quarta-feira, dezembro 18, 2019

Casos de bullying e discriminação aumentam entre alunos e professores nas escolas de SP, diz pesquisa

Um estudo sobre casos de violência nas escolas divulgado nesta quarta-feira (18) mostra que situações de bullying e discriminação aumentaram entre alunos e professores em São Paulo. A pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva, a pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), também indica que cresceu o percentual de estudantes e professores que declaram ter sofrido algum tipo de violência dentro da escola. Em nota, a Secretaria Estadual de Educação afirmou que a pesquisa não tem credibilidade (leia mais abaixo).

De acordo com o levantamento, em 2019, 22% dos estudantes e 16% dos professores relataram situações de bullying e discriminação dentro das escolas. Há dois anos o índice era de 13% e 8%, respectivamente. A pesquisa mostrou ainda que 38% dos estudantes e 34% dos professores já foi discriminado ou sofreu bullying por expor alguma opinião ou ideia.

Casos de bullying e discriminação aumentam entre alunos e professores nas escolas de São Paulo. — Foto: Divulgação/Locomotiva
Casos de bullying e discriminação aumentam entre alunos e professores nas escolas de São Paulo. — Foto: Divulgação/Locomotiva

Quanto ao percentual de estudantes e professores que declarou ter sofrido algum tipo de violência dentro da escola, o de estudantes saltou de 39%, em 2017, para 48%, em 2019. Já o de docentes saltou de 51% para 54%, no mesmo período.

Cresceu percentual de estudantes e professores que declaram ter sofrido algum tipo de violência dentro da escola.  — Foto: Divulgação/Locomotiva
Cresceu percentual de estudantes e professores que declaram ter sofrido algum tipo de violência dentro da escola. — Foto: Divulgação/Locomotiva

A pesquisa também divulgou que 79% dos paulistas ficou sabendo de algum caso de violência em escola pública no último ano. As situações mais frequentes de violência nas escolas estaduais entre professores envolveram Agressão Verbal (83%), Bullying (70%), Agressão Física (53%) e Vandalismo (56%).

Entre os relatos de agressão física ouvidos pelos pesquisadores há casos como o ocorrido no dia 30 de junho de 2019 em que uma professora foi hostilizada por alunos de uma escola pública de Carapicuíba, na Grande São Paulo. Estudantes destruíram as carteiras e atiraram livros contra a professora. A docente chegou a ser internada com sintomas graves de estresse.

O coordenador da pesquisa, Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, comentou o resultado

“Os índices de violência pioraram. Isso se deve principalmente à criação de um ambiente pautado por um conflito e não pelo diálogo”, afirmou.

O secretário executivo da Educação Haroldo Corrêa Rocha afirmou que a secretaria está trabalhando em uma reestruturação da carreira para professores.

“Isso vai promover uma melhora significativa para o magistério porque os professores são a figura mais importante para no processo de aprendizagem das crianças e eles tem de ser cada vez mais reconhecidos e valorizados para cumprir a sua função. Então trabalhamos intensamente para que o ambiente escolar melhore, seja mais fraterno e é isso que vai garantir melhores condições de aprendizagem. A escola precisa de um bom ambiente para que as crianças aprendam.”

Perfil dos entrevistados
Na pesquisa “Qualidade da educação e Violência” foram entrevistados, entre os dias 05 de setembro e 01 de outubro, 701 professores e 1.000 alunos do estado de São Paulo.

Opinião dos professores
Os professores também participaram da pesquisa, que está em sua terceira edição. A percepção de que o ambiente dentro de sala de aula ficou mais violento passou de 57% em 2014 para 71% nesta última edição da pesquisa.

84% dos entrevistados em 2014 conheciam alguém que tinha sido vítima de violência dentro de sala, contra 90% na edição 2019 da pesquisa. Mais dados:


69 % dos professores da rede pública estadual entrevistados acham ruim ou péssimo o salário que recebem. 35 % dos alunos concordam;
97 % dos professores acham que são menos valorizados do que deveriam;
82 % dos estudantes e 80 % dos outros entrevistados têm a mesma opinião.
A presidente da Apeoesp Professora Bebel atribuiu a ausência de funcionários ao aumento da violência dentro das escolas.

“Não dá para professor se virar com tudo. Os alunos vão para o intervalo e não tem funcionário. Precisaria aumentar uns 50% só para começar”, afirma.

A Secretaria Estadual da Educação informou que não conhece os resultados da pesquisa. E falou o que está fazendo para valorizar a carreira de professor e diminuir a violência.

Secretaria Estadual de Educação
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação afirmou que a pesquisa não tem credibilidade técnica "por estar ligada a uma entidade que possui interesses políticos partidários". Disse ainda que "construída de maneira enviesada a pesquisa não reflete a realidade da rede estadual de educação".

Em relação a violência nas escolas, a secretaria afirmou que "a Seduc-SP lançou, em outubro, o Programa Conviva SP, que visa identificar a vulnerabilidade de cada unidade escolar. O objetivo é gerar dados que traduzam o clima e a vulnerabilidade de cada escola para a implementação do Método de Melhoria de Convivência Escolar (MMCE). A Seduc espera elevar os índices de aprendizagem dos alunos".

Fonte: G1

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