quarta-feira, outubro 21, 2020

Em meio a disputa sobre vacina para Covid, presidente da Anvisa nega 'influência externa'



O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, negou nesta quarta-feira (21) que o órgão possa sofrer "influência externa" na análise e autorização de eventuais vacinas contra a Covid-19 no Brasil.


Torres deu a declaração a jornalistas após uma reunião com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).


Mais cedo nesta quarta, o presidente Jair Bolsonaro desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que no dia anterior havia anunciado uma negociação para adquirir 46 milhões de doses da vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.


O Instituto Butantan é controlado pelo governo de São Paulo, cujo governador, João Dória, é adversário político do presidente Jair Bolsonaro.


Horas depois das declarações de Bolsonaro, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, afirmou que "não há intenção de compra de vacinas chinesas" e que o protocolo de intenções firmado com o Instituto Butantan não tem "caráter vinculante."


Além disso, o Ministério da Saúde retirou do ar e republicou com alterações um comunicado à imprensa que falava sobre a aquisição de 46 milhões de doses da CoronaVac.


A decisão do presidente Jair Bolsonaro de cancelar o acordo do Ministério da Saúde com o Instituto Butantan foi criticado por governadores de outros estados, que também seriam beneficiados com as vacinas, caso a eficácia ficasse comprovada e as doses fossem efetivamente adquiridas pego governo federal.


"Esse processo [de análise e liberação de vacinas pela Anvisa] não sofre nenhuma alteração, influência ou ação de qualquer outra situação que não a ciência e o apego à boa técnica. Portanto, não há influência externa nesse sentido”, disse Barra Torres a jornalistas.


O diretor-presidente da Anvisa disse ainda que, para a agência, "pouco importa de onde vem a vacina", negando que a vacina de origem chinesa possa sofrer prejuízo na análise.


"A Anvisa não participa de compra do governo, de medicamento ou insumo, e as políticas de saúde são competências do Ministério da Saúde", disse ele. "O nosso dever é fornecer a resposta de que o produto tem ou não tem segurança e eficácia", completou.


Data para liberação de vacina

Barra afirmou ainda não haver uma data pré-definida para a concessão de registro a qualquer uma das quatro vacinas em desenvolvimento no país.


Segundo ele, nenhum pedido de registro foi feito para a agência, mas, quando isso ocorrer, será analisada dentro “do menor e do melhor tempo”.


“Não há nenhuma data predefinida para a conclusão de estudos ou para o fornecimento de registro a qualquer uma das quatro vacinas em análise neste momento na agência”, afirmou.


O diretor-presidente da Anvisa disse entender a “angústia” e a “pressa” para ter a vacina, mas que todo o protocolo será seguido sem atropelos.



“Temos dito, desde o início, que lançaremos mão do menor e do melhor tempo, mas não temos a menor pretensão de identificar uma data”, disse.


O encontro de Barra Torres com Doria aconteceu a pedido do governador de SP. Nas palavras do governador, se tratou de uma “visita de cortesia” e não houve nenhum pedido de registro de vacina.


Também participaram da reunião o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, além de alguns parlamentares.


Fonte: G1

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