quinta-feira, julho 23, 2020

Justiça Federal manda Ibama afastar servidora suspeita de tráfico internacional de animais

A Justiça Federal de Brasília mandou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) afastar uma servidora suspeita de envolvimento em um esquema de tráfico internacional de animais silvestres e exóticos.

Cobra Naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico  — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília
Cobra Naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília

De acordo com a investigação, Adriana da Silva Mascarenhas expediu uma licença de "coleta, captura e transporte" de serpentes que não pertencem à fauna brasileira. O documento foi encontrado pela Polícia Civil e por agentes do Ibama durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão na casa do estudante de medicina veterinária Gabriel Ribeiro de Moura – suspeito de abandonar a cobra naja após o amigo, Pedro Henrique Krambeck ser picado pelo animal, no dia 7 de julho.

"Há fortes indícios de seu envolvimento com fatos investigados relacionados à organização de tráfico internacional de animais silvestres, bem como de prática de ato de improbidade na emissão de licenças para transporte de animais", diz trecho da decisão.

Ainda de acordo com o juiz, a servidora deve ser afastada já que tem acesso autorizado às dependências do Ibama, "o que pode interferir na apuração dos fatos e no levantamento probatório". A reportagem não localizou a defesa da funcionária.

Em nota, o Ibama informou que tem atuado em conjunto com a polícia e "já está em andamento um processo administrativo disciplinar interno para investigar suposta participação de servidor no caso". O órgão informou que Adriana já foi afastada do cargo.

Servidor do Ibama é afastado por suspeita de envolvimento com caso — Foto: Marco Freitas/Arquivo pessoal
Servidor do Ibama é afastado por suspeita de envolvimento com caso — Foto: Marco Freitas/Arquivo pessoal

A Justiça apontou ainda que quando a licença foi expedida, Adriana era coordenadora do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Ibama. Durante a operação, uma caixa com a marca do Cetas foi apreendida na casa dos estudantes investigados por tráfico.

"A licença expedida pela ré [...] demonstra a intenção deliberada da servidora em conceder a licença infringindo norma legal [...] o que afasta possível alegação de erro de procedimento."
Além disso, a investigação apontou ainda que Adriana emitiu outras licenças para animais silvestres, incluindo a um mico-estrela para sua manicure e dois papagaios para uma amiga do namorado.

Afastada do Cetas
Na última sexta-feira (17), o Ibama informou que "um servidor" havia sido afastado do Cetas. Na época, o órgão não havia informado o nome do funcionário.

De acordo com o Ibama, um processo administrativo disciplinar interno foi instaurado para investigar a suposta participação de funcionário no caso. À época, o instituto não detalhou quais suspeitas levaram ao afastamento da funcionária.

Relembre o caso

O estudante de veterinária Pedro Henrique Krambeck foi picado pela cobra naja no dia 7 de julho. Ele chegou ao hospital consciente, mas o quadro se agravou nas primeiras horas e ele foi levado para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)

O estudante precisou receber soro antiofídico do Instituto Butantan, em São Paulo, por causa da picada da naja – uma das cobras mais venenosas do mundo, originária de regiões da África e da Ásia. A unidade era a única que possuía o soro no país.

Segundo os investigadores, o estudante criava a serpente em casa, ilegalmente. Após o incidente, a naja foi localizada em uma caixa próximo a um shopping no Setor de Clubes Esportivos Sul. De acordo com a polícia, Gabriel Ribeiro – preso nesta quinta-feira (22) – foi o responsável por abandonar a serpente no local.

No dia seguinte ao incidente, após uma denúncia anônima, a Polícia Militar Ambiental apreendeu as outras 16 cobras que seriam do estudante: dez serpentes exóticas – originárias de outros países – e outras seis cobras silvestres brasileiras.

Fonte: G1

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