quarta-feira, outubro 24, 2018

70% dos alimentos vêm de fora do RN

Maior parte dos alimentos que chegam à mesa da população potiguar vem de fora do Rio Grande do Norte. Antes de serem consumidos, alimentos como tomate, carnes diversas e o alho, um dos principais ingredientes do tempero brasileiro, percorrem longas distâncias em rodovias. O  percurso está diretamente ligado ao valor do frete, componente que encarece os itens nas prateleiras de supermercados ou feiras livres.    De acordo com o presidente da Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn/RN), Geraldo Paiva Júnior, 70% dos itens alimentícios do mercado vêm de fora do estado.

Resultado de imagem para 70% dos alimentos vêm de fora do RNRN importa grande parte dos alimentos consumidos porque a produção local não é suficiente. 5% vêm de fora do Brasil 

A estimativa de Geraldo Paiva é que 5% sejam fruto de importação. Os principais fornecedores do Brasil são a Argentina e Chile. O alho e pêra, por exemplo, são trazidos em maior parte do Chile. Os países da América do Sul são os principais responsáveis pelas importações, exceto em épocas de final de ano, quando são trazidos vinhos, frutas secas e nozes de outros continentes.

O que encarece mais os itens alimentícios é a logística de transporte para que os produtos cheguem até o Rio Grande do Norte, na avaliação do presidente da Assurn. “ O transporte é um dos fatores que mais pesam no preço, o transporte rodoviário é caro”, ponderou Geraldo Paiva. Maior parte dos produtos produzidos no RN não é suficiente para atender a demanda da população, explicou. 

Um dos exemplos é a cebola. Produzida na região da Baixa Verde e Mossoró, também é comprada no Vale do São Francisco, em Minas Gerais, Bahia , Pernambuco, Sergipe e Alagoas. É dessa região de onde também são trazidas maior parte das uvas consumidas no estado. 
Item essencial na dieta dos brasileiros, a banana consumida no estado é trazida, em maior parte, da região do Vale do Açu, no Oeste potiguar. A região também é conhecida pela exportação de melão. De janeiro a setembro deste ano, vendedores da Central de Abastecimento do Rio Grande do Norte 485 toneladas de banana dessa região. Veio do litoral Sul 1 tonelada de banana Pacovan, e 6 toneladas de banana doce. A Ceasa trouxe 98 toneladas de banana de Macaíba.

Resultado de imagem para 70% dos alimentos vêm de fora do RN
Geraldo Paiva: "o transporte é um dos fatores que mais pesam no preço, o transporte é caro" 

Comerciante há 30 anos no Ceasa, Rosa Queiroz vende banana desde que colocou um ponto comercial no local. Há 15 anos, resolveu vender bananas apenas produzidas na terra. A justificativa: a qualidade do produto. “Por conta do preço, a mercadoria que vem de fora entra mais acessível aqui, mas em compensação a qualidade não é a mesma”, disse Rosa, justificando que o que encarece o produto da terra é o custo com irrigação e energia. 

Produto presente em boa parte das refeições do potiguar, o principal queijo comprado nos supermercados, a mussarela, vem do Pará, Goiás e Minas Gerais, de acordo com a Assurn/RN. Os queijos de manteiga e coalho, em compensação, são produzidos nas cidades do seridó do RN. O maior fornecedor de carnes é a JBS, segundo  Geraldo Paiva Júnior. “Maior parte é trazida do Mato Grosso e Goiás”, explicou. 

No ponto comercial de Antônio Ricardo Borges, na Ceasa, todas as 30 variedades de alimentos são trazidos de fora do Rio Grande do Norte. Um dos itens mais procurados, o morango vem prioritariamente do sul de Minas Gerais. Os produtos mais caros, no entanto, são a maçã verde e a pêra, que vêm do Chile e Argentina. A nível nacional, o produto mais caro é a tangerina. “A qualidade do morango depende de três itens fundamentais, que são a altitude, o solo e o clima”, explicou Borges, que vende produtos para grandes supermercados até donas de casa. 

Agricultura familiar 
No Rio Grande do Norte, a agricultura familiar concentra cerca de  91,3 mil agricultores, considerando apenas os assistidos pela Emater. Os principais arranjos produtivos são a horticultura, mandiocultura, cajucultura irrigada e de sequeiro, fruticultura irrigada, concentrada no polo Mossoró-Assu. O setor movimentou em concessão de crédito, pelo Banco do Nordeste, em 2016, R$ 136 milhões em financiamento. 
O diretor técnico da Ceasa, Hagaci Virgínio, avaliou que maior parte dos produtos vem de fora do RN. Produtos básicos como batata inglesa e cenoura vêm de São Paulo, Mato Grosso e Bahia. O tomate produzido no Rio Grande do Norte não é suficiente para atender a população, sendo necessário trazer de Pernambuco, Paraíba e Ceará. O feijão também vem de fora. “O frete fira em torno de R$ 3 reais o km, o que encarece os produtos”, disse Hagaci.

Principais produtos comprados no RN pela Ceasa por região

As principais regiões fornecedoras de alimentos para o RN atualmente são o Vale do Açu, Litoral Nordeste, Baixa Verde e Mossoró. Veja: 

Vale do Açu

Banana Pacovan  -  302.278 kg

Manga Leite -    179.000 kg

Melão Japonês -   333.600 kg

Mamão Formosa  -   629.600 kg

Litoral sul

Abacate -   620 kg

Melancia Redonda  -  58.150 kg

Batata Doce -   6.930 kg

Macaíba

Abóbora Leite  -  85.950 kg

Batata Doce -   1.313.230 kg

Mamão Formosa  -  246.348 kg

Natal

Banana Pacovan   - 19.000 kg

Abacaxi -  20.550 kg

Melancia Redonda  -  15.000 kg

Litoral Nordeste

Abacaxi -   890.545 kg

Abóbora Leite -   388.950 kg

Banana Pacovan  -  1.422.723 kg

Batata Doce - 1.250.788 kg

Manga Tommy - Atkins  -  900 kg

Agreste Potiguar

Abacaxi -   298.375 kg

Batata Doce -  427.600 kg

Borborema Potiguar

Maracujá  -   643.200 kg

Baixa Verde

Mamão Formosa  -  223.450 kg

Tomate Santa Adelia  -  301.850 kg

Melão Japonês -   140.900 kg

Mossoró

Melão Japonês-  2.073.900 kg

Cebola Pera Nacional  -  242.000 kg

Cebola Branca (Canaria)   -  275.000 kg

Serra de Santana

Maracujá  -  15.440 kg

Seridó Oriental

Tomate Santa Adelia  -  331.800 kg

Fonte: Tribuna do Norte

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!