terça-feira, setembro 22, 2020

'Delirante', 'negacionista' e 'infundado': entidades criticam o discurso de Bolsonaro na ONU

 O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (22), em discurso na 75ª Assembleia das Nações Unidas (ONU), que o Brasil é "vítima" de uma campanha "brutal" de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal.



O presidente Jair Bolsonaro durante gravação de discurso para a 75ª Assembleia Geral da ONU — Foto: Marcos Corrêa/PR


A gestão ambiental do governo brasileiro é um dos principais motivos de críticas que o país recebe da comunidade internacional. Desde o ano passado, entidades, países e personalidades contestam as políticas do Brasil para o meio ambiente.


Observatório do Clima

A entidade caracterizou o discurso como "delirante", que "expõe o país de forma constrangedora" e confirma as preocupações de investidores internacionais. A nota ressalta que, ao negar a crise ambiental, Bolsonaro pode incentivar o desinvestimento e o cancelamento de acordos comerciais que seriam importantes para a recuperação econômica pós-pandemia.



“Ao arrasar a imagem internacional do Brasil como está arrasando nossos biomas, Bolsonaro prova que seu patriotismo sempre foi de fachada” – Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

“[Bolsonaro] acusou um conluio inexistente entre ONGs e potências estrangeiras contra o país", disse Astrini. "Ao negar a realidade e não apresentar nenhum plano para os problemas que enfrentamos, é Bolsonaro quem ameaça nossa economia. O Brasil pagará durante muito tempo a conta dessa irresponsabilidade. Temos um presidente que sabota o próprio país.”


Greenpeace

Em nota divulgada pelo Greenpeace, a entidade diz que o discurso negacionista de Bolsonaro "envergonha o povo brasileiro e isola o Brasil do mundo". O texto destaca que o país já foi líder mundial no combate ao desmatamento, mas que desde que Bolsonaro assumiu segue no caminho para se tornar líder em desmatamento.


A entidade cita dados do Global Florest Watch, que mostram que o Brasil foi o país que mais destruiu suas florestas em 2019 e que a situação se agravou neste ano, e critica a postura de Bolsonaro que minimiza ou tenta negar esta realidade.


“Negar ou minimizar o drama ambiental que o Brasil vive neste momento, resultado da política do governo Bolsonaro, agrava a difícil situação que o país enfrenta" – Mariana Mota, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil.

"Lamentavelmente, já estamos habituados a ouvir o presidente faltar com a verdade, desqualificar a ciência e buscar culpabilizar terceiros ao invés de assumir a responsabilidade constitucional que possui", diz Mota.


A coordenadora do Greenpeace destaca que ao ignorar ou negar o que chamou de "tragédia nos biomas brasileiros", Bolsonaro pode significar condenar o futuro de todos os brasileiros.


“Ao invés de negar a realidade, em meio a destruição recorde dos biomas brasileiros, o governo deveria cumprir seus deveres constitucionais em prol da proteção ambiental e apresentar um plano eficiente para enfrentar os incêndios que consomem o Brasil”, finaliza Mota.


WWF Brasil

Gabriela Yamaguchi, diretora de engajamento da organização, divulgou uma nota criticando o que chamou de uma fala "cheia de acusações infundadas e ilações sem base científica" e citou como exemplo o ponto que Bolsonaro diz que as queimadas são provocadas pelos índios e caboclos.


Gabriela destaca ainda que o presidente descreveu em seu discurso "um Brasil que não existiu em 2020, em completo negacionismo da realidade do país".


Oxfam Brasil

A diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia, disse em nota que o governo Bolsonaro se especializou em "disseminar a 'pós-verdade' para eximir-se da responsabilidade pelos graves problemas que o país enfrenta".


A organização desmentiu o discurso que acusou os povos tradicionais pelas queimadas na Amazônia, no cerrado e no Pantanal.


"O governo brasileiro pouco ou nada fez para garantir os recursos e as ações necessárias para o combate aos crimes ambientais que vêm sendo cometidos nos principais biomas nacionais."


Fonte: G1

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