou paralisado. No fim de setembro, grupos de defesa dos direitos das mulheres protestaram em Buenos Aires para cobrar o envio do projeto de lei.


No último dia 30, segundo divulgou o jornal "Clarín", a ministra de Mulheres, Gênero e Diversidade da Argentina, Elizabeth Gómez Alcorta, afirmou em entrevista que "não está descartado" o envio do projeto ainda em 2020.


O projeto de lei, segundo ela, está pronto desde a declaração presidencial em março, e a decisão final caberá ao parlamento argentino – que, assim como o brasileiro, teve a rotina alterada pela Covid-19.


Em 2018, ainda no governo Macri, uma proposta de legalização foi aprovada pela Câmara da Argentina, mas rejeitada no Senado.


"A penalização do aborto fracassou como política. Mulheres morrem por abortos clandestinos, e outras ficam com graves sequelas de saúde", disse Fernández em declaração no fim de setembro, também divulgada pelo "Clárin".



Na Argentina, cerca de 400.000 abortos clandestinos são realizados todos os anos, de acordo com organizações de direitos das mulheres.


Bolsonaro rebate críticas

As declarações de Bolsonaro sobre a situação política da Argentina foram usadas por ele para rebater críticas de apoiadores em redes sociais – por exemplo, à indicação do desembargador Kassio Marques para uma vaga no Supremo Tribunal Federal.


"A gente tinha dez nomes, bons nomes, mas eu tenho que compor. [...] 'Ah, o Kassio é abortista.' Baseado em que, cara pálida? Acha que eu ia colocar um abortista lá?", questionou Bolsonaro.


"Pessoal que me critica, vocês estão perdendo a chance de bater em mim. Vejam os reitores, eu estou indicando cara do PCdoB, do PSOL, tem universdade que é do PT. É só pegar o Diário Oficial. Chega lista tríplice pra mim e os três são do PSOL. Às vezes é do PT, PCdoB e PSOL, o menos pior é do PSOL", disse.


"Vai chegar pra mim lista tríplice do STJ [Superior Tribunal de Justiça]. A lista vai ser feita pela OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]. Qualquer nome que eu escolha, vocês vão bater. Quer dar porrada em mim, dá por motivo justo", prosseguiu Bolsonaro.


Fonte: G1

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