domingo, abril 29, 2018

Ataque aéreo de coalizão árabe no Iêmen mata dezenas de rebeldes

Milhares marcharam em funeral de líder político Saleh al-Sammad no Iemen neste sábado (28) (Foto: Mohamed al-Sayaghi/Reuters)
Milhares marcharam em funeral de líder político Saleh al-Sammad no Iemen neste sábado (28) (Foto: Mohamed al-Sayaghi/Reuters)

Dezenas de rebeldes, incluindo dois comandantes, foram mortos em um ataque da coalizão liderada pela Arábia Saudita no Iêmen, informou a imprensa saudita neste sábado (28). O novo ataque aéreo foi realizado na sexta-feira à noite na capital iemenita Sanaa, controlada pelos rebeldes, segundo a televisão estatal saudita Al-Ekhbariya. As informações são da agência France Presse.

Os rebeldes huthis confirmaram o ataque, sem fornecer mais detalhes. Os hutis são membros de um grupo rebelde que também é conhecido como Ansar Allah ("Partidários de Deus", em tradução livre), que seguem uma corrente do islamismo xiita conhecida como zaidismo. Eles tomaram a capital Saana em janeiro de 2015.

Em resposta a este novo ataque, rebeldes dispararam oito mísseis contra o território saudita. Mas as autoridades sauditas disseram que interceptaram quatro mísseis sobre a cidade fronteiriça de Jizan.

Trata-se de uma grande baixa desde a morte do maior líder político dos rebeldes, Saleh al Sammad, morto em ataque aéreo no dia 19 de abril.

Com a proliferação dos ataques direcionados contra os rebeldes, a Arábia Saudita continua firmemente decidida, segundo especialistas, a favorecer uma solução militar para o conflito que já causou quase 10 mil mortes e uma grave crise humanitária. Entenda.

Segundo o canal Al-Ekhbariya, mais de 50 rebeldes, incluindo dois comandantes, pereceram no ataque em Sanaa, que teve como alvo uma reunião na sede do ministério do Interior para preparar o funeral de Saleh Al-Sammad, líder do Conselho Político Supremo Huthi, assassinado em 19 de abril em um ataque reivindicado pela coalizão.

Marcha por líder político
Neste sábado (28), em Sanaa, milhares de partidários dos huthi marcharam pelas ruas no funeral de Saleh al-Sammad.

Saleh al-Sammad é a maior figura política rebelde a ser morta desde o início do conflito. Seu comboio foi atingido em Hodeida, no oeste do país.

Este assassinato foi "o maior sucesso da coalizão até agora e isso indica que suas capacidades de inteligência estão melhorando", aponta Adam Baron, especialista no Conselho Europeu de Relações Exteriores.


Mas, segundo ele, no passado, os huthis "perderam líderes-chave e conseguiram se recuperar".

A escalada dos ataques sauditas coincide com a visita do novo secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, neste sábado, a Riad, para seu primeiro contato com autoridades sauditas.

Apoiador dos hutis beija poster de líder político Saleh al-Sammad, morto em ataque áero (Foto: Mohamed al-Sayaghi/Reuters)
Apoiador dos hutis beija poster de líder político Saleh al-Sammad, morto em ataque áero (Foto: Mohamed al-Sayaghi/Reuters)

Arábia Saudita e Estados Unidos acusam o Irã de fornecer mísseis aos huthis. Teerã diz que apoia os rebeldes iemenitas, mas nega armá-los.

A guerra no Iêmen tomou gradualmente um rumo de "guerra por procuração" entre a Arábia Saudita sunita e o Irã xiita, os dois pesos-pesados da região.

Em 17 de abril, o novo enviado da ONU para o Iêmen, o britânico Martin Griffiths, prometeu fornecer "dentro de dois meses um quadro de negociações".

Neste contexto, um líder do grupo extremista Estado Islâmico (EI) no Iêmen teria sido morto e três outros membros da organização presos neste sábado durante uma ofensiva de tropas do governo no sul do país, segundo a polícia.

Saleh Nasr Fadl al-Bakhshi, "emir" da facção do EI nas regiões de Aden e Abyan, foi morto em uma operação contra um esconderijo do EI no norte de Aden, indicou à AFP um policial.

Prédio destruído por ataque aéreo saudita em Saana em guerra de 2015, no Iêmen (Foto: Reuters/Mohamed al-Sayaghi)
Prédio destruído por ataque aéreo saudita em Saana em guerra de 2015, no Iêmen (Foto: Reuters/Mohamed al-Sayaghi)

A guerra no Iêmen
Essa guerra tem suas raízes no fracasso de uma transição política que supostamente traria estabilidade ao Iêmen após uma revolta na sequência da Primavera Árabe, em 2011, que forçou a saída do poder do ex-presidente Ali Abdullah Saleh, após 33 anos – ele acabaria sendo morto em dezembro, acusado de traição. Na época, ele passou o comando do país para o seu então vice, Abd-Rabbu Mansour Hadi, informa a BBC.

Hadi enfrentou uma variedade de problemas, incluindo ataques da Al-Qaeda, um movimento separatista no sul, a resistência de muitos militares que continuaram leais a Saleh, assim como corrupção, desemprego e insegurança alimentar.

O movimento huti, que segue uma corrente do islã xiita chamada zaidismo e havia travado uma série de batalhas contra Saleh na década anterior, tirou proveito da fraqueza do novo presidente e assumiu o controle da província de Saada, no nordeste do país.

Desiludidos com a transição, muitos iemenitas – incluindo os sunitas – apoiaram os hutis e, em setembro de 2014, eles entraram na capital, Sanaa, montando acampamentos nas ruas e bloqueando as vias.

Em janeiro de 2015, eles cercaram o palácio presidencial e colocaram o presidente Hadi e seu gabinete em prisão domiciliar. O presidente conseguiu fugir para a cidade de Áden no mês seguinte.

Fonte: G1

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