quinta-feira, agosto 31, 2017

Delegado que trocou prisão por churrasco com suspeito apresenta defesa: 'Não existem provas'

Delegado foi afastado do cargo (Foto: Arquivo Pessoal)A defesa do delegado da Polícia Civil Douglas Borguez, afastado por improbidade administrativa da Delegacia Sede de Itanhaém, no litoral de São Paulo, afirma que o cliente é alvo de uma "sanha acusatória". Ele está certo de que a decisão, cujo questionamento já foi apresentado na Justiça, será revogada.
Borguez foi afastado das atividades depois que uma investigação feita pelo Ministério Público identificou ao menos 23 atitudes incompatíveis com a função quando ele era titular da Delegacia Sede de Peruíbe, também no litoral paulista. Entre elas, está a de evitar prender um procurado da Justiça para participar de um churrasco com ele.
"Não existe, entre as provas, um único documento que ateste qualquer irregularidade ou ilegalidade praticada por nosso cliente no exercício de suas elevadas funções", afirmam os advogados Alexander Neves Lopes e Rutinaldos da Silva Basto, que o defendem no processo de improbidade administrativa.
Segundo a defesa do delegado, o afastamento dele "foi decidido a partir de ilações nascidas de uma indisfarçável sanha acusatória dirigida a um delegado de polícia que sempre gozou de grande apreço da comunidade de Peruíbe". Segundo ambos, Douglas também é reconhecido pela Polícia Civil.
No comunicado divulgado à imprensa, os advogados também afirmam que as informações divulgadas pela Promotoria "não têm respaldo nos elementos do processo". A defesa diz, ainda, que o delegado cumpriu a decisão, mas que tem recebido manifestações de apoio de colegas.

Delegacia Sede de Peruíbe, no litoral de São Paulo (Foto: Cássio Lyra/G1)
Delegacia Sede de Peruíbe, no litoral de São Paulo (Foto: Cássio Lyra/G1)

O caso
A investigação foi iniciada em agosto de 2016 e concluída em fevereiro deste ano. Escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça, permitiram que os promotores pudessem identificar e registrar as ações ilícitas na função de delegado de polícia. O celular do investigado foi apreendido na apuração.
Segundo o promotor Thiago Alcocer Marin, o delegado Douglas agilizava investigações para conhecidos e, também, deixava de apurar situações a pedido de pessoas que conviviam com ele. "Constatamos que ele deixava de dar andamento a alguns casos, justamente por solicitação de amigos", afirmou.
Segundo o MP, o delegado chegou a informar falsamente à Justiça que não conseguiu localizar um homem, sobre quem recaía uma ordem de prisão. "Em conversas com uma mulher conhecida desse homem que seria preso, eles combinam a participação em um churrasco, os três juntos. Ou seja, ele sabia onde estava".
Na declaração, ainda segundo informações da Promotoria, o delegado afirmou que não encontrou o procurado e que não sabia do paradeiro dele. "Ele chegou a afirmar que a equipe o procurou em diversos endereços. Sabemos, porém, que a pessoa nunca chegou a ser procurada", disse.
A partir de uma ação civil apresentada pelo Ministério Público, a Justiça acatou em decisão liminar (provisória) o afastamento de Borguez há duas semanas, aproximadamente. Por nota, a Corregedoria da Polícia Civil confirmou o afastamento e disse que acompanha o andamento do caso na Justiça.

Fonte: G1

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