quarta-feira, fevereiro 20, 2019

Ex-candidata a deputada em MG diz que assessores de ministro do Turismo pediram transferência de verba de campanha

Resultado de imagem para Bolsonaro fará pronunciamento na TV para defender reforma da Previdência, diz porta-voz

Ex-candidata a deputada estadual em Minas Gerais, Cleuzenir Barbosa declarou ao "Jornal Nacional" que assessores do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, pediram que ela transferisse para empresas dinheiro público de campanha. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público de MG, que apura o uso de candidaturas de laranjas.

Cleuzenir, que saiu candidata pelo PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, já repassou informações e outras supostas candidatas laranjas da sigla também vão ser ouvidas. O MP também vai requisitar documentos e notas fiscais dos envolvidos.

Clauzenir Barbosa diz que recebeu verbas de campanha do agora ministro, que era presidente do PSL em Minas Gerais e disputava uma vaga de deputado federal.

Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", Cleuzenir afirmou que o ministro do Turismo sabia do esquema para PSL para lavar dinheiro. Ela está em Lisboa e disse que foi para lá porque se sente ameaçada. Nesta terça-feira (19), ela confirmou as acusações ao repórter Leonardo Monteiro, da TV Globo.

"Eu fui candidata a deputada estadual, e fazia 'dobrada' com o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio, que é hoje o ministro do Turismo. E, no meio da caminhada da campanha, eu fui convidada por dois assessores do Marcelo Álvaro, que é o Raissander de Paula e o Robertinho Soares, para que eu transferisse dinheiro para uma gráfica com a qual eu não estava fazendo serviço algum", afirmou.

"Eu achei aquilo muito estranho. De imediato, a gente detectou que tinha erro. Conversando com meu advogado, com meu contador, decidimos que não faríamos o jogo que eles haviam pedido que a gente fizesse, que eram as transferências."

Sobre sua mudança para Portugal, Cleuzenir disse: "A gente, que é vítima, precisa correr, ao passo que quem devia correr era os bandidos. Só que a gente é que tem que ficar escondendo, protegendo família. Por exemplo, eu tenho um filho de 16 anos, não posso dizer em qual escola que ele está, qual curso ele tá fazendo, não posso deixar ele postar nada em redes sociais, uma questão de vigilância. Então, assim, e o rapaz tá em pleno vigor, né?, de querer ir em redes sociais".


O promotor de Justiça Eleitoral Fernando Ferreira Abreu disse: "Envolve aí apropriação indébita dos recursos do fundo partidário da mulher, no âmbito eleitoral, e eventual falsidade ideológica, justamente pelo uso de pessoas que não seriam candidatas, mas que figuraram como candidatas somente pra ser consideradas pra fins de cota. De participação das mulheres no pleito eleitoral. Que pode, eventualmente, caracterizar o crime de falsidade ideológica".

O procurador quer saber o conteúdo dos depoimentos das testemunhas para depois avaliar a necessidade de ouvir o ministro.

O ministro Marcelo Álvaro Antônio reafirmou, em nota, que jamais orientou qualquer assessor ato ilícito e que, ao tomar conhecimento da denúncia, determinou que ela fosse apurada. Ele declarou ainda que Cleuzenir foi chamada a prestar esclarecimentos e nunca apresentou qualquer indício que atestasse a veracidade das acusações. O ministro afirmou que encara a investigação do Ministério Público como uma ótima oportunidade para esclarecer.

Outro caso
Também nesta terça, o presidente do PSL, deputado Luciano Bivar, almoçou com o presidente Jair Bolsonaro. Foi o primeiro encontro público dos dois no Palácio do Planalto desde as denúncias de candidaturas Laranja. Bivar minimizou a crise. "São coisas tão pequenas, que não merecem nem comentário", disse.

Luciano Bivar era dirigente do PSL em Pernambuco durante a campanha eleitoral do ano passado. Uma candidata do partido, Maria de Lourdes Paixão, recebeu do PSL R$ 400 mil para concorrer a uma vaga na Câmara Federal. Ela teve apenas 274 votos e não foi eleita. A suspeita é de que o dinheiro tenha sido desviado.

É o mesmo caso de outra candidata, Érika Santos, ex-assessora do ex-ministro Gustavo Bebianno, na época presidente do PSL, que recebeu R$ 233 mil.

É a mesma suspeita de uso de candidatas laranja que recai sobre o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

Supostas candidaturas laranja
Em 4 de fevereiro, uma reportagem da "Folha de S.Paulo" apontou que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, direcionou verbas de campanha a quatro candidatas no estado que são suspeitas de serem laranjas. Uma delas é justamente Cleuzenir.


Em 10 de fevereiro, o mesmo jornal publicou reportagem sobre o caso em Pernambuco. Um dos principais coordenadores da campanha de Bolsonaro, Bebbiano deixou o comando da legenda após o período eleitoral e para assumir o cargo de ministro da Secretaria Geral da Presidência.

Nesta segunda-feira (18), o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, anunciou que o presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir Bebianno.

A demissão foi confirmada em meio a uma crise no governo que se originou com a suspeita do uso das candidaturas de laranjas nas eleições do ano passado. A crise envolveu, além de Bebianno, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente.

Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!