Nesta eleição, a votação pelo correio deve dificultar ainda mais a apuração.
O vídeo mostra uma caixa de correio americana, que você pode chamar também de urna eleitoral.
A cada eleição, como quem manda uma carta, é que milhões de americanos votam. Em 2020 não vai ser diferente. Quer dizer, vai sim. Um número recorde de eleitores vai usar – ou melhor já está usando - essas “urnas”.
Por causa da pandemia, a expectativa é que até 70 milhões de americanos votem pelo correio. Um número três vezes maior que na eleição de 2016 e que vai representar cerca da metade de todos votos, lembrando que o voto não é obrigatório nos EUA.
E em uma corrida em que aparece consistentemente atrás nas pesquisas, o presidente Donald Trump elegeu o voto pelo correio como motivo para não aceitar o resultado em caso de derrota.
E para entender o cenário em que o país pode mergulhar, é preciso entender como o voto pelo correio funciona, em três aspectos.
Primeiro quem pode votar e como: Todos os estados americanos permitem voto pelo correio, mas todos os estados americanos podem ter suas próprias regras eleitorais. Nove estados enviam cédulas para todos os eleitores automaticamente. Nos outros estados você tem que solicitar as cédulas. E cinco deles pedem que você apresente um motivo a mais, além da pandemia, para votar por correio.
Na maioria o processo é simples: o selo para a devolução da cédula já está pago. É só enviar.
Mas alguns estados complicam um pouco mais. Às vezes muito mais.
Na Pensilvânia, é preciso um envelope secreto de segurança, que vai dentro do envelope normal. No Alabama, você tem que mandar uma cópia da identidade e duas testemunhas têm que assinar a sua cédula.
Segundo: os prazos. Cada estado, claro, tem um diferente. Em alguns, é preciso enviar a cédula duas semanas antes da eleição. Já em Ohio você pode pedir a cédula até dois dias antes da votação.
E por fim a apuração. A essa altura nem é preciso mais dizer que cada estado conta de uma maneira. A Flórida inicia 22 dias antes da eleição. Colorado, 15 dias antes. Arizona, 14.
Mas seis estados não permitem que a contagem comece antes do dia da votação. E nesses lugares a apuração pode se estender por dias, até mais de uma semana.
Agora que você já entendeu como funciona, vamos a confusão. Pelo menos 300 ações judiciais em todo o país já contestam um ou mais desses aspectos do voto pelo correio.
São processos dos dois partidos, tanto Republicano quanto Democrata, mas com objetivos diferentes.
As pesquisas mostram que mais democratas, da oposição, vão votar por correio.
Em alguns lugares, a proporção é de três para um republicano.
O partido do presidente tenta então restringir o voto, o partido do adversário Joe Biden tenta garantir que ele aconteça livremente.
Não há registro de tentativa considerável de fraude nas eleições americanas, nem nenhum indício que isso possa acontecer agora. Mas os analistas políticos apontam um motivo nas repetidas acusações de Trump.
Como mais democratas vão votar pelo correio pode ser que, em alguns estados, no começo da apuração Trump apareça na frente.
E que essa liderança desapareça nos dias seguintes, conforme os votos que forem chegando pelo correio e sendo apurados. É o que eles vêm chamando de miragem vermelha - a cor do Partido Republicano.
E é exatamente aí que muitos analistas depositam seus temores. De que Trump use a miragem para pôr em dúvida os resultados da que promete ser a eleição mais tensa da história americana.
Fonte: G1
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