quarta-feira, abril 18, 2018

Agentes de controle de armas químicas da Opaq entram na cidade síria de Duma

Imagem mostra a cidade de Duma, em Guta Oriental, nesta terça-feira (17) (Foto: AFP)
Imagem mostra a cidade de Duma, em Guta Oriental, nesta terça-feira (17) (Foto: AFP)

Agentes da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) conseguiram entrar nesta terça-feira (17) em Duma, principal cidade de Guta Oriental, região a leste de Damasco. A missão busca constatar se houve um ataque químico na região em 7 de abril.

Os especialistas da organização estão desde domingo em missão na Síria, mas ainda não tinha tido acesso a Duma porque as forças sírias e russas alegavam "problemas de segurança".

O suposto ataque com armas químicas, atribuído ao governo de Bashar Al-Assad, deixou 40 mortos e dezenas feridos em Duma.

O regime de Assad e a Rússia, sua principal aliada, negaram qualquer envolvimento, acusando os rebeldes de fazerem uma "encenação", e reivindicaram eles mesmo que uma missão da Opaq investigasse as "alegações".

O Departamento de Estado dos EUA disse ter provas com "um nível muito alto de confiança" de que o governo sírio usou armas químicas, mas ainda trabalhava para identificar a mistura de produtos químicos usados na ação.

Em retaliação à suposta ação de Damasco contra Duma, EUA, França e Reino Unido lançaram 105 mísseis contra três alvos do programa de armamento químico na Síria na noite de sexta-feira (13) (horário de Brasília).

 EUA, Reino Unido e França bombardeiam alvos na Síria  (Foto: (Betta Jaworski/G1) )
EUA, Reino Unido e França bombardeiam alvos na Síria (Foto: (Betta Jaworski/G1) )

Criança é atendida em hospital em Duma, após suposto ataque químico na Síria (Foto: White Helmets/Reuters)
Criança é atendida em hospital em Duma, após suposto ataque químico na Síria (Foto: White Helmets/Reuters)

Em um contexto diplomático já sensível pelos ataques de sábado, os países ocidentais têm dúvidas quanto à possibilidade de se encontrar provas.

"Os russos podem ter visitado o local do ataque. Tememos que eles o tenham alterado na intenção de frustrar os esforços da missão da Opaq para fazer uma investigação eficaz", declarou o embaixador americano na Opaq, Ken Ward. "Isso ressalta sérias questões sobre a capacidade da missão de investigação de fazer seu trabalho", estimou.

Nestar terça, em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, a França também considerou "muito provável que provas e elementos essenciais tenham desaparecido".

Eliminação das armas químicas
A Opaq é a organização encarregada de controlar o cumprimento do tratado multilateral em que 191 países se comprometem a abrir mão de armas químicas.

A chamada Convenção de Armas Químicas (CAQ) foi assinada em 1993, em Paris, e está em vigor desde abril de 1997. Seus membros equivalem a 98% da população mundial.

Quatro países - Coreia do Norte, Angola, Egito e Sudão do Sul - não assinaram nem ratificaram a convenção, embora o último já tenha manifestado interesse em fazê-lo. Israel assinou em 1993, mas não ratificou (aprovou no parlamento).

Em 2013, após um ataque de gás sarin em Guta Oriental, que deixou centenas de mortos segundo os países ocidentais, o governo Assad acabou aderindo à Opaq, sob pressão internacional, e assumiu o compromisso formal de declarar todas as suas reservas e não usar mais armas químicas. Em 2014, a organização afirmou que a Síria havia se livrado de suas armas químicas.

Em 2017, porém, uma missão conjunta da ONU com a Opaq concluiu que Damasco usou gás sarin contra a cidade de Khan Sheikhun (noroeste). Pelo menos 80 pessoas morreram nesse episódio.

Para o embaixador francês em Haia, Philippe Lalliot, a Síria conservou um programa químico clandestino desde 2013. Para os franceses, a prioridade no momento é o desmantelamento total do programa químico sírio.

Fonte: G1

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