sábado, abril 25, 2020

Leitos do Hospital Tarcísio Maia para a Covid-19 estão lotados

O Hospital Estadual Tarcísio Maia, em Mossoró, é a primeira unidade hospitalar pública do Rio Grande do Norte a ter todos os leitos clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid-19 ocupados. A situação foi confirmada pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) nesta sexta-feira, 24. Ao todo, 17 leitos, sendo 10 UTIs e 7 clínicos com respiradores, estão com pacientes. A unidade é referência para assistência aos pacientes de Mossoró na rede pública.

Créditos: Sumaia Vilela/ABR
Leitos do Hospital Tarcísio Maia para a Covid-19 estão lotados ...
Amostras extraídas do corpo da mulher que morreu em Parnamirim foram analisadas no Pará

Até essa sexta-feira, Mossoró possuía 110 casos confirmados de coronavírus, nove mortes confirmadas e outras cinco em investigação. Junto com outros municípios da região Oeste, Mossoró forma uma das 10 regiões do Brasil com maior coeficiente de mortalidade por coronavírus, com 14 mortes para cada 1 milhão de habitantes até o dia 13 de abril. A área preocupa por conta da proximidade com o Ceará, que é um dos Estados com maior números de casos confirmados e óbitos por Covid-19. Nesta sexta-feira, um morador de Fortaleza que estava internado em Mossoró morreu.

Além do Hospital Tarcísio Maia, o Estado tem outros 10 leitos contratados na Associação de Proteção e Assistência à Maternidade e Infância de Mossoró (Apamim) em funcionamento, mas reservados a gestantes com Covid-19. A Sesap informou que o paciente que normalmente iria para o Tarcísio Maia “precisará ser regulado para outra unidade com as características específicas para o caso dele.”

O Hospital Estadual Rafael Fernandes, também localizado em Mossoró e incluído no plano de expansão de leitos do Estado, ainda está sem UTIs para atender a demanda de pacientes com coronavírus que não possam ser atendidos no Tarcísio Maia. A Sesap/RN planeja a abertura de 11 leitos intensivos, mas não tem previsão de data para a abertura.

Desde o início da pandemia de coronavírus, a Sesap/RN tem enfrentado duas dificuldades principais para abrir os leitos: a compra de respiradores e a disponibilidade de profissionais. No Hospital Rafael Fernandes, os leitos previstos ainda não têm os equipamentos. Para o Tarcísio Maia, 10 outros leitos de UTI estão com equipamentos garantidos, mas não tem equipe médica para serem abertos.

A previsão de abertura desses outros 10 leitos é “na semana que vem”, disse Cipriano Maia nesta sexta-feira. Isso depende, entretanto, da disponibilidade de profissionais de saúde. A Sesap contratou 220 profissionais no dia 16 de abril para permitir a ampliação nos hospitais estaduais, mas eles ainda passam por um “processo de treinamento” antes de serem destinados para operar novos leitos.

Interlocutores afirmaram à reportagem que os leitos do Hospital Tarcísio Maia podem ser abertos neste fim de semana, mas a divulgação foi evitada devido à situação de instabilidade na execução dos planos.

Obstáculos para a rede municipal
A ampliação da rede de assistência também enfrenta obstáculos na Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró. Apesar do plano de abrir um hospital de campanha municipal para operar com 35 leitos e quatro com assistência intensiva, a Prefeitura não consegue contratar a quantidade de profissionais necessários. Um processo aberto para contratar 24 médicos teve o prazo final prorrogado por duas vezes, mas apenas 15 demonstraram interesse. A previsão de abertura dessa unidade é para semana que vem.

Outro plano para a cidade é a estruturação de 100 leitos, sendo 65 clínicos e 34 de UTI, no Hospital São Luiz. Também gerenciado pela Apamim, esses leitos são resultados de um acordo firmado entre o Ministério Público do Rio Grande do Norte com a Prefeitura de Mossoró e o Estado. A previsão inicial é que comecem a operar em 20 dias, após a data prevista para o colapso da rede de saúde, entre os dias 2 e 6 de maio.

Complicadores
A situação do Hospital Tarcísio Maia acaba por colocar a pandemia de coronavírus no Rio Grande do Norte em um estágio mais crítico em um momento em que há a retomada gradual das atividades. Até a segunda-feira, o Estado tinha 23% de ocupação de leitos na rede pública, mas essa taxa dobrou em quatro dias e chegou a 46,9% nesta sexta-feira, 24. São 46 internados em 98 leitos.

As autoridades estaduais de Saúde começaram a alertar para o risco de aumento na semana passada porque a Sesap/RN avaliou que mais pessoas estavam indo às ruas do que nas primeiras semanas de distanciamento social, iniciado na semana de 15 a 21 de março. Os reflexos do comportamento social costumam aparecer na rede de saúde dentro de um intervalo de 15 dias.

Exame não indica presença de vírus em mulher
A investigação do caso de Maria Roberlândia de Carvalho, paciente que faleceu na Unidade de Pronto Atendimento de Parnamirim no dia 19 de março, não identificou a presença do novo coronavírus ou de outros vírus gripais no quadro de pneumonia que a levou à morte. Depois de mais de um mês no Instituto Evandro Chagas, o diagnóstico do óbito foi mantido como pneumonia pela Sesap/RN nesta sexta-feira, 24, após os resultados dos exames.

Maria Roberlândia faleceu uma semana depois do primeiro caso confirmado de coronavírus no Rio Grande do Norte e levantou a suspeita das autoridades. Caso o novo coronavírus fosse confirmado, ela seria a primeira morte causada pelo vírus no Rio Grande do Norte. 

Oficialmente, o professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Luiz di Souza, foi o primeiro, no dia 28 de março.
Roberlândia tinha 47 anos de idade e era faxineira de uma loja de venda de carros seminovos. Ela não havia sido identificada como paciente suspeita do novo coronavírus quando morreu. O exame para identificação da doença não foi realizado antes da morte dela.

Ela morava com o marido, o filho, a nora e uma neta de quatro anos de idade no bairro de Nova Parnamirim. Roberlândia procurou o médico na rede particular quando os sintomas se agravaram, no dia 17 de março, e faleceu dois dias depois. Toda família esteve gripada, mas não realizou testes para coronavírus.

A Secretaria de Saúde de Parnamirim afirmou à imprensa no dia da morte que os médicos que atenderam Maria Roberlândia na UPA afirmaram que ela apresentava situação compatível com quadro bacteriano e não com Covid-19. Entretanto, a Secretaria chegou a admitir a possibilidade de ela ter se contaminado pelo vírus.

Fonte: Tribuna do Norte

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