quarta-feira, outubro 24, 2018

50 novos casos de câncer infantil no RN

Normalmente mais agressivos que o câncer em adultos, o câncer infantil possui, também, maiores chances de cura: de acordo com dados do Hospital Infantil Varela Santiago, principal centro de referência em oncologia pediátrica no Estado, a taxa de sobrevivência alcança os 76%. “Ele deve passar mais um ano em tratamento, porque vai fazer a radioterapia. Mas os avanços já foram muito grandes, e a gente percebe na própria disposição dele”, afirma Rafaela. 

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Rafaela Pereira acompanha tratamento de seu filho José Rodrigo, de 2 anos, no Varela Santiago. Ele me dá forças, diz a mãe 

Diferentemente dos cânceres que costumam atingir os adultos, o infantil é causado, principalmente, por fatores genéticos – porém não hereditários. “Ele é um câncer mais agressivo, e não é passível daquela prevenção que temos para o adulto em relação aos hábitos alimentares, hábitos de vida, consumo do álcool... A melhor forma de prevenção é o diagnóstico precoce”, afirma a oncologista pediátrica Luciana Corrêa.
Mundialmente, a maior parte dos casos de câncer infantil são de leucemia. "As leucemias são responsáveis por 25% dos tumores na infância", explica a médica. As leucemias são seguidas pelos tumores no sistema nervoso central, como os de José Rodrigo, que representam cerca de 20% dos tumores e, depois, os linfomas e os tumores abdominais e ósseos.

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Luciana Corrêa: melhor prevenção é o diagnóstico precoce 

A qualidade da assistência em saúde nos municípios é um fator determinante para o diagnóstico precoce. “O grande problema está na acessibilidade do paciente do serviço básico de saúde até o oncologista. É aí que está o calcanhar de aquiles que muitas vezes impede o diagnóstico precoce”, afirma Luciana Corrêa. As deficiências existentes na rede básica, em especial a falta de pediatras que possam atender os pacientes e encaminhá-los aos oncologistas nos primeiros sinais de suspeita de câncer, muitas vezes determinam a capacidade de dar um diagnóstico precoce e aumentar as chances de sucesso no tratamento. 
No Varela, a maior parte dos pacientes que estão em tratamento vêm da capital. Apesar de não haver estudos que comprovem uma relação direta entre a dificuldade de acesso ao sistema de saúde no interior e o número de pacientes encaminhados ao Hospital, o diretor do centro de oncologia pediátrica  do Varela Santiago, Wilson Cleto de Medeiros Filho, afirma que isso pode indicar que muitos sequer chegam a receber o diagnóstico. “O aumento do câncer infantil é de 1% ao ano, em valores reais. Aqui, não fazemos o diagnóstico de todas as crianças, mas na nossa concepção, muitas ainda ficam sem diagnóstico”, afirma.

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Wilson Cleto: muitas crianças ficam sem diagnóstico no RN 

“Talvez isso seja um reflexo da qualidade de assistência em saúde. Em Natal, é possível que a facilidade de acesso seja melhor do que no interior, onde sabemos que há uma série de dificuldades como a falta de médicos, por exemplo”, completa Wilson. 
Números
50 é a média de novos casos diagnosticados anualmente de câncer infantil no RN;

12, 5 mil é a estimativa de novos casos de câncer infantil para o Brasil em 2019;

2.750 desses casos devem acontecer no Nordeste;

80% são as chances de cura estimadas para os cânceres que acometem crianças e adolescentes, quando diagnosticados precocemente.

Quem
Essa é a terceira reportagem da série “Por trás dos números” que traz, nesta última semana do mês de outubro, o tema do câncer. No último domingo (21), teve início a primeira das sete reportagens sobre o tema, apresentando os números da doença e as dificuldades de acesso ao tratamento no Rio Grande do Norte. Ao longo da semana, entrevistaremos pessoas que estão em tratamento ou que conseguiram superar uma das doenças mais matam no Brasil.

Fonte: Tribuna do Norte

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