terça-feira, março 31, 2020

Doria diz que vai acionar Justiça caso Bolsonaro determine reabertura do comércio em meio à pandemia de coronavírus

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), prometeu acionar a Justiça caso o presidente Jair Bolsonaro assine um decreto que determine a reabertura do comércio e demais atividades econômicas em meio à pandemia de coronavírus.

 Presidente Jair Bolsonaro na portaria do Palácio da Alvorada, em Brasília — Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Presidente Jair Bolsonaro na portaria do Palácio da Alvorada, em Brasília — Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

O estado de São Paulo tem 113 mortos por coronavírus e 1.517 casos confirmados , segundo balanço da Secretaria Estadual da Saúde divulgado nesta segunda (30).

"Em relação ao presidente Bolsonaro, prometer um decreto para reabertura do comércio, se vier a implementar ou tomar uma decisão desse tipo quero informar que o governo do estado de São Paulo tomará medidas judiciais para evitar que isso aconteça. Em São Paulo, nós não vamos permitir que nenhum ato responsável se sobreponha a o posicionamento sereno, responsável e equilibrado do estado através do seu governo e das prefeituras de São Paulo", afirmou Doria.

O governador de São Paulo e o presidente da República têm trocado acusações desde o estado de São Paulo decidiu adotar medidas restritivas de circulação da população para evitar a proliferação do vírus.

A declaração de Bolsonaro sobre a vontade de fazer um decreto determinando o fim do isolamento social foi dada após ele passear pelo comércio de Brasília no domingo (29) e convocar as pessoas a voltarem a trabalhar. A medida vai na contramão das orientações dadas pelo Ministério da Saúde e de especialistas da área médica.

Na volta do passeio, o presidente Jair Bolsonaro voltou a se posicionar contra o isolamento social mais geral, defendido por autoridades de saúde do mundo inteiro. Defendeu apenas o isolamento de idosos e grupos de risco. Usando seu linguajar costumeiro, disse que é preciso poupar vidas, mas que todos vão morrer um dia e que é preciso atenção para o impacto da pandemia na economia.

"Temos o problema do vírus? Temos. Ninguém nega isso daí. Devemos tomar os devidos cuidados com os mais velhos, com as pessoas do grupo de risco. Agora, o emprego é essencial. Essa é uma realidade, o vírus tá aí, vamos ter que enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, pô. Não como um moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida, todos nós iremos morrer um dia. Queremos poupar a vida? Queremos. Na parte da economia, o Paulo Guedes tá gastando dezenas de bilhões de reais, que é do orçamento, que é dinheiro do povo. Se bem que nem dinheiro é, pegamos autorização do Congresso para furar o teto, que vai ser paga essa conta lá na frente", afirmou.

O presidente justificou o passeio alegando que foi conhecer as necessidades do povo. Disse que não anunciou sua visita previamente, mas não comentou o fato de que a simples presença de um presidente atrai aglomerações, condenadas pelas autoridades de saúde porque aumentam o risco de contágio: "Hoje é domingo, tem pouca gente na rua. Agora, eu não marquei nada em lugar nenhum, fui tudo de forma inopinada. 'Vamos lá, entra aqui, para aqui'... Já tava o povo lá dentro. Eu não juntei ninguém, 'ah, junta aí, vamos la fazer um oba oba', nada disso. Fui reconhecido. Não teve nenhum grito por parte da população".


Teleconsulta
Especialistas do Instituto do Coração (Incor) e Hospital das Clínicas (HC) vão atender outros médicos de mais de 100 hospitais da rede pública do estado de São Paulo através da teleconsulta a partir desta quarta-feira (1º).

“São Paulo amplifica o protocolo de atendimento em mais de 100 hospitais através da teleconsulta. Esse é um projeto pioneiro de teleconsultas desenvolvido pelo Incor. O Incor é uma referência nacional e internacional, pertence e está integrado ao Hospital das Clínicas em São Paulo que é o maior complexo hospitalar da América Latina. Esse sistema já está a disposição e começa a ser aplicado a partir de amanhã com protocolo de tratamento de pacientes com coronavírus em toda rede em mais de 100 hospitais públicos da secretaria da saúde", afirmou o governador João Doria (PSDB), durante coletiva de imprensa na tarde desta terça (31) no Palácio dos Bandeirantes, na Zona Sul de São Paulo.

De acordo com Doria, o atendimento aos médicos de outros hospitais pode se estender também para a rede privada, se for necessário.

“Isso vai permitir a discussão de casos em tempo real com médicos de outros hospitais da rede e agilização de procedimentos. A agilidade em defesa da vida muitas vezes pode significar a diferença entre viver e não viver. Uma equipe estará em conexão por videoconferência com outros médicos dos hospitais da rede pública, podendo também circunstancialmente poder atender médicos da rede privada se assim for necessário. Eles vão analisar os casos mais complexos sugerindo e fornecendo alternativas de forma rápida e eficiente.”

Santas Casas
O governador João Doria (PSDB) afirmou na tarde desta terça-feira (31) que irá repassar R$ 25 milhões mensais para as Santas Casas do estado e hospitais municipais até o mês de julho. O valor total do repasse será de R$ 100 milhões.


“O governo do estado de São Paulo anuncia neste momento o repasse de R$ 100 milhões para 300 Santas Casas do estado de São Paulo para auxiliar também hospitais municipais, hospitais que são controlados pelos municípios por 120 dias até 31 de julho. Este recurso será repassado todos os meses ao longo desses meses, abril, maio, junho e julho totalizando R$ 100 milhões, portanto, o valor mensal é de R$ 25 milhões para que hospitais municipais e santas casas possam ter um reforço no custeio para o atendimento aos seus pacientes. O objetivo é que esses hospitais aumentem sua capacidade de atendimento. Os hospitais municipais, os 126 hospitais municipais e desafoguem os hospitais, no atendimento de média e alta complexidade para que possam receber sobretudo pacientes com coronavírus”.

De acordo com Doria, a medida deve ampliar em até 30% a capacidade dos leitos nos hospitais de média e grande complexidade, para permitir que o sistema possa funcionar melhor.

Fonte: G1

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