quarta-feira, junho 17, 2020

Ex-assessor da Casa Branca diz que Trump pediu ao presidente da China ajuda para se reeleger, diz imprensa dos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu a Xi Jinping, da China, que o ajudasse nas eleições presidenciais norte-americanas de 2020. Para isso, o republicano pediu ao líder chinês que comprasse produtos agrícolas de fazendeiros dos EUA.

Donald Trump e Xi Jinping se encontraram em Osaka, no Japão. — Foto: Kevin Lamarque / Reuters
Donald Trump e Xi Jinping se encontraram em Osaka, no Japão. — Foto: Kevin Lamarque / Reuters

Esse é um dos trechos do livro que deve ser publicado nos próximos dias pelo ex-assessor de Segurança Nacional dos EUA John Bolton, divulgados nesta quarta-feira (17) por veículos de imprensa norte-americanos como "The Washington Post", "The New York Times" e a agência Associated Press.

O pedido, segundo Bolton, ocorreu em junho de 2019, na reunião do G20 no Japão. Primeiro, Xi teria reclamado sobre os ataques feitos por autoridades dos EUA à China, e Trump respondeu que essas hostilidades partiam do Partido Democrata, de oposição.

Em imagem de fevereiro de 2019, Donald Trump escuta John Bolton, então seu conselheiro de segurança, falar — Foto: Leah Millis/File Photo/Reuters
Em imagem de fevereiro de 2019, Donald Trump escuta John Bolton, então seu conselheiro de segurança, falar — Foto: Leah Millis/File Photo/Reuters

"Ele [Trump] então, surpreendentemente, mudou o assunto para as eleições presidenciais dos EUA, mencionando a capacidade econômica da China em afetar campanhas em andamento e pedindo a Xi que garantisse sua vitória", diz o trecho, segundo o "Post".
O presidente Trump tenta na Justiça adiar o lançamento do livro "The Room Where It Happened: A White House Memoir" ("A Sala Onde Aconteceu: Uma Memória da Casa Branca", em tradução livre), previsto para semana que vem.

A Casa Branca argumenta que a publicação terá conteúdo confidencial. Para Trump, Bolton pode sofrer "um problema criminal" se ele não desistir do lançamento (saiba mais sobre as discussões em torno do livro no fim da reportagem).

'Invadir Venezuela seria uma boa'

Presidente dos EUA, Donald Trump, durante reunião na Casa Branca nesta segunda-feira (15) — Foto: Leah Millis/Reuters
Presidente dos EUA, Donald Trump, durante reunião na Casa Branca nesta segunda-feira (15) — Foto: Leah Millis/Reuters

De acordo com a imprensa norte-americana, o livro inclui trechos que mostram a inabilidade de Trump em conhecimentos sobre outros países, inclusive aliados. Por exemplo, o presidente chegou a perguntar se a Finlândia — país independente — fazia parte da Rússia. E, segundo Bolton, o republicano ficou surpreso ao saber que o Reino Unido é uma potência nuclear.

A publicação também inclui uma menção feita por Trump de que uma invasão à Venezuela seria "uma boa" e disse que via o país sul-americano "realmente como parte dos Estados Unidos".

No ano passado, o presidente dos EUA disse repetidas vezes que "todas as opções estavam à mesa" sobre a crise no governo venezuelano gerada pelo impasse entre o regime de Nicolás Maduro — inimigo da Casa Branca — e a oposição liderada por Juan Guaidó, que obteve apoio dos EUA.

Quem é John Bolton

John Bolton atuou como conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca entre março de 2018 e setembro de 2019 — quando acabou demitido por apresentar "discordâncias fundamentais" sobre como lidar com políticas externas em relação ao Irã, Coreia do Norte e Afeganistão, segundo o jornal "The New York Times".

Em novembro de 2018, Bolton visitou o Brasil e se reuniu com Jair Bolsonaro. Ele foi o primeiro emissário do governo Trump a visitar o então presidente eleito.

Em janeiro deste ano, a notícia de que Bolton estava prestes a publicar um livro de memórias sobre o tempo que passou na Casa Branca gerou tensão nos arredores de Trump — sobretudo porque se temia que o ex-assessor daria provas sobre o caso do telefonema com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

O processo de impeachment de Trump com base no suposto pedido de interferência externa passou pela Câmara, mas o republicano acabou inocentado após julgamento no Senado.

Fonte: G1

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