quarta-feira, junho 17, 2020

Cariocas reclamam do serviço de entrega dos Correios e relatam atrasos de quase 3 meses

O serviço de entrega dos Correios vem recebendo muitas críticas dos moradores do Rio de Janeiro por atrasos durante a pandemia. Em alguns casos, a demora já está perto de completar 3 meses.

Atraso nas entregas para a Zona Sul já está perto de completar 3 meses — Foto: Arquivo pessoal: Miriam Ramalho
Atraso nas entregas para a Zona Sul já está perto de completar 3 meses — Foto: Arquivo pessoal: Miriam Ramalho

Segundo o site ReclameAqui, que agrega queixas dos usuários em todo Brasil, os Correios tiveram 24.109 reclamações do serviço de entrega, só nos últimos seis meses. Cerca de 35% das reclamações são sobre o atraso nas entregas.

A empresa alega que a pandemia da Covid-19 afetou o serviço no Rio de Janeiro e informa que funcionários terceirizados serão contratados para reforçar a equipe das unidades com problemas.

Segundo os Correios, a partir da segunda quinzena de junho será possível observar "uma nítida melhora" dos serviços.

40 livros parados

O Centro de Distribuição do Leblon acumula encomendas atrasadas desde março, segundo um funcionário — Foto: Arquivo pessoal: Miriam Ramalho
O Centro de Distribuição do Leblon acumula encomendas atrasadas desde março, segundo um funcionário — Foto: Arquivo pessoal: Miriam Ramalho

A fotógrafa Miriam Ramalho é uma das moradoras do Rio que se queixam da precariedade do serviço da empresa. Segundo ela, uma remessa de 40 livros que vieram de São Paulo está parada na Central de Distribuição do Leblon desde o início de abril.

Miriam é autora do livro Benin, uma coleção de imagens e histórias sobre o país africano. Ela conseguiu, através de um financiamento coletivo, pagar os custos de edição e distribuição do seu projeto. Todos os 137 colaboradores que ajudaram na pré-venda teriam direito de receber um exemplar do livro antes do lançamento oficial.

Os livros ficaram prontos no dia 8 de abril, quando foram colocados para entrega, em uma unidade dos Correios em São Paulo. Ao todo, 97 exemplares chegaram ao destino. Os outros 40 se perderam no caminho. O custo de envio de todo material ficou em R$ 1.157,65.

"Eu achei muito esquisito. Tenho pessoas de Belém que receberam, em Minas Gerais, não só na capital, mas em outras cidades, no Espírito Santo, na Bahia, em São Paulo e em outros bairros do Rio de Janeiro, fora da Zona Sul. Os livros que deveriam chegar aos clientes de Copacabana, Ipanema, Leblon, Humaitá, Botafogo e Jardim Botânico não chegaram", contou.

Como o problema foi local, Miriam decidiu investigar e chegou até o Centro de Distribuição Leblon, unidade responsável por fazer a triagem das entregas da Zona Sul. Lá, a fotógrafa constatou o que mais temia.

"Fui até lá e encontrei uma sala lotada de coisas. Sacos grandes por toda a sala. Impressionante. Era uma quantidade enorme de encomendas largadas", disse Miriam, que contou que um funcionário da unidade afirmou que algumas encomendas estavam lá desde março.

O Centro de Distribuição Leblon, unidade responsável por fazer a triagem das entregas da Zona Sul, está lotado — Foto: Arquivo pessoal
O Centro de Distribuição Leblon, unidade responsável por fazer a triagem das entregas da Zona Sul, está lotado — Foto: Arquivo pessoal

A maior revolta de Miriam foi ver pouca gente trabalhando. Segundo ela, quem estava lá tentou fazer o melhor possível, buscando ajudar em sua busca, mas com a quantidade de encomendas paradas e a chagada diária de novos pacotes, Miriam acredita que o serviço nunca vai ser colocado em ordem.

"O pior de tudo é porque é meu nome que está em jogo. Eu prometi para essas pessoas que elas receberiam meu livro. Além disso, se esses livros forem extraviados eu vou ter que pagar a produção de mais 40 unidades e vou entregar. Não posso deixar de cumprir o combinado", reclamou a fotógrafa.
Miriam disse que, na última vez que esteve na unidade Leblon, nesta terça-feira (16), um funcionário informou que apenas 6 dos 40 livros estavam lá. Segundo ele, os outros deveriam estar nas unidades de distribuição do Humaitá, Botafogo, Copacabana e Tijuca.

"Amanhã vou pro Centro de Distribuição de Copacabana. Tenho que encontrar meus livros", relatou Miriam em mais um dia de peregrinação.
Outros problemas
O atraso nas entregas dos correios não é uma exclusividade da Zona Sul da cidade.

Débora Figueira, dona de uma loja online de bijuterias, reclama que quatro encomendas de clientes enviadas através dos Correios por carta simples ainda não chegaram aos seus destinatários. Ela fez o envio no dia 18 de maio e nenhum cliente recebeu até o momento. Todos eles moram no Rio.

“Somente a encomenda em carta registrada que enviei para Curitiba chegou, e chegou rápido. As do Rio, que foram em carta simples, que não tem como rastrear, não chegaram até agora. E não tem como saber o que aconteceu, estou achando que roubaram”, contou ela, que mora no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, e enviou os pedidos para moradores do Méier, na Zona Norte, e de Niterói, na Região Metropolitana.

Marcos Mefano foi outro cliente que também relatou nas redes sociais um problema com uma entrega.

"Atualmente tenho pelos Correios uma encomenda postada a 94 dias e outra a 17 dias. Elas aparecem no rastreamento, mas estão completamente paradas", relatou.

"Não posso depender de um serviço assim tão instável. Sempre que possível escolho produtos de quem usa transportadora", acrescentou.
O que diz a empresa
Em nota, os Correios responderam que existe um quadro de desaceleração geral das atividades por conta da pandemia da Covid-19 e que o Rio de Janeiro figura entre os mais afetados pela doença.

"Em atenção à saúde de seus empregados, uma das medidas adotadas pelos Correios foi a instituição de trabalho remoto para os empregados classificados como grupo de risco – conforme parâmetros estabelecidos pelas autoridades de saúde –, bem como para aqueles que coabitam com pessoas nessas condições".
A empresa lembra também que houve um "expressivo aumento do tráfego de encomendas" durante o isolamento social.

Os Correios afirmam que para amenizar os problemas foram contratados 2 mil empregados terceirizados, e mais de 7 mil horas extras foram autorizadas, além de mais de 70 linhas de transporte de carga e tratamento especial de encomendas oriundas de transações eletrônicas.

"De acordo com as previsões da área operacional, a partir da segunda quinzena de junho será possível observar uma nítida melhora dos serviços dos Correios no Rio de Janeiro".
A empresa informou ainda que os clientes com problemas devem acionar os Correios por meio dos canais de relacionamento, telefones 3003-0100 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 725 7282 (demais localidades), ou pelo Fale Conosco, no site www.correios.com.br, para que o problema possa ser averiguado e solucionado.

Fonte: G1

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